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UESPI sedia debate com OAB sobre Jornalismo, Segurança Pública e Direitos Humanos

Por: Lucas Ruthênio

A Universidade Estadual do Piauí (UESPI), através do curso de Jornalismo do campus Poeta Torquato Neto, sediou um seminário de grande relevância que reuniu acadêmicos, especialistas em segurança pública e representantes da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Piauí (OAB-PI), no dia 26 de maio, no Auditório do NEAD.

O evento, intitulado “Jornalismo, Segurança Pública e Direitos Humanos”, teve como objetivo central promover uma reflexão crítica e interdisciplinar sobre a ética jornalística na cobertura de temas sensíveis e complexos ligados à segurança pública e aos direitos humanos.

Prof. Otoniel Bisneto durante mesa redonda no evento

O evento foi dividido em duas mesas de debate abordando diferentes perspectivas sobre a temática. A Mesa 1, realizada das 14h às 16h, discutiu o tema “Quantas curtidas vale o show? Operações policiais entre o interesse público e a espetacularização da notícia”, com mediação da Profª Samária Andrade (UESPI). Já a Mesa 2, das 16h30 às 18h30, teve como pauta “Deslizes éticos na cobertura de crimes – O caso dos ‘cajus envenenados'”, mediada pelo Prof. Daniel Solon (UESPI).

O encontro buscou fomentar uma análise profunda sobre o papel da imprensa no tratamento de assuntos como criminalidade, encarceramento e atuação das forças de segurança, destacando a imperativa necessidade de que essas temáticas sejam abordadas com responsabilidade, sensibilidade e rigor técnico pelos profissionais da comunicação.

Para o professor Daniel Solon, docente do curso de Jornalismo e um dos idealizadores do evento, a universidade desempenha um papel crucial ao oferecer espaços de discussão que transcendem os limites da academia. “A UESPI está cumprindo o papel dela, que é levar para além do muro da Universidade uma discussão sobre como deve ser o jornalismo correto. Como refletir, criticar e analisar as ações midiáticas que estão acontecendo hoje na Secretaria de Segurança Pública, que acabam por atropelar direitos humanos”, afirmou.

Prof. Otoniel Bisneto abordou as transformações do jornalismo contemporâneo diante das novas tecnologias, ressaltando o risco de que o jornalista se torne um mero reprodutor de informações impostas por forças institucionais ou pelo consumo digital. “A tecnologia nos emburrece, nos torna reprodutores do que as pessoas querem. Estamos perdendo o poder de agenda setting e gatekeeping”, pontuou, fazendo referência a teóricos como Mauro Wolf e Slavoj Žižek.

Primeira mesa redonda com ot tema Quantas curtidas vale o show?

A contribuição da OAB-PI foi evidenciada pela participação da advogada Jéssica Lima Rocha, Presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-PI. Ela enfatizou a abordagem pedagógica do evento como um ponto alto da parceria interinstitucional. “Acolhemos toda a perspectiva pedagógica que envolve a discussão dos direitos humanos a partir da segurança pública e da ética no jornalismo. Foram dias de reflexão sobre temas que precisam ser transversalizados para que possamos chegar a propostas mais justas e diversas”, destacou.

Darcio Rufino, Defensor Público do Estado do Piauí e um dos debatedores, reforçou a extrema relevância do debate na atualidade. “Eu vejo com extrema relevância. Aliás, eu acho que a gente vive na distopia contemporânea. Um teste gigantesco de ética. Então, nada melhor de discutir com essas carreiras, especialmente as carreiras ligadas ao sistema de justiça, segurança pública a partir de uma perspectiva de como noticiar as coisas que dizem respeito à segurança pública”, ponderou. Ele também frisou a necessidade de discutir ética no jornalismo diante da proliferação de notícias falsas e da desinformação.

