Por Vitor Manoel
Lara Kelly Ribeiro da Silva, egressa do curso de Licenciatura Plena em Química na Universidade Estadual do Piauí (UESPI), vai participar do “Lindau Nobel Laureate Meetings”, conferência científica anual realizada em Lindau, Baviera, na Alemanha, encontro que reúne jovens cientistas para promover o intercâmbio científico entre diferentes gerações, culturas e disciplinas.
Ela se formou em 2016 e fez o Mestrado em Química Inorgânica pela Universidade Federal do Piauí (UFPI) em 2019. Atualmente é aluna de doutorado na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), fazendo parte do grupo de Cerâmica do Laboratório Interdisciplinar de Eletroquímica e Cerâmica (LIEC), vinculado ao Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF) com cotutela pela Universidad de Jaume I na Espanha.
Durante o seu período enquanto estudante da UESPI, ela destaca histórias, curiosidades, os professores nos quais teve o maior contato, agradecendo sempre todo o processo educacional adquirido e afirmando a Universidade Estadual do Piauí como o seu berço e a base do seu conhecimento atingido até hoje. A Assessoria de Comunicação da UESPI realizou uma entrevista com a egressa para conhecer um pouco da sua trajetória. Confira abaixo:
Ascom: Como e quando você ingressou na UESPI?
Eu ingressei justamente no último ano de prova específica da UESPI em 2012, fiz a prova no ano anterior e fui aprovada para o curso de Licenciatura Plena em Química.
Ascom: O curso de Química sempre foi algo que almejou desde o Ensino Médio?
Sim. O meu interesse por Química começou por volta da 8º série, que atualmente corresponde ao 9° ano. Eu lembro de ver aquele efeito do arco-íris, das gotículas de água ficarem de colorações diferentes., lembro de ver as gotículas de água refletirem e eu achava aquilo muito incrível e queria saber o porquê que acontecia aquilo, sabendo que tinha algo muito mais atomístico por trás, então o meu interesse persistiu no Ensino Médio, também tive bons professores na minha escola que tinha um laboratório pequeno que tive acesso na época, então tudo isso foi aguçando o meu interesse pela Química e a vontade de cursar no Ensino Superior.
Ascom: Como foi a recepção inicial na UESPI e os primeiros contatos com o curso?
A minha recepção inicial foi bem positiva. Tenho muitas lembranças boas, posso inclusive falar que a UESPI foi minha casa, pois foram quatro anos em que passei e consegui deixar a minha marca na Universidade e ela também deixou a marca em mim. Lembro que no início tive uma aula inicial com os professores já falando sobre oportunidades, isso já me abriu muito pra visualizar que ali não era brincadeira, não era mais o Ensino Médio. E então eu fui conhecendo mais pessoas na época do quarto período, que já haviam vivenciado bastante coisa e me falavam de todas as oportunidades, quem eram os melhores professores e eu como uma pessoa visionária, fui atrás desses professores que sempre foram muito solícitos quanto aos alunos que estavam chegando e para explicar mesmo esse novo mundo, então eu me sinto muito agradecida por ter sido na UESPI esse meu primeiro com o meu mundo profissional.
Ascom: Quais professores você gostaria de destacar durante o curso?
Eu gostaria de destacar os meus antigos orientadores Geraldo Eduardo da Luz Júnior e Láecio Santos Calvacante. Esses dois foram a minha base na pesquisa, primeiro que o Geraldo me abriu as portas para o laboratório, tendo o meu primeiro contato com a pesquisa, além do professor Laécio que meu deu a primeira percepção das pesquisas em São Paulo me possibilitando pensar em fazer um doutorado fora. Posso destacar ainda mais outros professores que me ajudaram como a professora Maria das Graças Ciríaco, Benilde Moraes que sempre acreditaram no meu potencial e na minha carreira, e o professor Nouga Batista que é da minha cidade natal de Monsenhor Gil e químico, sendo uma referência no município e na minha área de atuação.
Ascom: Como foi o seu primeiro contato com a pesquisa e o desenvolvimento de projetos? Fez PIBIC, PIBIT ou PIBEU?
Iniciei no PIBIC em 2012, já no meu primeiro semestre em uma oportunidade oferecida pelo professor Geraldo, eu lembro que ele estava a procura de um aluno que estivesse com vontade de ingressar na pesquisa e eu mesmo sem saber como que seria o processo para entrar nesses editais, mesmo sem saber se era preciso ter experiência eu fui atrás do professor e me coloquei a disposição, o meu primeiro projeto foi na área de catálise e depois passei a trabalhar com materiais semicondutores que trabalho até hoje. No total foram quatro anos de PIBIC, entrei nesse mundo sem saber de absolutamente nada, então eu falo que a UESPI foi minha mãe de pesquisa, tudo o que sei, o meu porte de pesquisadora, o meu amor por esse segmento veio da UESPI com todos os profissionais muito qualificados.
