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Matéria especial: Dia da Consciência Negra – dia de luta pela igualdade e contra a discriminação racial

Por Vitor Gaspar

Instituído oficialmente pela Lei n° 12.519, de 10 de novembro de 2011, o Dia Nacional da Consciência Negra, celebrado na data de 20 de novembro, faz referência à morte de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, comunidade que existiu na região da Serra da Barriga, no atual estado de Alagoas, durante o período colonial, sendo o maior e mais conhecido quilombo do Brasil.

O quilombo foi fundado no início do século XVII e resistiu por quase 100 anos, até ser destruído pelas forças coloniais, em 1694. Durante esse período, Palmares se tornou um refúgio para escravizados fugitivos que buscavam a liberdade das plantações de cana-de-açúcar. A comunidade cresceu e chegou a abrigar milhares de pessoas.

Ao lembrar dessa comunidade quilombola e a figura de Zumbi, a celebração destaca a resistência e a busca pela liberdade, reforçando a importância de se trabalhar pela construção de uma sociedade mais justa e igualitária, livre de discriminação racial.

Pintura representa o ambiente no Quilombo dos Palmares/ Pintura: Antônio Parreiras

A formanda do curso de História da Uespi do campus de Oeiras, a historiadora Larissa Ramos, afirma que compreender a importância da luta do Quilombo dos Palmares como símbolo de resistência negra ajuda a reafirmar a história e identidade afro-brasileira. Segundo ela, conhecer, reconhecer e promover reflexão sobre a influência da cultura negra dos povos africanos na formação da cultura brasileira é crucial, pois os quilombos, formados por escravizados fugitivos, resistiram a diversas tentativas de destruição, revelando diferentes formas de resistência.

Larissa Ramos ainda afirma que Zumbi dos Palmares, líder abolicionista, representa um importante símbolo de resistência ligado à prática da cultura africana no Brasil Colonial e que, até os dias atuais, seu legado é inspiração na luta antiescravista e antirracista. Reconhecer as conquistas da população afro-brasileira vinculadas às políticas públicas é essencial, segundo a historiadora, para enfrentar as desigualdades históricas que são debatidas, em especial, no Dia da Consciência Negra.

“A escolha dessa data representa a resistência e, principalmente, o resgate cultural do que foi o Quilombo dos Palmares e da representatividade de seu líder. O 20 de novembro marca uma reflexão identitária acerca das discussões do papel dos negros na sociedade, além de uma homenagem que se torna marca histórica para o movimento brasileiro, pois retoma discussões sobre o que foi avançado e o que se pode avançar ainda mais para as populações negras”.

Larissa, durante banca de seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)

Ainda em busca de igualdade e contra o preconceito

A população negra no Brasil tem conquistado avanços no reconhecimento e garantia de direitos ao longo do tempo, embora desafios persistentes ainda existam. Diversas legislações e políticas foram implementadas para promover a igualdade racial e combater a discriminação, como as cotas nas universidades e no mercado de trabalho, lei de crimes raciais, políticas de ações afirmativas, o reconhecimento da cultura afro-brasileira, dentre outras.

Para o Prof. Dr. Alcir Nunes, docente da UESPI no curso de Direito, essas políticas demonstram que os governos, ao longo dos anos, entenderam a necessidade de políticas afirmativas para a inclusão do negro em todos os espaços, principalmente em posições de maior destaque como na política, em concursos públicos e nas universidades, o que abre espaço para a inclusão e aprendizados entre os membros da sociedade.

“A legislação aponta para medidas transitórias, como as políticas afirmativas, que vigorariam até que o país alcançasse uma maior homogeneidade e presença de negros em posições de destaque em várias áreas. Recentemente, houve uma revisão da política pelo Governo Federal. É importante acompanhar essas mudanças, já que tudo isso reflete fragilidades e distúrbios na nossa sociedade, que precisam ser corrigidos”, afirma o Diretor do campus de Corrente, Prof. Alcir.

O professor, durante participação em evento do Diretório Esperança Garcia.

No Piauí, houve um aumento de 55% no número de pessoas que se autodeclararam pretas ao longo de uma década de acordo com um estudo conduzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse aumento destaca uma mudança na autoidentificação racial ao longo desse período.

Maria Antônia Vieira, estudante de Ciências Sociais da UESPI, acredita que esse aumento está relacionado a atuação do movimento negro nas últimas décadas, que ajudou no fortalecimento da autoestima das pessoas de se reconhecerem como negros e de reafirmarem esse fato se sentindo mais confortáveis e orgulhosos.

“Levando em consideração que passamos por um período difícil de escravidão, onde as pessoas eram subjugadas e que isso influía diretamente nesse processo de autoestima e de estigma dessas pessoas negras, nos últimos anos há um incentivo muito maior entre a população negra com relação a esse conhecimento e reconhecimento. Isso incentiva cada vez mais os movimentos de seguirem atuando nesse processo de compreensão e de identificação da nossa sociedade”.

A estudante de Ciências Sociais atua em movimentos focados na juventude negra

Desde a fundação da UESPI, há 37 anos, existe um compromisso contínuo com políticas de inclusão, se destacando o sistema de cotas como uma dessas iniciativas. Durante cada processo seletivo para os cursos de graduação, no mínimo, metade das vagas é reservada para estudantes que concluíram integralmente o Ensino Médio em escolas da rede pública, desde que a renda per capita não ultrapasse 1,5 salários mínimos. Neste contingente, 45% são direcionados a indivíduos autodeclarados negros, pardos, pertencentes a comunidades quilombolas ou grupos indígenas.

