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O Gancho, o laboratório de jornalismo impresso da UESPI, chega às edições 50 e 51

Por Raíza Leão

“Vivenciar o jornalismo impresso é vivenciar a verdadeira experiência de contar histórias”.  A frase da estudante Isadora Santos resume o sentimento da turma que, neste semestre, deu vida às edições 50 e 51 do Gancho, o jornal laboratório do curso de Jornalismo da Universidade Estadual do Piauí (UESPI).

O Gancho, que completa duas décadas de existência, retorna às salas e corredores da UESPI com duas novas edições produzidas pelos alunos do 3º período, nas disciplinas “Design Jornalístico e Redação, Produção e Edição para Mídias Impressas”, sob orientação da professora Ohana Luize. Durante semanas, a rotina acadêmica assumiu o ritmo de uma redação, aproximando os estudantes da prática real do jornalismo, com suas exigências, desafios e descobertas.

Para a professora Ohana Luize, conduzir o projeto tem um significado especial. Ela mesma foi aluna e editora do Gancho durante a graduação. Hoje, ao retornar como docente responsável, enxerga a experiência como um ciclo que se fecha e outro que se abre. “A turma produz as matérias e também a diagramação, que é o design. Acompanhei a turma anterior, quando ministrei Design, enquanto a disciplina de Redação era ministrada pela professora Sammara Jericó. Naquela ocasião, finalizamos a edição 49. Neste semestre, dentro do planejamento, couberam duas edições, então produzimos a 50 e a 51. É muito simbólico voltar ao Gancho neste outro papel, o da docência”, afirma.

Ohana Luize enfatiza que o Gancho não é apenas um exercício acadêmico, mas um espaço em que os estudantes experimentam o jornalismo no seu formato mais artesanal, exigente e detalhista. “É no laboratório que eles entendem o peso de cada escolha editorial, cada fonte e cada palavra”, complementa.

A pauta das edições se estruturou a partir de reflexões sobre o jornalismo contemporâneo e sobre o compromisso do curso com a comunidade. A orientação era pensar o local, Teresina, o Piauí e o próprio ambiente universitário.

Os estudantes definiram editorias, selecionaram temas que dialogassem com suas realidades e criaram a estética das novas edições, escolhendo cores, fontes, estilos fotográficos e padrões gráficos. Só depois disso partiram para a fase de campo, sempre com o repórter em protagonismo.

A estudante Ana Cecilia de Carvalho conta que vivenciou momentos contrastantes durante o processo de produção. “O processo de produção foi algo meio 50/50. Fiz duas matérias em colaboração com algumas colegas, e uma delas foi muito tranquila. Mas a matéria especial foi complexa porque dependíamos da resposta de terceiros, e isso atrasou muito”.

O Gancho, edição 50

Ela destaca que o trabalho a fez compreender, pela primeira vez, o ritmo real de uma redação. Da ansiedade ao realizar entrevistas à frustração diante de fontes que não respondiam, Ana Cecilia percebeu que o jornalismo é feito de imprevisibilidades e de persistência. “Esse foi um dos melhores projetos que já participei. Entendi como funciona o processo criativo de produção de pautas e o que realmente é construir um jornal do zero. Foi leve, apesar das dificuldades, e muito transformador”.

A estudante Isadora Santos, que participou da produção da matéria especial da edição 50, explica que a turma se organizou em duplas ou trios, com cada grupo responsável por uma pauta e pela diagramação de outra edição. O primeiro desafio foi a criatividade: como não poderiam trabalhar com temas factuais, já que a edição levaria meses para ficar pronta, foi necessário pensar assuntos atemporais, mas interessantes. “Meu primeiro desafio foi a criatividade. O segundo foi buscar fontes e ajustar o tempo dos entrevistados”.

A matéria especial que ela e Ana Cecília ficaram responsáveis pedia sensibilidade e rigor: contar a história do próprio jornal laboratório, desde sua criação em 2005 pela professora Ana Célia, até sua consolidação como um dos pilares da formação no curso de Jornalismo da UESPI. “Era o maior desafio de todos. Queríamos fazer jus à história do Gancho, que segue sendo essencial para os estudantes”, relata Isadora Santos.

O Gancho, edição 51

Para ela, experienciar o jornalismo impresso foi uma novidade que impactou profundamente sua visão profissional. “Aprendi a ser mais criteriosa. No impresso, não há como corrigir depois. Essa responsabilidade nos faz entender o peso de apurar com zelo, de valorizar as narrativas”.