Ascom: Em qual ou quais as áreas de pesquisa você já gostou de atuar?
A Química é dividida em quatro grandes áreas: Analítica, Psicoquímica, Inorgânica e Orgânica. Eu atuo principalmente na área de Inorgânica que é a minha especialização até hoje e um pouco também em Psicoquímica. Essas duas são as que eu tenho mais facilidade de atuação, claro me aventuro também nas outras áreas, porém as que eu mais gosto são realmente essas.
Ascom: Após a conclusão do curso, você seguiu para o mestrado? Onde foi?
Primeiramente eu terminei o curso em agosto de 2016 e já entrei em um concurso para professor seletivo do estado onde atuei até o fim do ano e em seguida, segui para a minha atuação no mestrado na Universidade Federal do Piauí (UPFI), pois tive a chance de seguir atuando com o professor Geraldo conseguindo atuar dentro da UESPI, o que foi algo planejado e bem pensado por mim previamente.
Ascom: Como surgiu a oportunidade de fazer o doutorado?
Eu faço meu doutorado hoje na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) com cotutela pela Universidad de Jaume I na Espanha. Eu conheci esse laboratório onde trabalho hoje por intermédio do professor Laécio Santos que também fez seu doutorado e pós neste laboratório, ele conhecia exatamente todos os professores e tudo mais, contando para nós do grande centro tecnológico que era. Em um belo dia, ele levou o chefe desse centro lá no Geratec na UESPI para nos conhecer e batermos um papo, tendo assim o meu primeiro contato com o professor que hoje é o chefe do nosso centro de departamento. Naquela época eu era apenas aluna de Iniciação Científica, não sabia muito ainda o que fazer, então ouvi vários conselhos do Professor Elson Longo e aquilo ficou no meu coração, aquela vontade de futuramente fazer uma pós graduação com ele, que é uma pessoa com uma visão muito linda da ciência, muito visionária. Depois que terminei o meu mestrado, eu enviei um e-mail para esse senhor, mas infelizmente todas as bolsas já estavam preenchidas, porém ele me encaminhou para a professora Ieda Viana, minha atual orientadora de doutorado.
Ascom: Como surgiu a oportunidade de estudar fora do país?
Na Universidade Federal de São Carlos comecei a atuar no CDMF (Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais) e na UFSCar como também, bem como outras universidades, existe um acordo jurídico entre partes aonde garante que o seu aluno possa estudar em outro país. Eu comecei a pesquisar as universidades, os centros de pesquisa fora do Brasil e descobri que o meu tem forte colaboração com a Universidad de Jaume I na Espanha, lá nós temos o professor Ruan Andrez que me recebeu muito bem, além de todo o departamento de química.
Ascom: Destaca como é esse projeto entre os melhores cientistas do mundo em que você foi indicada.
Existem algumas iniciativas de alguns governos fora do Brasil que visam enaltecer os pesquisadores mostrando que eles têm reconhecimento e uma delas é o Encontro de Lindau, um evento que acontece anualmente abarcando diferentes áreas reunindo pesquisadores, alunos e pessoas que estão interessadas naquele assunto. Terão pesquisas sobre economia, tem obra de física, química e etc, colocando você diante de grandes pensadores. No ano passado, nós recebemos um edital por parte universidade no qual falava sobre esse Lindau e suas perspectivas, destacando que seriam selecionadas no mundo 600 pessoas seguindo alguns critérios de seleções como a juventude, ou seja, um encontro voltado para os jovens pesquisadores. Eu entrei, pois ninguém da Universidade sabia como se inscrevia, então eu como sempre visionária, desde o início desde da Iniciação Científica me colocando à disposição das pessoas pra trabalhar fui lá e perguntei como que participa desse evento. Assim, me explicaram como funcionava os vários processos seletivos, e assim entrei junto com meu colega de laboratório. Fui aprovada muito porque eu trabalhei em diversas etapas com diversas parcerias, com várias pessoas, inclusive do Piauí, pois hoje eu faço pesquisa com a galera do Piauí que são meus colaboradores assim, professor Geraldo, professor Laécio e os alunos dele hoje são também meus colaboradores tornando meu currículo ainda mais interdisciplinar.
Ascom: Gostaria que destacasse ao final, a importância que a Universidade Estadual do Piauí tem para a sua vida e como ela contribuiu para onde você chegou até hoje.
Eu sou muito grata a Universidade Estadual do Piauí, porque foi o meu berço e o local que me mostrou que as oportunidades aparecem, dá a oportunidade de lhe transformar em um grande pesquisador, um bom professor, já que eu também sou docente, eu aprendi a educar na UESPI. Eu digo que só consegui tudo isso que conquistei até hoje graças a Universidade Estadual do Piauí que foi um divisor de águas na minha vida.