Além disso, segundo o último censo da Educação Superior, divulgado pelo Ministério da Educação (MEC), a UESPI conta com 750 professores autodeclarados negros e pardos. Dentro desse contexto, a universidade, através de seus professores e alunos, desenvolve e apoia diversas ações que visam contribuir para a equidade racial e a conscientização sobre as questões relacionadas à comunidade negra por meio de projetos de extensão, pesquisa, como os trabalhos de conclusão de curso dos estudantes.  Alguns exemplos dessas ações incluem:

Reconhecimento da cultura afro-brasileira

Sobre o reconhecimento da cultura afro-brasileira pode-se citar a Umbanda, uma religião que tem forte ligação com a cultura africana, refletindo a influência das tradições religiosas do continente africano, especialmente aquelas trazidas pelos escravizados para o Brasil durante o período colonial.

A recém formada no curso de Jornalismo, Jhoária Carneiro, produziu um documentário premiado nacionalmente na Conferência Brasileira de Folkcomunicação, que teve como objetivo demonstrar o papel do pai de santo nas formas de comunicação, que estão enraizadas nessa tradição cultural e nas práticas cotidianas da Umbanda da Cabana de Vovó Maria Conga.

Ela conta que por ser jornalista e umbandista, expressou que sempre integrou ambas as áreas em sua vida e ao abordar a elaboração de seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), destacou a decisão de incorporar no contexto acadêmico. 

Ainda segundo a egressa, existe um processo de marginalização da Umbanda e dos povos de terreiro, que é resultado de um processo histórico de racismo, que remonta ao período de escravização dos africanos que chegaram ao Brasil. Por ser uma religião afro-brasileira, a Umbanda carrega consigo essa carga histórica, resultando em preconceito religioso e intolerância, especialmente para aqueles que a praticam.

“Como uma pessoa negra, jornalista e umbandista, decidi abordar essa temática em meu documentário. No projeto, busquei destacar como é ser integrante de umbanda e também ser parte da comunicação, sendo esse o tema principal do meu trabalho.  É uma evidência de que as comunidades consideradas “minorias”, entre aspas, na verdade, constituem a maioria das pessoas negras, marginalizadas, tidas como minorias. Acredito que estamos avançando na direção certa, reivindicando nosso espaço e fortalecendo nossa comunidade”, destacou a egressa.

Jhoária acredita que esse é um processo contínuo e tem confiança de que a comunidade negra vai continuar ganhando espaço e reafirmando sua presença na sociedade.

Projeto de Extensão: Ler o Brasil: Um olhar sobre a negritude

Em Corrente, o projeto “Ler o Brasil: Um Olhar sobre a Negritude”, coordenado no campus Dep. Jesualdo Cavalcante pela professora Maria Andreia Nunes em uma parceria com a professora Isabel Cristina Gomes e a pedagoga Kelly França, criaram uma sala de leitura que possibilita a formação de um grupo engajado na troca de ideias literárias, focado, especialmente, em autores brasileiros negros.

Após realizar um levantamento bibliográfico, as docentes observaram a escassez de escritores negros brasileiros conhecidos e a limitada familiaridade com suas obras. Esses escritores, em sua maioria, abordam questões relacionadas à negritude, ao racismo e à integração na democracia racial. Diante desse cenário, a proposta do projeto é concentrar as leituras nos trabalhos desses autores para ampliar o conhecimento nessas temáticas.

A dinâmica das reuniões assemelha-se a um grupo de apoio, proporcionando um espaço para discussões temáticas.

O projeto de extensão não se restringe apenas aos estudantes da UESPI, ele é um convite aberto a todos que desejam participar desse grupo de leitura com o objetivo de estimular a leitura na comunidade em geral, oferecendo um espaço para a discussão das obras, o compartilhamento de ideias e o aprendizado coletivo.

A professora Nunes afirma que a leitura compartilhada amplia a compreensão das obrase  proporciona discussões enriquecedoras e prazerosas, nas quais a diversidade de perspectivas destaca aspectos, muitas vezes, não percebidos individualmente e que participar do grupo transcende a experiência solitária da leitura, gerando diálogos ricos, ora divertidos, ora sentimentais, conforme os participantes exploram suas vivências pessoais em relação às obras discutidas. “Ao longo dos encontros, percebemos o quanto a leitura compartilhada ajudou a enriquecer as discussões. Neste momento, o grupo de leitura está imerso na compreensão do que significa ser negro e no impacto dessa identidade na vida das pessoas”.

Liga Acadêmica de Saúde da População Negra

No Centro de Ciências da Saúde (CCS), a Liga acadêmica nasceu com o intuito de ser um local de troca de conhecimento transdisciplinar sobre saúde da população negra. Além de ser um local pra fomentar o ensino, a pesquisa e a extensão, a LASPN atua como um espaço de acolhimento para seus ligantes, que são, em sua maioria, estudantes negros.

“Sendo uma liga transdisciplinar, nós abordamos o cuidado em saúde da população negra de forma completa, levando em conta varias áreas do conhecimento e saberes. Temos ligantes não só dos cursos da saúde mais de cursos como direito, história, ciências sociais, etc. E inclusive fazendo uma troca de saberes com a comunidade, que é o papel da extensão”, afirma a coordenadora geral Yasmin Assis, estudante de Psicologia da UESPI.

A Liga também promove atividades como palestras em escolas e  em outras instituições de ensino superior, rodas de conversa com a comunidade, com mulheres ativistas, com estudantes, mesas sobre saúde da população negra, produção de conteúdo informativo, formações com os ligantes sobre os principais aspectos relacionados a temática da liga e ainda exercem seu papel político de participar de manifestações e espaços que visam lutar por promoção de saúde da população negra.

Na última semana, os ligantes promoveram a Roda de Conversa “Ser Negro na Universidade: Vivências e Resistências”.

