Por Raíza Leão
A Universidade Estadual do Piauí (UESPI) segue fortalecendo a pesquisa científica e a inovação com o lançamento da segunda edição do programa UESPI-TECH, iniciativa que investe recursos próprios em projetos aplicados de impacto social, ambiental e econômico no estado. Entre os estudos contemplados está o projeto “Identificação, catalogação e utilização biotecnológica de espécies da coleção botânica da UESPI em São Raimundo Nonato, Piauí, Brasil”, coordenado pela professora Janilde de Melo Nascimento.
Com investimento de R$24.900,00, o projeto avança na catalogação de espécies vegetais da Caatinga e na investigação do potencial biotecnológico das gomas exsudadas por angiospermas da região da Serra da Capivara. O objetivo é desenvolver sistemas de liberação de substâncias larvicidas que auxiliem no controle do mosquito Aedes aegypti, contribuindo para estratégias mais sustentáveis de combate ao vetor.

UESPI avança em pesquisa sobre biodiversidade da Caatinga com projeto do UESPI-TECH II em São Raimundo Nonato // Imagem gerada por IA
A professora Janilde de Melo Nascimento destaca que a motivação para o estudo surgiu da carência de pesquisas sobre a Caatinga, especialmente na área da Serra da Capivara, um dos biomas mais singulares e, ao mesmo tempo, menos explorados cientificamente. “A necessidade de conhecer melhor a flora da Caatinga, que ainda possui poucos estudos, principalmente na região da Serra da Capivara, motivou a pesquisa. Até o momento, já realizamos diversas identificações e a catalogação das plantas coletadas”, explica a coordenadora.
As atividades envolvem coleta de plantas e exsudatos, extração de gomas e análises laboratoriais, com apoio financeiro para aquisição de equipamentos e insumos essenciais. O trabalho reúne uma equipe formada por três estudantes e quatro professores, que atuam desde as atividades de campo até a organização e análise das amostras.
Entre os alunos envolvidos está Emanuel de Sousa Silva, do curso de Ciências Biológicas, que destaca o impacto da experiência na compreensão sobre o bioma. Antes de ingressar no projeto, Emanuel ainda carregava percepções comuns que associam a Caatinga a uma vegetação pouco diversa. A vivência prática, porém, mudou completamente sua visão: “Ver na prática como uma vegetação que muitos acreditam ser simples é, na verdade, extremamente rica, com grande diversidade morfológica e estratégias de sobrevivência únicas, foi o que mais me atraiu”.
O estudante descreve um cotidiano de trabalho que exige rigor técnico e atenção: coleta em campo, prensagem, montagem de exsicatas e identificação das espécies, comparando exemplares com herbários virtuais e consultando literatura científica quando necessário. “Isso ajuda a desenvolver atenção aos detalhes e responsabilidade com o que está sendo identificado. Não é só olhar e dizer que é planta x. Aprendemos a buscar fontes confiáveis, o que é fundamental na vida acadêmica”.
A prática também reforça conteúdos teóricos vistos em sala de aula, tornando o aprendizado mais significativo. Além disso, por estar próximo ao Parque Nacional Serra da Capivara, o projeto permite contato com espécies exclusivas da região, algumas já desaparecidas de outras áreas. “Conhecer essa diversidade, e também entender o que já foi perdido, desperta consciência sobre a preservação da flora local”.
Ele ressalta que o funcionamento adequado das atividades só é possível graças ao apoio do programa UESPITECH II: “Tudo tem um custo. Sem financiamento, não teríamos equipamentos como a lupa utilizada na análise morfológica das flores. O apoio garante desde deslocamento até materiais e reagentes”.
Para a professora Janilde de Melo Nascimento, o UESPI-TECH II tem papel fundamental na consolidação da pesquisa em biotecnologia vegetal e biodiversidade dentro da instituição: “O programa fortalece a pesquisa, porque incentiva a participação da comunidade acadêmica nas áreas de ensino, pesquisa e extensão”.
Com os avanços nas etapas de identificação e análise das espécies, a expectativa é que o estudo amplie o conhecimento científico sobre a Caatinga e contribua para o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis, tanto para o controle de vetores quanto para a valorização da biodiversidade regional.

































