Por Giovana Andrade e João Fernandes
Oficializado pela Organização das Nações Unidas (ONU) no dia 8 de março de 1975, o Dia Internacional da Mulher é comemorado desde o início do século 20. Data importante para lembrar das lutas das mulheres por igualdade de direitos em todos os setores da sociedade. Para celebrar este dia a Assessoria de Comunicação da UESPI organizou uma série de reportagens especiais na campanha “Nossas mulheres, nossa UESPI”. Nesta, confira a trajetória de egressas de sucesso, que tiveram sua vida transformada através da educação.
Durante muito tempo, as mulheres foram consideradas inferiores aos homens e tratadas como propriedade deles, tendo poucos ou nenhum direito. Ainda assim, mulheres corajosas e visionárias lideraram movimentos que transformaram a sociedade e abriram caminhos para as gerações seguintes. No Brasil, a evolução dos direitos das mulheres na Educação é uma história de luta e resistência, que remonta ao período colonial, quando as mulheres foram excluídas do sistema educacional formal e tiveram que buscar alternativas para garantir sua formação e instrução.
Durante o século XIX, as mulheres começaram a ter acesso à Educação básica, ainda que restrito às classes privilegiadas e com um currículo limitado e voltado para a formação moral e religiosa. Foi somente no final do século XIX que surgiram as primeiras escolas públicas mistas e a educação formal começou a se expandir para as camadas mais pobres da população. Na década de 1930, com a criação do Ministério da Educação e Saúde, foram implementadas políticas públicas para a expansão da educação básica e a formação de professores. No entanto, a Educação ainda era segregada por gênero e as mulheres continuavam a enfrentar barreiras para o acesso ao ensino superior e a cargos de liderança no âmbito educacional.
A partir dos anos 1960, com o surgimento dos movimentos feministas de segunda onda, a luta por igualdade de direitos e por uma educação igualitária se intensificou. As mulheres passaram a reivindicar o acesso à Educação superior e à formação em áreas antes consideradas masculinas, como a Ciência e a Tecnologia. Com a redemocratização do país, a luta pelos direitos das mulheres ganhou mais visibilidade e as políticas públicas começaram a contemplar a equidade de gênero na educação.
Atualmente, a presença feminina na educação brasileira é significativa, tanto como estudantes, quanto como profissionais. De acordo com o Censo da Educação Superior, 2018, realizado e divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), as mulheres são maioria na educação superior brasileira. O sexo feminino predomina em relação ao número de estudantes matriculados em instituições públicas e privadas e nas modalidades presencial e a distância. Foram 8.450.755 mulheres matriculadas, incluindo universidades, faculdades, centros universitários e IFs, em 2018. A predominância feminina também pode ser verificada no ano anterior, em 2017, quando as mulheres lideraram o número de matrículas presencial e a distância. Além disso, as mulheres têm ocupado cada vez mais espaços de liderança no âmbito educacional, como reitorias e diretorias de universidades e institutos federais.
Na UESPI mais de 30 mil mulheres graduaram em nossa instituição e conquistaram lugares de destaques. Diante disso, a Pró-reitora de Ensino e Graduação (PREG), Mônica Gentil, destaca que a universidade tem buscado sempre valorizar e reconhecer a importância do papel feminino na instituição.” A UESPI tem essa visão privilegiada em relação a mulher, visto que temos muitas mulheres ocupando lugares de gestão, como Pró reitorias, coordenadoras, diretoras, além de muitas alunas desenvolvendo projetos de pesquisas. Então, aqui é um local que buscamos fazer esse acolhimento e valorização das nossas mulheres”.
Orgulhos da UESPI
Com esse tanto de mulheres envolvidas nas atividades da Universidade, há incontáveis vozes, histórias, sonhos e realizações que já passaram por este espaço educacional. Pensando nisso, perguntamos a algumas mulheres que já se formaram: “Qual o impacto da educação em suas vidas?”; “Quais experiências você leva ao ter passado pela UESPI?” e “Qual mensagem você deixa para outras mulheres?”. Confira a seguir as respostas:
“A educação sempre foi o norte da minha vida. Minha relação com a UESPI é de extrema gratidão”.
Yasmim Cunha, egressa do curso de Jornalismo, campus Poeta Torquato Neto, atualmente, faz pós-graduação em Estudos da Mídia na Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. Ela destaca a importância da educação no processo de emancipação, empoderamento e desenvolvimento feminino.