Projeto de Pesquisa estuda a influência de Clóvis Moura nos debates intelectuais sobre a negritude

Em Bom Jesus, o professor de História da UESPI, Bruno Vasconcelos, desenvolve um projeto de pesquisa intitulado: “Por uma epistemologia negra da produção historiográfica: os atravessamentos da produção de Clóvis Moura nos debates intelectuais negros nas décadas de 1950 a 1980”. A pesquisa foi desenvolvida com base na análise de mais de 1.400 correspondências trocadas por Clóvis Moura durante esse período, especialmente, na oposição que o autor piauiense tinha em relação a proposta de conciliação racial de Gilberto Freyre, buscando destacar o papel da resistência escrava no protagonismo das próprias existências negras.

Nascido em Amarante-PI, Clóvis Moura dá nome a um campus da UESPI, localizado no bairro Dirceu, em Teresina

O autor da pesquisa, Prof. Bruno Vasconcelos, explica que a teoria freiriana da conciliação e harmonia entre as três raças, principalmente na obra “Casa Grande & Senzala”, de 1933, se tornou um marco para o primeiro regime na Nova República, liderado por Vargas, na década de 1930, e era uma proposta de conciliação de um país em conflito naquela época, incluindo negros, brancos e indígenas, numa visão de harmonia na formação brasileira.

No entanto, Clovis Moura discordou dessa perspectiva e argumentou que a resistência escrava foi presente do início ao fim. Em 1959, Moura consolidou suas ideias no livro “Rebeliões da Senzala,” focando no estudo da resistência escrava no nordeste brasileiro, especialmente na Bahia.

Entre as correspondências e produções intelectuais, Clóvis Moura se destaca na formação de uma sólida rede de apoio e amizades com outros pensadores negros, como Manuel Zapata Olivella (Colômbia), Nicomedes Santa Cruz (Peru), Benjamin Pinto Bull (Guiné-Bissau/Senegal) e outros. Outra descoberta da pesquisa foi a criação de um núcleo pan-africanista dedicado à pesquisa da história e cultura negra. Este núcleo não se limitou ao contexto brasileiro, estendendo-se a outros países na América Latina e na África.

“A partir desse trabalho, ele passou a ser reconhecido como um intelectual dedicado às questões dos povos escravizados e à cultura negra. Em 1973, foi convidado para um colóquio em Dakar, no Senegal, sobre negritude e América Latina, organizado pelo presidente do Senegal à época, Leopold Sedar Senghor, um dos fundadores do termo negritude e, a partir desse evento, intensificou sua comunicação com autores negros”, afirma o pesquisador.

A pesquisa é fruto da tese de doutorado do docente

Núcleo de Estudos e Pesquisas Afro

O NEPA (Núcleo de Estudos e Pesquisas Afro) tem como principal objetivo promover e defender a pesquisa acadêmico-científica, priorizando pesquisadores e pesquisadoras negros e negras. Trata sobre temas de interesse do direto das populações negras no Piauí, além de abranger questões relevantes para a construção e ampliação do conhecimento humano. Além disso, visa contribuir para o desenvolvimento sócio-político e cultural da sociedade como um todo.

O professor Élio Ferreira, líder do NEPA se notabilizou por escritas de poemas que envolvam a cultura e literatura negra

O professor Silvino Filho que responde pelo grupo atualmente, comenta que o Brasil ingressa no século XXI com mais de 50% de sua população composta por pessoas negras, homens e mulheres. No entanto, esse grupo continua sendo o mais marginalizado em diversas instituições, espaços públicos e esferas políticas do país. O 20 de novembro se destaca como um momento crucial para denunciar a persistência do racismo e reforçar a necessidade de reconhecimento e luta pelos direitos dos negros.

O docente destaca o evento África Brasil que é organizado pelo Núcleo e realizado a cada dois anos, onde se destacam atividades que promovem discussões sobre as artes, culturas e a história negra nas Américas. Essas iniciativas, promovidas pelo NEPA, tornaram-se fundamentais na Universidade Estadual do Piauí e na região Nordeste, proporcionando encontros entre pessoas de diversas partes do Brasil e do exterior.

“O NEPA busca promover diálogos com universidades dos Estados Unidos e da América do Sul, se concentrando especialmente nas questões relacionadas aos negros nas Américas, considerando o histórico de escravidão do povo africano. As disciplinas de afrodescendência, literatura afro-brasileira e literatura africana na universidade reforçam a importância dessas pautas no cotidiano acadêmico”, afirma.

O professor Silvino Filho tem experiências na área de educação, com ênfase na literatura brasileira, atuando principalmente nos seguintes temas: afrodescendência, literatura afro-brasileira, africanidades e diáspora negra

O Núcleo atua no fortalecimento profissional de pesquisadores/as, na consolidação de campos temáticos de pesquisa e a institucionalização de grupos e instâncias relacionadas e se destaca por incorporar estudos sobre relações raciais e sobre as populações historicamente discriminadas, buscando assim contribuir ativamente para um ambiente acadêmico mais inclusivo e reflexivo.

Comunidade de Oeiras promove mesas de debates no dia da Consciência Negra

Por Clara Monte 

No Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, docentes do campus da UESPI, em Oeiras, irão realizar uma mesa de debates centrada em temas de valorização e reconhecimento do povo negro. Essa iniciativa representa o compromisso contínuo do campus em promover a divulgação construtiva, destacando a importância da diversidade e buscando fortalecer a compreensão sobre as questões que afetam a comunidade negra.

De acordo com o Diretor do campus, Prof. Harlon Lacerda, através deste evento, o campus reafirma seu papel ativo na promoção da igualdade, proporcionando um espaço vital para reflexões sobre a importância do pensamento e da comunidade negra no Brasil. “A comunidade negra é cotidianamente vilipendiada em todos os espaços da sociedade brasileira. Assim, pessoas negras, intelectuais e pesquisadores e pesquisadoras negras precisam usar seus espaços de fala para transformar a sociedade. O debate é sempre fundamental nesse sentido”.