Ravena Mendes, da Comissão de Apoio à Vítima de Violência, levantou uma questão crucial sobre a exposição midiática de pessoas presas, antes mesmo do devido processo legal. “Nós vamos ter justamente essa exposição midiática das pessoas que são presas. Nós vamos ter ali uma exposição desses corpos, dessas imagens pessoais das pessoas presas, de suas famílias, inclusive hoje até de menores que também são expostos ali diante da mídia e de como isso vai refletir na vida dessas pessoas”, alertou. Ela enfatizou que essa exposição precoce passa uma falsa percepção de justiça à sociedade, uma vez que muitas vezes o processo criminal sequer foi concluído.

Segunda mesa redonda com o tema Deslizes éticos na cobertura de crimes – O caso dos cajus envenenados

Durante o debate, a importância do devido processo legal e das garantias individuais asseguradas pela Constituição foi um ponto central. O professor Daniel Solon criticou a forma como a cobertura midiática frequentemente antecipa julgamentos e contribui para a estigmatização. “A Constituição diz: é preciso investigar para depois denunciar, produzir provas, permitir a defesa, para só então condenar. Mas o jornalismo muitas vezes atropela isso. É um fetiche pela violência. Não pela complexidade do ato violento, mas pelas curtidas”, criticou.

O Prof. Otoniel Bisneto, especialista em segurança pública, trouxe uma análise baseada em dados e aprofundou a discussão sobre o jornalismo. “A tecnologia emburrece, e hoje eu vejo que nós estamos ficando burros nos dizeres de Zizek, porque nós somos vigírios, reprodutores do que as pessoas querem. Nós estamos perdendo o poder do agenda setting e do gatekeeping“, destacou, citando Mauro Wolf. Ele também levantou questionamentos sobre o orçamento destinado à segurança pública no Piauí, a partir de sua vasta experiência na área.

O Prof. Fenelon Rocha (UFPI) abordou a complexa situação ética no jornalismo brasileiro, ressaltando a cultura de dar voz ao poder e a influência disso na relação com as fontes. “A gente tem uma realidade que a ética é reflexo do seu momento e do seu contexto. Quando a gente olha o contexto brasileiro, é um país que tem uma cultura do mandanismo, do poder, de dar voz ao poder”, analisou, referenciando “Raízes do Brasil” de Sérgio Buarque de Holanda.

Fala do Prof. Fenelon Rocha, durante a segunda mesa redonda

A discussão também se aprofundou na crise do jornalismo e na “uberização” das redações. Fenelon Rocha citou uma pesquisa de conclusão de curso que revelou que muitas redações em Teresina são mantidas por estagiários, sem a presença de jornalistas profissionais experientes. “Há redações mantidas por estudantes, muitas vezes sem noção do que é apuração, verificação, ou mesmo da conduta ética básica. Isso tem consequências graves na forma como a informação é construída e difundida”, alertou o professor.

Ao final das discussões, os participantes reafirmaram o compromisso de continuar promovendo espaços de debate e formação crítica na universidade. A parceria entre o curso de Jornalismo da UESPI e a OAB-PI foi destacada como um modelo de colaboração frutífera entre instituições que visam fortalecer os pilares democráticos, incluindo a liberdade de imprensa, os direitos humanos e o acesso à informação de qualidade.

Presidente da OAB-PI visita o NUPIDH da UESPI para fortalecer parceria entre instituições

Por Roger Cunha

O Núcleo Permanente Interdisciplinar em Direitos Humanos (NUPIDH) da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) recebeu a visita do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Piauí (OAB-PI), Dr. Raimundo Júnior, nesta terça-feira (25/03). O encontro contou com a presença do Reitor da UESPI, Prof. Dr. Evandro Alberto, do Diretor da Assessoria Jurídica da Universidade, Prof. Dr. Eduardo Diniz, e da Coordenadora do NUPIDH, Prof.ª Esther Castelo Branco.

