Por Jésila Fontinele
A Universidade Estadual do Piauí (UESPI), revela por meio de suas unidades em diferentes municípios, a diversidade cultural e as histórias únicas de cada região. Essa diversidade são retratadas em trabalhos e projetos, na qual a pluralidade de vivências e a busca por transformação são observadas em cada pesquisa.
A cultura de Carnaúba em Campo Maior:
A cidade de Campo Maior viu nascer um projeto que reflete sobre a cultura da carnaúba, abordando a história, a tradição e as representações do sertão piauiense. O TCC da aluna Karlyane Lima não apenas compartilha as tradições culturais do município, como também homenageia seus pais por meio da temática escolhida, já que a carnaúba sempre foi a principal fonte de renda da família.
Karlyane Lima, desde o início da graduação, buscava uma forma de homenagear seus pais, que sempre se dedicaram à sua formação. Assim, ela escolheu pesquisar sobre a cultura da carnaúba, já que essa é a principal fonte de renda da família, como uma maneira de homenageá-los, além de contribuir na divulgação sobre a importância cultural e econômica dessa atividade para a região de Campo Maior.

As carnaúbas em Campo Maior se estendem por uma vasta área que, além de sua beleza e da presença marcante na paisagem, elas representam trabalho, fonte de renda e histórias de um município apelidado de “Terra dos Carnaubais”, presentes em enredos de tradição e na representação do sertão piauiense, como destaca o trabalho de conclusão de curso de Karlyane Lima.
“Desde criança sempre vivencie a importância da carnaúba para minha família, conhecia o processo de extração do pó de carnaúba, porém, nunca tinha ido além desse ponto, com o inicio da minha pesquisa pude conhecer outras atividades ligadas a esta palmeira, o grupo de artesão”. Karlyane ressaltou o quanto o grupo lhe marcou, ao conhecer a história, cultura de carnaúba além das mulheres na qual a estudante descreveu como um símbolo de alegria e resistência.
“Por fim, e não menos importante, agradeço a mim mesma, pelos dias em que pensei em desistir, mas escolhi continuar. Por cada vez que levantei a cabeça, mesmo com lágrimas nos olhos, e segui em frente. Hoje, posso dizer com orgulho: eu consegui.” Descreveu Karlyane em sua monografia orientada pelo Professor Ernani Brandão, com o sentimento compartilhado por diversos alunos da instituição.
Movimenta Kids: Brincando, Comendo e Crescendo Bem:
Já a quase 300 quilômetro de distância, em Picos, um projeto de extensão originado do TCC da estudante Vauênia Maria, do curso de Enfermagem, foi além dos muros da instituição e contribui com uma ação de impacto na vida da comunidade local. A iniciativa envolve a prática de atividade física e destaca o papel do enfermeiro na prevenção de distúrbios metabólicos em crianças de 11 a 14 anos.
Vauênia Maria, do campus Barros de Araújo, em Picos, ressaltou que escolheu falar sobre os distúrbios por sempre acreditar no impacto positivo da prevenção e a percepção em relação aos hábitos adquiridos e desenvolvidos durante a adolescência, na qual tem impacto direto na vida adulta. “A fase da adolescência é uma fase de transição, uma fase muito crítica, metabolicamente falando, por se tratar de várias alterações, daquela mudança corporal da adolescência para a vida adulta”, explicou.

A professora Roseane, que foi responsável por orientar a aluna de Enfermagem, ressaltou que, a partir da coleta de dados do TCC de Vauênia, nasceu o projeto de extensão “Movimenta Kids: Brincando, Comendo e Crescendo Bem”, como uma iniciativa de compartilhar conhecimento científico relacionado a hábitos saudáveis, bem como incentivar a prática de atividades físicas e o autocuidado de forma precoce, entre crianças de 11 a 14 anos. “A Universidade tem como tripé de formação acadêmica o ensino, a pesquisa e a extensão, além da responsabilidade social. Iniciativas como essa capacitam os discentes e contribuem com a sociedade na promoção e prevenção da saúde”, descreveu.
Em suas palavras, Vauênia Maria descreve que sempre acreditou no poder da prevenção e na importância de promover mudanças antes que as doenças crônicas se instalem, pois, uma vez estabelecidas, são tratáveis, mas não têm cura. Além disso, a estudante uniu o desejo de transformar essa realidade na fase da adolescência com sua afinidade pelo esporte. “O esporte e a educação sempre me inspiraram a trabalhar com estratégias que engajem os adolescentes de forma prática e motivadora, prevenindo o desenvolvimento dessas doenças.” A estudante buscou unir suas áreas de interesse a fim de trabalhar com o que realmente gosta, tornando o processo mais leve e significativo.“Desde o início eu sabia que seria necessário dedicar muito tempo ao desenvolvimento do meu TCC, então procurei áreas que realmente me interessam e que não seriam um fardo trabalhar. Escolhi três esferas em que acredito profundamente, saúde preventiva, educação e esporte.”
Ao observar a temática como essencial, a aluna pontuou a importância de transformá-la em uma ação prática, o que resultou na criação de um projeto de extensão, unindo saúde e educação como caminhos para alcançar resultados concretos. “Esse trabalho não poderia acabar ficando só na biblioteca da minha universidade, eu realmente quis dar esse retorno para a comunidade, que é o que a gente busca dentro de uma universidade.” Dessa maneira, surgiu o projeto que segundo a estudante, é essencial. Para ela, é importante que o sistema de saúde esteja preparado para tratar essas doenças, mas a prevenção é fundamental para que elas nem cheguem a acontecer.

O projeto de extensão “Movimenta Kids: brincando, comendo e crescendo bem” tem como coordenadora a professora Roseane Luz, que também atua como orientadora. O projeto é desenvolvido em quatro localidades: Oeiras, Picos, Itainópolis e Jacobina, e conta com a colaboração das alunas Marcela Leal, Larissa Alencar, Vitória Batista, Maria Vitória, Graziela Araújo , Anny Gisele do curso de enfermagem, além do aluno de jornalismo Kawhê Fontes responsável pela captação de imagens.
O Trabalho de Conclusão de Curso, além de marcar o encerramento de um ciclo e o início de uma nova trajetória, também pode ser uma forma de representação e um instrumento de transformação social. Para as alunas Karlyane Lima e Vauênia Maria, foi exatamente assim, elas não se conhecem, mas têm algo em comum, são estudantes da Universidade Estadual do Piauí e utilizaram suas pesquisas como meio de promover mudanças. Em Campo Maior, Karlyane escolheu homenagear sua terra natal ao resgatar e valorizar a cultura da carnaúba, em Picos, Vauênia transformou experiências pessoais em ciência ao desenvolver um projeto com foco na prevenção de doenças em adolescentes.