Para o professor organizador, Leandro Nassoza, a cidade de Oeiras tem uma relação forte com a história e cultura afro-brasileira, sendo visível o quanto a cidade tem representantes afros nos seus espaços públicos, além de várias manifestações culturais e comunidades quilombolas que precisam de visibilidade. Para ele, este evento tem como principal objetivo ofertar visibilidade a temática na cidade, trazer discussões e iniciar um processo de reparação social.

“O impacto desse tipo de ação pode ser de curto, médio e longo prazo. Iniciando com uma transformação na autoestima dos estudantes negros, reforçando sua identidade e sua ancestralidade. Fazendo com que eles cada vez mais busquem espaços sociais e de poder, levando a representatividade afro nas várias esferas sociais. Além de buscar na sociedade de uma forma geral o debate sobre o tema “racismo”, o quanto ele é atual e necessário na formação docente, buscando equilíbrio e justiça social no ofício”.

Ainda de acordo com Prof. Leandro Nassoza, após o projeto de extensão “História e Cultura Afro-brasileira Oeirense”, em 2022, muitas questões relacionada a temática afro começaram a ser desenvolvidas, tanto na universidade como na sociedade de uma forma geral. Algumas delas, foram:  parceria com o Movimento Negro da cidade de Oeiras, produção de eventos temáticos, e  pesquisas acadêmicas que resultaram em Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).

“Espero que esse evento contribua para a continuidade do desenvolvimento da temática na cidade e na universidade, dando visibilidade as manifestações históricas e culturais dos grupos afro-brasileiros, resgatando identidades e protagonismos sociais”.

 

Campus de Oeiras e Teresina organizam eventos sobre o dia Consciência Negra

Por Giovana Andrade

Consciência Negra significa reconhecer e valorizar a luta dos negros, a cultura negra brasileira e suas contribuições para a constituição de nossa sociedade. No Brasil, há uma data para celebrá-la – 20 de novembro que, além de homenagear as culturas e lutas dos povos negros, reforça a importância da sociedade como um todo refletir e agir para combater o racismo estrutural no país.

Pensando nisso, a Direção do Campus de Oeiras da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) está organizando um evento a partir da afroperspectiva e do contracolonialismo. Testando formas alternativas ao enquadramento branco e eucentrado tradiconal. O evento tem como tema central o Racismos (in)submersos: estratégias da branquitude para mascarar condutas criminosas. Nesse contexto, com uma equipe de organização majoritariamente composta por pessoas negros, as temáticas e ações foram cuidadosamente delineadas com base nas experiências de pessoas que enfrentam a violência racista em suas vidas diárias, uma realidade que não é compartilhada pelas pessoas brancas

A primeira atividade desse evento engajador está programada para ocorrer em 11 de setembro, tratando-se de uma roda de conversa com o tema: “Narrativas de Afroconfluências: acolhimento e compartilhamento de histórias de (r)existências”, às 17h, no auditório do campus. Além disso, haverá uma palestra em defesa da Amazônia.

O professor Harlon Lacerda, diretor do campus e um dos organizadores, explica que o evento, na afroperspectiva está em construção e confluência. “Temos algumas participações confirmadas, como a Ministra Anielle Franco e o Ministro Wellington Dias, mas ainda sem data ou formato definido. Mais convites estão sendo feitos, mas, reiteramos, este é um evento de afroconfluências que vai sendo construído de maneira não-branca, de forma orgânica”.

Ainda de acordo com ele é de extrema importância que se chame atenção para essa mentalidade de branquitude, que se sente à vontade para cometer violência racista sem enfrentar uma aplicação exemplar e rigorosa da lei. “Nossa busca é pela efetivação das leis, pelo aprimoramento das punições, tanto na sociedade civil quanto dentro das instituições. É essencial que os racistas enfrentem as consequências das violências que cometeram e ainda cometem contra pessoas negras. Este evento é um passo em direção a essa mudança e reforça o nosso compromisso com uma sociedade mais justa e igualitária para todos”.

O evento é direcionado para toda a Comunidade Acadêmica e comunidade externa e faz parte de um esforço para coibir atos de racismo buscando discutir formas efetivas de resistir à violência da branquitude. O evento é gratuito e aberto e não há necessidade de inscrição. As ações dos eventos de Consciência Negra serão todas presenciais, no Campus Professor Possidônio Queiroz.

Confira a programação atualizada do III Seminário de Antropologia na Prática e o I Encontro de Núcleos de Pesquisa

No âmbito das celebrações do mês estadual da Consciência Negra, a Universidade Estadual do Piauí (UESPI) promoverá o III Seminário de Antropologia na Prática e o I Encontro de Núcleos de Pesquisa. Esses eventos ocorrerão no auditório do Palácio Pirajá, situado no campus Poeta Torquato Neto, em Teresina, entre os dias 13 e 15 de setembro.

O período de inscrições já está aberto e se estenderá até o dia 08 de setembro.

Neste ano, as reuniões têm como propósito a congregação de pensadores que se dedicam a temas como relações étnico-raciais, ações afirmativas, gênero e segurança pública, bem como identidades emergentes no século XXI. Esses encontros buscam fornecer perspectivas para políticas públicas e produção acadêmica voltadas para as populações indígenas, quilombolas, pretas e pardas. O foco está no acesso à educação e aos territórios rurais e urbanos desses grupos, ao mesmo tempo em que se explora a intersecção entre questões de segurança pública, gênero e raça/etnia.