“Ter cursado a graduação na UESPI mudou minha vida. Graças a um convite para a iniciação científica, no primeiro ano da graduação, eu colho os frutos até hoje. Graças a Uespi consegui seguir na carreira acadêmica e me sinto realizada com isso. A Universidade me deu diversas oportunidades tanto na carreira, como uma oportunidade de conhecer pessoas incríveis, que hoje fazem parte do meu círculo de amizade pessoal, como o professor Evandro Alberto e Orlando Berti, que são como família para mim. Graças a eles eu cheguei onde queria, ambos me ensinaram, incentivaram e não mediram esforços para que eu chegasse onde estou”, destaca.
Para a Mestranda, a mulher deve buscar seu próprio caminho baseado nas suas escolhas, habilidades e competências, mas Yasmin destaca que a união de outras mulheres pode e vai sempre contribuir para seguirmos em frente, sem desistir.
“Nós mulheres podemos o que quisermos, temos de ter firmeza para encarar os lugares onde ainda somos minoria e mudar isso, temos que deixar nossa marca e incentivo para as outras. Ser mulher nunca foi, nem será fácil, mas se seguirmos (juntas) na luta, no final dá tudo certo. A UESPI é um lugar onde somos valorizadas, apoiadas e incentivadas. Eu não escolheria outro lugar para estudar, sou grata por ter sido uespiana”, finaliza.
“A Educação, precisamente através dos livros e professores que passaram por minha vida, é a razão de tudo que sou e que ainda serei”
Kaetana Cerqueira concluiu a graduação em Administração em 2015, no campus de Uruçuí. Passou a ser professora substituta da Universidade após ingressar pelo concurso de 2018. Atualmente, ela se dedica ao Mestrado na Universidade Federal de Pernambuco – UFPE. A professora destaca a importância da educação na potencialização das habilidades femininas.
“Desde que iniciei meus estudos, no Campus de Uruçuí, local onde, hoje, sou professora, a UESPI se tornou meu lar. Em meio às dificuldades da Universidade pública, pude abraçar inúmeras oportunidades que chegaram até mim, como por exemplo, a monitoria e o PIBIC – programas estudantis que me incentivaram a trilhar o caminho da docência. A UESPI, sem dúvidas, foi um divisor de águas na minha vida acadêmica e hoje me sinto feliz em ser professora no meu Campus de origem”.
Como mensagem para outras mulheres, a professora reafirma a força da Educação para transformar vidas e transformar sonhos em conquistas reais. “Digo que a Educação é o único caminho. Podem até existir caminhos que a levem a algum lugar, mas nada poderá levar você tão longe e a lugares inimagináveis como os estudos podem. Então, digo que as mulheres usem de toda a força que nós temos e rompam todas as barreiras necessárias em busca de seus sonhos, afinal, quando queremos algo, nada e ninguém pode nos parar”, finaliza.
“A Educação é o que sou. A UESPI me proporcionou muito, o suficiente para me consolidar e me tornar quem eu sou hoje”
Lara Kelly Ribeiro da Silva, egressa do curso de Licenciatura Plena em Química na UESPI, atualmente é aluna de doutorado na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), fazendo parte do grupo de Cerâmica do Laboratório Interdisciplinar de Eletroquímica e Cerâmica (LIEC), vinculado ao Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF) com cotutela pela Universidad de Jaume I, na Espanha.
“Ouvi diversas coisas sobre a UESPI. Porém, em 2012, ao colocar meus pés na Universidade, eu ouvi falar sobre pesquisa. Foi ali que vi boas oportunidades e digo mais, oportunidades para todos! Ao longo da graduação, eu aprendi a pensar como pesquisadora e agir como tal. Meus professores sempre me auxiliaram nas decisões ambiciosas até ir para Universidade Federal de São Carlos”, destaca a aluna.
Lara tem consciência e certeza de que o papel da mulher na sociedade é imprescindível e que não existe um lugar ou uma área que ela não possa conquistar. “Eu tenho estudado sobre a evolução dos seres humanos. Cada dia que passa eu creio que as mulheres são as principais responsáveis pela evolução da nossa espécie, não só física, mas também social. Sabendo disso, eu acredito fielmente que as mulheres precisam entender que elas são necessárias em todos os lugares na sociedade. Eu disse: todos!”
Como mensagem final, Lara aponta a importância da Educação e do conhecimento para que todas as mulheres possam se sentir mais seguras, confiantes para seguir em frente.
“Vejam isso: eu tenho 1,50 m e calço 33, esses são números pequenos para um tamanho de um ser humano em idade adulta. Eu sou pequenina, considerada frágil e sem capacidade. Mas a UESPI me ensinou que meu legado é engrandecer muita gente, eu tenho uma coragem e uma força que me fizeram superar barreiras. Se eu que sou numericamente pequena, me transformei na mulher grande que sou, certamente vocês também poderão ser muito mais!”, finaliza Lara Ribeiro.