Por Géssica Feitosa
O Professor Doutor Giordano Márcio Gatinho Bonuzzi, do curso de Educação Física da Universidade Estadual do Piauí, campus Professor Barros Araújo, recebe proposta de pós-doutorado para pesquisar no Canadá.
O docente irá trabalhar em um projeto de pesquisa que envolve a prescrição de exercício aeróbio como estratégia de neuromodulação para melhorar a reabilitação de pessoas que sofreram AVC (Acidente Vascular Cerebral), além de investigar a relação da capacidade cardiorrespiratória destes pacientes com o prognóstico da reabilitação.
“Trabalhei no Doutorado a questão do exercício aeróbio para esta população. Este tipo de exercício induz um ambiente neural propício à neuroplasticidade, que possibilita melhores desfechos à reabilitação destas pessoas e nesta pesquisa que irei colaborar, no Canadá, o objetivo é verificar a capacidade aeróbia destas pessoas, que chamamos de consumo máximo de oxigênio, nos primeiros meses após o AVC, que chamamos de fase sub-aguda, e verificar qual a influência disto sobre o prognóstico destas pessoas. Além disso, lá também pretendo desenvolver projetos de pesquisa na área de neuroreabilitação e exercício físico, como já venho fazendo”, destaca o professor.
O pós-doutorado é para iniciar no meio ano, entre maio e junho, na Memorial University, em St John’s, Newfoundland, Canadá, sob a supervisão da Prof.ª Drª Michelle Ploughman, Professora Sênior, com classificação de Canadá Research Chair (Tier II) na área de reabilitação, neuroplasticidade e recuperação motora. Os investimentos para sua ida são todos vindos do exterior, e ele terá subsídio canadense para a estadia durante 3 anos.
“O AVC é a 7° maior causa de morte e a principal causa de incapacidade adquirida no mundo. Estes dados de mortalidade tendem a diminuir e cada vez mais os dados de incapacidade adquirida tendem a aumentar, dado o avanço das técnicas médicas de atendimento imediato, o que aumentam muito a taxa de sobrevida”, explica ele.
O professor Giordano informa que o AVC era a doença que mais causava mortes no mundo antes da pandemia e ele chama a atenção que existe uma expetativa do aumento de casos da doença em todo o mundo.
“É esperado também para os próximos anos que o número de AVC’s no mundo aumente. Isso porque a expectativa de vida das pessoas está aumentando e o AVC tem prevalência maior em populações idosas. Antes da pandemia, o AVC era uma das principais causas de morte no país e a taxa de sobrevivência também vinha aumentando graças à melhorias em nosso sistema de atendimento. Desconheço se já temos dados no Brasil e no Piauí sobre a atual epidemiologia do AVC, mas creio que o COVID-19 tenha, infelizmente, contribuído para o aumento do número de casos. De toda forma, a estruturação de estratégias de reabilitação para essas pessoas é um desafio que todos os profissionais da saúde ao redor do mundo estão engajados à aperfeiçoar”, enfatiza Giordano.
O professor revela que sempre trabalhou com pessoas que tiveram AVC, investigando como essas pessoas readquirem seus movimentos após o evento.
“Durante o doutorado começou-se a aparecer na literatura científica os efeitos do exercício aeróbio sobre o Sistema Nervoso Central. Então, a partir disto, tive a ideia de investigar este tipo de exercício como estratégia neuromoduladora para favorecer a aprendizagem motora de pessoas pós-AVC. Acho que nós, profissionais de Educação Física, podemos contribuir e muito para a área de neuroreabilitação, todavia, exercemos bem pouco essa função”, relata o profissional.
O professor da UESPI acredita que sua experiência de um pós-doutorado fora do País serve para incentivar outros docentes da Universidade. Outra questão que ele considera relevante é que o nome da UESPI e as pesquisas feitas por sua comunidade podem ser compartilhadas com mais instituições educacionais e, desta forma, podem ganhar incentivos financeiros para novas investigações visando o bem estar e a saúde das pessoas em todo o mundo.
“Ir para o exterior, especialmente com suporte financeiro estrangeiro, é uma realização pessoal. Estou indo para um cento de pesquisa muito produtivo, sob supervisão de uma pesquisadora sênior muito competente. Creio que poderei me desenvolver e aprender muito. Pessoalmente me alegro mais ainda. Em relação à UESPI, é mais uma forte inserção de internacionalização da nossa instituição. Ter um professor nosso (especialmente do interior), tendo essa oportunidade, acho que é algo que toda a comunidade acadêmica tende a ganhar. Certamente, poderemos colher os frutos disso mais para frente também, com parcerias e intercâmbio de alunos e professores, por exemplo”, conclui Giordano.