Os organizadores detalham no site do evento que o III Seminário de Antropologia na Prática ocorrerá após as transformações causadas pela pandemia de Coronavírus, que afetou as formas de interpretação do mundo, as metodologias de pesquisa e todos os níveis de ensino. De acordo com o coordenador geral, Prof. Bispo Miranda, as atividades contarão com a participação de especialistas tanto do Piauí quanto de outros estados. Um dos diversos temas abordados no seminário será as práticas no contexto da população indígena. Sobre esse assunto, o docente destaca:

“Teremos uma mesa bastante substanciosa com a comunidade indígena, que trará nossos caciques e cacicas do estado para abordar os temas mais urgentes dessa comunidade no nosso debate durante o terceiro Seminário. Sejam todos bem-vindos! Não deixem de se inscrever”, declarou o Professor de Ciências Sociais da UESPI.

Confira aqui toda a programação

Confira a programação atualizada do III Seminário de Antropologia na Prática e o I Encontro de Núcleos de Pesquisa

Por Vitor Gaspar

Em comemoração ao mês estadual da consciência negra, a Universidade Estadual do Piauí (UESPI) recebe o III Seminário de Antropologia na Prática e o I Encontro de Núcleos de Pesquisa. Os eventos serão realizados no auditório do Palácio Pirajá, localizado no campus Poeta Torquato Neto em Teresina entre os dias 13 e 15 de setembro.

O prazo para a INSCRIÇÃO já está disponível e segue até 08 de setembro.

Este ano, os encontros tem o objetivo de reunir pensadores das temáticas das relações étnico-raciais, ações afirmativas, gênero e segurança pública e identidades emergentes no século XXI com a perspectiva de apontar cenários para as políticas públicas e a produção acadêmica para as populações indígenas, quilombolas, pretos e pardos, no tocante ao acesso à educação e seus territórios rurais e urbanos, ao mesmo tempo, pensar a questão da segurança pública e do gênero numa implicação com raça/etnia.

Os organizadores descrevem no site do evento que o III Seminário de Antropologia da Prática acontece após a pandemia do Coronavírus, a qual resultou em transformações nas formas de interpretação do mundo, nas técnicas de pesquisas e em todos os níveis de ensino. De acordo com o coordenador geral, Prof. Bispo Miranda, as atividades irão contar com especialistas do Piauí, como também de outros estados. Para citar um exemplo, dentre os vários temas que serão trabalhados, um deles vai focar nas práticas no processo da população indígena, e sobre isso o docente afirma:

“Teremos uma mesa bastante substanciosa com a comunidade indígena, que trará nossos caciques e cacicas do estado para abordar os temas mais urgentes dessa comunidade no nosso debate durante o terceiro Seminário. Sejam todos bem-vindos! Não deixem de se inscrever”, declarou o Professor de Ciências Sociais da UESPI.

PROGRAMAÇÃO ATUALIZADA:

1º dia – 13 de setembro

Credenciamento: local e horário

MESA DE ABERTURA: O CONSERVADORISMO SOCIAL E SEUS IMPACTOS NAS POLÍTICAS DE AÇÕES AFIRMATIVAS
Local: Auditório do Pirajá
Horário: 16h
Conferencistas:
Profa. Dra. Vera Rodrigues (UNILAB).

2º dia – 14 de setembro

MESA 01POLÍTICAS DE AÇÕES AFIRMATIVAS, EDUCAÇÃO E DESIGUALDADE RACIAL NO BRASIL
Coordenação: Profa. Dra. Ana Maria Bezerra do Nascimento (CS/UESPI)
Debatedores:
• Prof. Dr. Rodrigo Ednilson de Jesus (UFMG);
• Profa. Dra. Maria Nilza (UEL);
• Profa. Dra. Iraneide Soares da Silva (Presidente da ABPN; PPGSC/UESPI);
• Profa. Dra. Vera Rodrigues (UNILAB).
Local: Auditório do Pirajá
Horário: 9h às 11h

MESA 02 – INDÍGENAS, QUILOMBOLAS E A QUESTÃO DAS IDENTIDADES EMERGENTES
Coordenação: Prof. Me. Marcelo Reges (CS/UESPI)
Debatedores:
• Prof. Dr. Roberto Jonh (UFPI/SUIRPO/SASC);
• Henrique Manoel do Nascimento (Cacique Tabajara/Tapuia);
• Profa. Dra. Tatiana Gonçalves (SEDUC, PPGSC/UESPI);
• Delzenir Pereira dos Santos (Cacica Guegue do Sangue);
• Cacique Antonio james Rodrigues dos Santos – Akroá Gamela
• Cacica Maria da Conceição de Sousa – Akroá Gamela.
Local: Auditório do Pirajá
Horário: 11h às 13h

MESA 03 – QUILOMBOLAS, EDUCAÇÃO, EMPODERAMENTO ECONÔMICO E A QUESTÃO DAS IDENTIDADES EMERGENTES
Coordenação: Prof. Mestrando Diego Mateus dos Santos (PPGSC/UESPI)
Debatedores:
• Marcos Vinícius Ferreira – Produtor Cultural Quilombo Salinas (SUIRPO/SASC);
• Dra. Patrícia Macedo Ferreira (INCRA-BSB);
• Arnaldo de Lima (Mestre de cultura, membro da CONAQ e do Quilombo Custaneira-Tronco);
• Dante Gomes Galvão (Professor da rede estadual e membro do Núcleo de Educação Escolar); Indígena e Quilombola (NEEIQ/SEDUC);
• Rosymaura da Silva Duarte (Socióloga, Diretora de povos e comunidades tradicionais do INTERPI).
Local: Auditório do Pirajá
Horário: 14h às 15h30

