Por João Fernandes
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o autismo afeta uma em cada 100 crianças em todo o mundo. Os dados foram divulgados na última terça -feira (2), Dia mundial da Conscientização do Autismo, como uma forma de difundir informações sobre essa condição de neurodesenvolvimento humano e reduzir o preconceito que ainda cercam pessoas afetadas pelo Transtorno de Espectro Autista (TEA).
Com base nisso, a Universidade Estadual do Piauí (UESPI) tem desenvolvido projetos acadêmicos como uma forma de debater a temática do autismo e montar formas mais justas e igualitárias na educação especial e na organização social. Nesse sentido, conversamos com especialistas para nos ajudar a entender melhor a importância do ensino com um papel efetivo de inclusão e formação de profissionais.
Transtorno de Espectro Autista (TEA)
O TEA é caracterizado por dificuldades na comunicação e interação social, podendo envolver outras questões como comportamentos repetitivos, interesses restritos, problemas em lidar com estímulos sensoriais excessivos (som alto, cheiro forte, multidões), dificuldade de aprendizagem e adoção de rotinas muito específicas.
De acordo com a professora do curso de psicologia e especialista em educação inclusiva, profa. Nadja Pinheiro, o autismo hoje é compreendido como espectro de manifestação fenotípica bastante heterogênea, ou seja, existem várias manifestações diferentes do autismo.
“O Espectro é classificado em três níveis, 1, 2 e 3, que representam respectivamente os níveis de intensidade de apoio que vai desde um apoio menos significativo até um apoio muito significativo. A avaliação deve ser feita de forma Biopsicossocial e por equipe multiprofissional, que deve incluir além dos especialistas técnicos (médico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, psicólogo, etc) a escola, família e a própria pessoa com autismo”, destaca.
Ainda de acordo com a Docente, o autismo é um transtorno que tem impacto muito grande, porque afeta principalmente a cognição social, os pilares da linguagem. “Além dessa característica, as pessoas com TEA também podem apresentar alterações de processamento sensorial (hipersensibilidade ou hipossensibilidade sensorial), pensamentos rígidos, comportamento ansioso (dificuldade em antecipar informações), movimentos repetitivos e estereotipados que, dentro de um quadro geral, podem comprometer a qualidade de vida da pessoa dentro de seu contexto”, ressalta a professora.
O papel da Educação
No Brasil, existe uma Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista conhecida como Lei Berenice Piana, criada em 2012 e que garante aos autistas o diagnóstico precoce, tratamento, terapias e medicamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS), além do acesso à educação, proteção social e trabalho.
Segundo a profa. Nadja Pinheiro, a principal barreira na inclusão educacional é atitudinal. “A própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996) e o Estatuto da Criança e do Adolescente (1990) já trazem orientações para o acesso de todas as crianças à educação, independente de ser ou não público alvo da Educação Especial”.
Inclusão: UESPI tem projeto aprovado no Parfor Equidade
A professora Nadja Pinheiro também coordena um dos projetos da UESPI que foi aprovado no Programa Nacional de Fomento à Equidade na Formação de Professores da Educação Básica e é chamado de “Parfor Equidade”.
O programa tem como objetivo formar professores e pedagogos para o atendimento das redes públicas ou comunitárias que ofereçam educação escolar indígena, quilombola, do campo, educação especial inclusiva e educação bilíngue de surdos.
O projeto de Educação Inclusiva foi um dos aprovados. A capacitação terá início imediato. A professora explica que o projeto da UESPI foi feito por uma equipe de especialistas que trabalhou um PPC totalmente atualizado e voltado para as demandas do Público Alvo da Educação Especial em múltiplos contextos. “Ele foi elaborado para atender o público de municípios do interior por acreditarmos que o papel da UESPI é o de vencer barreiras, construir oportunidades e fomentar ações reais de inclusão social e educacional”, pontua.
Além dessa iniciativa, a UESPI tem fomentado outros programas como uma forma de incentivar uma educação mais inclusiva e didática. Na segunda matéria especial sobre a temática do Transtorno do Espectro Autista, vamos falar do projeto de extensão Educação Especial Inclusiva Desafios para Educação Básica e Superior. Vamos conhecer como esse projeto tem contribuído com a formação de profissionais da Educação Básica e de docentes da UESPI na área da Educação Especial Inclusiva, e assim contribuindo com novos conhecimentos.