OAB-PI e UESPI Fortalecem Parceria em Defesa dos Direitos Humanos com Visita ao NUPIDH

A visita teve como objetivo conhecer as instalações do núcleo após a recente reforma, compreender os trabalhos desenvolvidos pelo NUPIDH em benefício da comunidade acadêmica e externa e fortalecer a parceria entre a UESPI e a OAB-PI, instituição que tem sido uma grande aliada no fortalecimento do curso de Direito. Durante o evento, o Reitor da UESPI destacou a importância da aproximação da universidade com a OAB-PI e enalteceu a visita do presidente da instituição. “O Presidente da Ordem dos Advogados, Doutor Raimundo Júnior, está visitando nossa Universidade a convite da professora Esther Castelo Branco para conhecer aqui a sede do Núcleo Interdisciplinar de Direitos Humanos, o NUPIDH, que passou por uma grande reforma. Aqui é para acontecer várias ações que envolvem também a Ordem dos Advogados. Então, doutor Raimundo Júnior, é um prazer muito grande recebê-lo. Essa primeira visita à Universidade após a sua eleição, por isso, nós aproveitamos para desejar também êxito na sua missão, na condução dessa grande instituição que é a Ordem dos Advogados do Brasil”, afirmou o Prof. Dr. Evandro Alberto.

OAB-PI e UESPI Fortalecem Parceria em Defesa dos Direitos Humanos com Visita ao NUPIDH

O presidente da OAB-PI, Dr. Raimundo Júnior, ressaltou o compromisso da entidade com a promoção dos direitos humanos e a aproximação com a UESPI para ampliar os serviços à população. “Quero agradecer a recepção do nosso magnífico reitor da Universidade Estadual do Piauí, uma universidade que tem dispensado comentários pela capacidade de interiorizar, de levar o ensino a todos os locais aqui do estado do Piauí. Reafirmar, ao lado do professor Eduardo, da professora Esther, da professora Cris, a participação da Ordem num projeto tão importante, que é a proximidade da Universidade Estadual do Piauí, ao lado da Ordem e de outros órgãos do Estado e da sociedade, que é tão importante para a comunidade. Teremos diversos serviços aqui com a participação da Ordem, Instituto de Identificação e tantos outros, uma Câmara de Mediação e Arbitragem e, além disso tudo, espaços para que os advogados possam contribuir através das comissões, inclusive do atendimento à população em geral, aqui dentro do campus da UESPI”, declarou.

O Diretor da Assessoria Jurídica da UESPI, Prof. Dr. Eduardo Diniz, também enfatizou a importância da parceria entre as instituições para o desenvolvimento do ensino e dos direitos humanos. “Foi uma parceria importante da Universidade Estadual do Piauí com a Ordem dos Advogados do Brasil, seccional do Piauí, para o desenvolvimento dos direitos humanos, atendimento à sociedade e, com certeza, aliando o ensino, a extensão e a pesquisa. Acho que isso é muito importante, vai trazer bons frutos para os nossos alunos e para todos os que moram aqui em torno da universidade”, disse.

Fachada do Núcleo Permanente Interdisciplinar em Direitos Humanos (NUPIDH) da Universidade Estadual do Piauí (UESPI)

Para a Coordenadora do NUPIDH, Prof.ª Esther Castelo Branco, o encontro reforça o papel do núcleo na promoção dos direitos humanos e o apoio fundamental da administração superior da UESPI e das entidades parceiras. “Quero agradecer a presença do magnífico reitor, do presidente Raimundo Júnior, nosso dileto professor Eduardo Diniz, a presença deles todos aqui já diz do tamanho do compromisso de cada um, da importância que ganha o NUPIDH dentro desta universidade, que hoje é um canteiro de obras, tudo no sentido de se alavancar melhor o ensino, a pesquisa, a extensão e, sobretudo, a paixão maior que eu tenho: fazer dos direitos humanos uma concretização e efetivação de prestação de serviço. A OAB entra aqui com uma grande prestação de serviço, o Instituto Félix Pacheco entra com grande prestação de serviço e a reitoria e toda a administração superior, na pessoa do magnífico, dando apoio a toda a nossa iniciativa e nossos projetos. A nossa fala é de gratidão”, destacou.

A visita reafirma o compromisso da UESPI com a qualificação de seus espaços e o desenvolvimento de iniciativas que promovam a cidadania e o acesso à justiça, fortalecendo o papel da universidade na formação jurídica e na construção de uma sociedade mais justa e igualitária.