15h30 às 18h30: GT’s
18h30 às 20h: Atividades culturais

3º dia – 15 de setembro

MESA 04RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS, DE GÊNERO E SEGURANÇA PÚBLICA
Coordenação: Prof. Dr. José da Cruz Bispo de Miranda (PPGSC/UESPI)
Debatedores:
• Profa. Ma. Tamires Sampaio (MJSP);
• Profa Dra. Delegada Eugênia Villa (SSP/UESPI);
• Mestre Delegado João Marcelo Brasileiro (PPGS/SSP);
• Profa.Dra. Maria Dalva Macedo Ferreira (Observatorio de Segurança Pública/NUPEC e PPGPP/UFPI);
• Prof Dr Marcondes Brito (Observatório de Segurança Pública – IFPI/Campus Picos).
Local: Auditório do Pirajá
Horário: 9h às 11h

MESA 05 – EXPERIÊNCIAS/PRÁTICAS NO PROCESSO DE ACESSO DAS POPULAÇÕES PRETAS, PARDAS, INDÍGENAS, QUILOMBOLAS E PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS E OUTROS GRUPOS VULNERÁVEIS NO ENSINO SUPERIOR E NA PÓS-GRADUAÇÃO
Coordenação: Prof. Dr. Robson Carlos da Silva (CCE; PPGSC/UESPI)
Debatedores:
• Prof. Dr. Rodrigo Ednilson de Jesus (UFMG);
• Prof. Dr. José da Cruz Bispo de Miranda (UESPI);
• Prof. Dra. Maria Nilza (UEL);
• Profa. Dra. Vera Rodrigues (UNILAB).
Local: Auditório do Pirajá
Horário: 11h às 13h

MESA 06 – ENSINO DE SOCIOLOGIA E A LEI 10.639/2003
Coordenação: Prof. Dr. Alvino Rodrigues Carvalho (CS/UESPI)
Debatedores:
• Prof. Me. Raimundo Silva (SEDUC/Gerência de Diversidade e Inclusão);
• Socióloga Maria Assunção Sousa Aguiar (Superintendente da Promoção da Igualdade Racial e Povos Originários/SASC);
• Prof. Fábio Henrique Oliveira Matos (Bacharel e licenciado em Ciências Sociais – UFPI, Diretor de Política Municipal do SINTE Piauí);
• Profa. Ma. Rebeca Hennemann Vergara de Souza (Profa. da Universidade Estadual do Piauí)
• Prof. Dr. Raimundo Nonato Ferreira do Nascimento (PPGANT/UFPI).
Local: Auditório do Pirajá
Horário: 14h às 15h30

15h30 às 18h30: GT’s
18h30 às 20h: Atividades culturais e encerramento

O seminário vai contar com palestras ministradas por professores da UESPI e de outras instituições de ensino. Além disso, permite a inscrição de grupos de trabalho que desejem apresentar suas pesquisas e contribuições relacionadas aos temas em discussão.

A Comissão Organizadora divulga a relação dos Grupos de Trabalho aprovados para o evento:

GT-01: Diálogos Interdisciplinares sobre Ecologias, Meio Ambiente, Etnobotânicas, Etnozoologias e Comidas (Proponentes do GT: Prof. Dr. Alcebiades Costa Filho e Prof. Me. Marcelo Reges Pereira);

• GT-02: Antropologia, diversidade e educação: perspectivas transdisciplinares e os desafios na implementação de uma educação para as relações étnico-raciais (Proponentes do GT: Prof. Dr. Raimundo Nonato Ferreira do Nascimento e Me. Antonio Anderson);

• GT-03: Juventude: pele alvo e os crimes de homicídios no Piauí (Proponentes do GT: Dra. Lila Xavier Luz e Ma. Marcela Castro Barbosa);

• GT-04: Interseccionalidades e violência (Proponente do GT: Me. João Marcelo Brasileiro de Aguiar);

• GT-05: Negritudes e (re)existências: um debate sobre as relações sociais de gênero, racismo, violência e segurança pública e suas intersecções (Proponentes do GT: Ma. Leudiane Oliveira Lima e mestrando Diego Mateus dos Santos);

• GT-06: Povos originários: Histórias, processos e práticas de (re)existências. A (des)territorialidades (Proponentes: Dra. Ana Maria Bezerra do Nascimento e Me. Gisvaldo Oliveira da Silva);

• GT-07: Negros, quilombolas e Estado: políticas de identidades, territórios, educação e direitos (Proponente do GT: Prof. Dr. José da Cruz Bispo de Miranda).

NORMAS PARA A APRESENTAÇÃO DE TRABALHOS

Consciência Negra: importância da ancestralidade dos povos africanos no Brasil

Por Anny Santos 

Sendo comemorado na data da morte de Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares e símbolo da luta e resistência dos negros escravizados, o Dia da Consciência Negra (20 de novembro) simboliza a reflexão sobre a importância da ancestralidade dos povos africanos no Brasil. A Universidade Estadual do Piauí (UESPI) apoia a educação que valoriza todas as pessoas sem qualquer tipo de distinção.

A pesquisa científica, além de um dos pilares da universidade pública, é uma importante aliada no desenvolvimento pessoal e profissional dos discentes. Dentre as realizadas na instituição, o projeto de pesquisa “As Manifestações Culturais das Comunidades Quilombolas Custaneira/Tronco: Um Estudo Folkcomunicacional” é uma iniciativa da professora Jaqueline Torres, do curso de Jornalismo, no campus de Picos, que surge a partir da necessidade de observação e compreensão da visibilidade e valorização cultural da infância quilombola.

Com o objetivo de estudar os processos folkcomunicacionais que ocorrem no interior de comunidades quilombolas Custaneira/Tronco,  na cidade de Paquetá do Piauí, a iniciativa surgiu a partir da pesquisa de doutorado da docente, que abordava o processo de socialização das crianças quilombolas. Para a Professora, no âmbito do jornalismo, estudos como esse são importantes para criar, nos futuros jornalistas, a ciência da alteridade.

“Essas pesquisas contribuem para o conhecimento e a propagação sobre os processos folkcomunicacionais presentes nas comunidades quilombolas, além de aumentar a visibilidade dessas comunidades junto à sociedade de um modo geral. Esses discentes, enquanto futuros profissionais da comunicação precisam se colocar no lugar do outro, conhecê-lo, ouvi-lo para poder escrever. E entendemos que a comunidade é o ambiente propício para aprender tais habilidades”, destaca.

Inicialmente, o PIBIC 2021/2022 passou a ser um projeto de extensão 2022/2023 por se tratar de um trabalho etnográfico, que exige a experiência de se inserir em campo englobando a retratação de diários de campo, registros fotográficos e entrevistas, além da grande demanda de inscrições dos alunos.

Lara Lopes, aluna do 3° período do curso Jornalismo, em Picos, ressalta que as comunidades Custaneira/Tronco já acolhiam a equipe de pesquisa desenvolvida por Janaína Alvarenga e Luciano Figueiredo, também professores do campus , abrindo meios para um desmembramento possibilitando o surgimento dos microprojetos.

Lara Lopes, aluna do 3° período do curso Jornalismo em Picos

Lara Lopes, aluna do 3° período do curso Jornalismo em Picos

“Dentre esses microprojetos é iniciada a pesquisa etnográfica com as crianças quilombolas das comunidades Custaneira/Tronco, onde durante a realização do evento anual “Encontro de casas de Terreiros de Comunidades Quilombolas” é realizada uma oficina de leitura e apresentada a obra O Pequeno Príncipe Preto”.

A obra consiste em uma releitura que pauta a representatividade das raízes africanas no povo negro do Brasil, que por conta de uma estrutura discriminatória inviabiliza o acesso da população a obras de conteúdos de valorização e representatividade negra. A abordagem literária consistiu na apresentação da história juntamente a teatralização dela por meio de “dedoches” customizados artesanalmente com material reciclado coletado no próprio campus pelos alunos envolvidos.

A oficina contou com a colaboração de 10 alunos do segundo período do curso de Jornalismo, sendo elaborada com uma linguagem simples e interativa visando prender a atenção das crianças.

“A importância dessas abordagens acadêmicas para cultura de valorização das comunidades quilombolas é a própria aproximação social e humanitária, a troca de experiências e respeito, que por sua vez desmistificam preconceitos e promovem maior compreensão da estrutura comportamental e cultural dos costumes que hoje massivamente se entendem como brasileiro, sem se dar conta da grande parcela de contribuição da cultura negra como amplamente formadora também de saberes de diversas áreas”, finaliza a aluna.

Consciência Negra: estudante do curso de Direito fala sobre o sistema de cotas

Por Clara Monte

Durante o mês da Consciência Negra, são promovidas ações de combate ao racismo e reconhecimento da luta pela igualdade social. Na Universidade Estadual do Piauí (UESPI) as políticas de inclusão são trabalhadas desde a sua fundação. O sistema de cotas é uma dessas políticas.

A UESPI reserva, em cada seleção para ingresso nos cursos de graduação, no mínimo 50% das vagas para estudantes que tenham cursado integralmente o Ensino Médio em escolas da rede pública de ensino, com renda per capita de até 1,5 (um e meio) salários mínimos. Destas reservas, 45% serão destinadas a pessoas negras, pardas, quilombolas e indígenas.

A Assessoria de Comunicação da UESPI realizou uma entrevista com a aluna Kamily Vitória Barbora, de 19 anos, que cursa atualmente o terceiro período do curso de Direito, do campus Clóvis Moura da Universidade Estadual (UESPI). Ela é uma das ingressantes na universidade pelo sistema de cotas para estudantes negros que estudaram em escolas públicas.

Estudante Kamilly Vitória

Ascom: Para você, qual a importância do Sistema de Cotas na sua vida?

Kamilly Vitória: Para mim, essa medida é muito importante e necessária, já que historicamente existe uma defasagem de oportunidades entre estudantes de escolas públicas versus estudantes de escolas particulares, que se agrava mais ainda quando esses estudantes são negros.

Ascom: A UESPI possui 74% dos seus professores autodeclarados pretos ou pardos. Como você se sente com essa representação?

Kamilly Vitória: Tenho um professor negro, inclusive o mesmo é coordenador do curso direito no Campus Clóvis Moura. Pra mim, é uma grande representatividade.

Ascom: O dia 20 de novembro é comemorado o Dia da Consciência Negra. O que a data representa para a luta antirracista?

Kamilly Vitória: Eu considero como uma data necessária que traz um pouco para a sociedade a importância de se conscientizar sobre as questões raciais, principalmente em relação ao antirracismo. Ainda existe muita desinformação causada pelo racismo estrutural que permeia a sociedade brasileira como um todo, então acredito que datas como essa trazem oportunidades a pessoas pretas a falarem sobre o racismo e como ele pode e deve ser combatido.

Ascom: Você acredita que existe o racismo velado na sociedade?

Kamilly Vitória: Sim, principalmente aqui no Brasil por conta do mito da ”democracia racial”, como se todos os grupos raciais do país vivessem em perfeita harmonia, o que não é o caso, e faz com que as pessoas acreditem que esse racismo não existe e por consequência, que ele seja praticado de uma forma mais velada.

Ascom: Qual a importância da Universidade promover discussões sobre esse tema?

Kamilly Vitória: É extremamente importante que universidades públicas promovam discussões sobre o racismo, principalmente em um país composto na sua maioria por pessoas negras. A universidade deve ser um espaço de inclusão que promova a conscientização sobre as questões envolvendo todas as minorias da sociedade.

Ascom: Você como estudante de direito, acredita que possa ajudar na luta contra a discriminação ainda presente na sociedade?

Kamilly Vitória: Sim, ainda que o judiciário também seja permeado por muita desigualdade racial, acredito que posso auxiliar no combate ao racismo promovendo discussões em torno desse tema que possam chegar a conselhos como a OAB, juízes, promotores e demais profissionais do direito.

Ascom: Você gostaria de deixar alguma mensagem final?

Kamilly Vitória: Fico feliz que tenha sido convidada a dar essa entrevista, pois é um sinal que a universidade está aberta a dar espaço para pessoas negras contarem sobre suas vivências, especialmente enquanto estudantes universitários.

 

 

 

Dia da Consciência Negra: Uespi tem maior representatividade de professores entre pretos

Por Giovana Andrade e João Fernandes

No mês da Consciência Negra, a Universidade Estadual do Piauí (UESPI) vem reforçar um dos pontos centrais da sua missão institucional, que é a contribuição para o desenvolvimento social do Brasil. Vencer o racismo e todas as formas de exclusão é uma bandeira que a UESPI defende. Seja por meio de políticas inclusivas, programas de bolsas ou ações de extensão, a UESPI busca a integração de todos e todas em seus campi.

Segundo o último censo da Educação Superior, divulgado pelo Ministério da Educação (MEC), a UESPI conta com 750 professores autodeclarados negros e pardos.

O Reitor da UESPI, Prof. Doutor Evandro Alberto, chama a atenção para o acolhimento e a reflexão no mês de novembro, mês da consciência negra. Ele afirma que essa reflexão deve ser diária para que o racismo deixe de fazer parte de qualquer ambiente e comunidade.

Audio do Reitor da UESPI

 

Para o coordenador de Ciências contábeis, Prof. Domingos Sávio, sua própria trajetória demonstra que é possível o negro, a negra conquistar o seu espaço. Segundo ele, o Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, é uma forma de  chamamento  para não estar indiferente com o que acontece no entorno da própria realidade.

“Muitas vezes, pessoas negras não conseguem atingir seus objetivos  por pensar que esse espaço não lhe cabe, que era inatingível se não fosse a lei de cotas raciais. Nós podemos conquistar o que desejamos e queremos.  Já fui cabo do exército brasileiro, tendo ido para reserva apto a 3°  Sargento, já fui Encarregado do Crédito, cadastro e cobrança na Fundição Brasil S.A, em São Paulo, chegando no Piauí, fui Diretor e Contador da INSOPISA, indústria de Soro do Piauí S.A, na época, um dos acionista era o Governador do Piauí. Eu também fui Diretor do Colégio Dinâmico, Professor da  Faculdade CEUT durante 18 anos, Professor da Faculdade FAP durante 13 anos. Nestas faculdades onde ministrei aulas sempre fui bem avaliado e recebi alguns reconhecimentos. Hoje, sou Professor efetivo e Coordenado do Curso  de Ciências Contábeis da UESPI. Durante toda essa minha trajetória, eu, em momento algum, não percebi nem um ato de racismo”.

 

Domingos Sávio, coordenador de ciências contábeis.

Para o professor, a luta é diária e a resistência do povo negro não pode ser deixada de lado. Ele também destaca a educação como meio para o combater qualquer discriminação ou preconceito. A resistência também é destaque nas palavras do professor Alcir Rocha, coordenador do curso de Direito e diretor do campus de Corrente.
Para ele a data reforça o empenho que negros ainda têm que fazer para ocupar espaços. Além disso, para o professor a representatividade negra na UESPI demostra o empenho da comunidade em ocupar espaços relevantes em nossa instituição.

“Ser melhor em sua atuação. Escrever melhor. Dirigir melhor. Falar melhor. Ser melhor nos conduzira para uma perspectiva de que podemos como comunidade, ir mais longe, e servir de referência para que os outros da nossa cor, enxerguem a possibilidade dos que por muito tempo foram marginalizados, se tornarem protagonistas da sociedade. Viver para negro já é um ato de resistência. Ser melhor, em qualquer coisa, é superar os paradigmas”, declarou o professor.

Alcir Rocha, Diretor do campus de Corrente.

Curso de História promove VII Encontro da Consciência Negra de Floriano

Por João Fernandes

O mês de novembro é lembrado como mês da Consciência Negra, diante disso, o Curso de História da Universidade Estadual do Piauí (UESPI), campus Dr. Josefina Demes em Floriano promove na próxima terça feira (22/11) o 7° Encontro da Consciência Negra. O evento acontece em função do Dia Nacional da Consciência Negra, criado em 9 de janeiro de 2003, através da lei 10.639 e comemorado no dia 20 de novembro.

O 7° Encontro da consciência Negra contará com a apresentação de projetos de leitura sobre o Livro Torto Arado, de Itamar Vieira Jr, além do lançamento do Livro A Escola do Estabelecimento Rural de São Pedro de Alcântara, escrito pelo jornalista e pedagogo, Jalinson Rodrigues de Sousa. 

Segundo Robson Pereira, professor do curso de História e um dos organizadores do evento, a ideia é apresentar para a comunidade acadêmica os resultados de pesquisas relacionadas a comunidade negra, além dos resultados de projetos leituras feitas por alunos e docentes.  “Neste ano vamos trazer novas perspectivas históricas sobre a comunidade negra, trazendo ralações entre os livros literários e artigos científicos vistos em sala, além disso, faremos provocações de leituras sobre estes temas”, destacou o professor.

O evento é gratuito acontece presencialmente no auditório do campus, a partir das 19h. A ação engloba uma série de atividades promovidas pela Secretaria de Cultura de Floriano em parceria com instituições de ensino da cidade.