A professora Ohana avalia que as edições 50 e 51 revelam uma turma criativa, comprometida e conectada ao seu tempo. “Eles entregaram matérias pertinentes, atuais e ligadas ao universo deles como estudantes e cidadãos”. Segundo ela, o jornalismo só se aprende fazendo e o Gancho garante justamente essa vivência integral: apuração, escrita, edição, design, tomada de decisões e responsabilidade sobre os resultados.

Ao completar duas décadas e chegar às edições 50 e 51, o Gancho reafirma seu papel como um dos projetos mais tradicionais e formadores do curso de Jornalismo da UESPI. Mais do que um produto final, ele representa um processo, uma travessia que marca a vida acadêmica dos estudantes e os prepara para a prática profissional.

Entre criatividade, inseguranças e descobertas, o jornal se torna parte da memória coletiva do curso. Cada edição registra não apenas histórias externas, mas também a própria história da turma que a produziu. E, como mostram as novas páginas do Gancho, é dessa mistura de teoria, prática e sensibilidade que surgem os jornalistas que, no futuro, irão contar as histórias do Piauí e além.

Link das edições: 50 e 51

Alunos de jornalismo produzem novas edições do Jornal O Gancho

Por Vitor Manoel

Os alunos do 4º Bloco do Curso de Bacharelado em Jornalismo da Universidade Estadual do Piauí (UESPI), produziram as edições 40, 41 , 42 e 43 do Jornal “O Gancho”. A construção do material é referente as disciplinas de Comunicação e Design jornalístico e Redação, Produção e Edição para Mídias Impressas.

Ao todo, 72 páginas foram feitas com diversas matérias, entrevistas e reportagens abordando os mais variados temas como economia, saúde, esporte, dentre outros assuntos. Todo o trabalho produtivo como a escrita dos textos, feitura das imagens, além da inserção e diagramação dos conteúdos no Jornal foi realizado pelos estudantes, que tiveram a oportunidade de pôr em prática as faces e interfaces do jornalismo diário.

O Prof. Dr. Orlando Berti, responsável por ministrar as disciplinas, destaca que as quatro edições vivenciam as novas linguagens textuais e visuais preparando o alunado não apenas para a questão impressa, mas para que o mercado e a sociedade pedem. Segundo ele, os jornais demoraram aproximadamente dois meses para serem feitos e passaram pelo processo desde a pauta, a edição até a  diagramação.

“Esse material, que está disponível, é um trabalho de 25 alunos e alunas das disciplinas. É um prazer enorme, principalmente porque nós temos o nosso dever cumprido. Claro, foi um trabalho cansativo e que muitas vezes ultrapassou os momentos das nossas aulas invadindo os fins de semana, mas que valeram a pena dando a possibilidade ao nosso alunado evoluir e poder oferecer à sociedade, principalmente para nós da UESPI, bons jornalistas que podem transformar positivamente nossa sociedade”.

Débora Amorim, aluna do 6º Bloco e monitora da disciplina de Design Jornalístico, comenta que viu o esforço feito pelos alunos do grupo e parabeniza a turma pelos jornais entregues. “Adorei ver o empenho, esforço e talento dos alunos do quarto período. Deu para perceber claramente que eles deram seu máximo para fazerem os melhores “O Gancho” possíveis. Fico muito feliz em saber que ajudei pelo menos um pouquinho no resultado desses jornais, pois apesar dos desafios e limitações as versões finais estão, na minha visão, incríveis”.

Edição 40

A edição de número 40 trouxe na capa a manchete da reportagem “Desafios na saúde em Teresina”, além de destaques especiais para matérias sobre educação, tecnologia, saúde e economia.

Capa da Edição 40

A Editora-chefe da edição, Maria Clara Guimarães conta que o processo de diagramação do jornal abriu seus olhos, pois consegue visualizar em outros jornais e revistas pontos que antes não conseguia notar, depois de todo o aprendizado adquirido durante a disciplina. Ela comenta que essa foi uma experiência muito importante para levar durante a carreira jornalística, destacando alguns perrengues.

“Confesso que tinha um certo medo do Design jornalístico, pois diziam para mim que essa era a matéria mais difícil do curso. Percebi que realmente é difícil, mas não impossível. Durante a diagramação do jornal, o processo tirou um pouco a paz do estudante, porque tudo precisou estar milimetricamente perfeito. Então, isso demanda muitas horas de trabalho e muitas revisões, mas esse é o ponto chave do trabalho e que nos fez prestar atenção nos mínimos detalhes”.

Anny Santos, Editora Adjunta, destaca o trabalho dos componentes da equipe quanto ao compromisso de entregar um trabalho coeso, original, esteticamente agradável e que refletisse os conhecimentos adquiridos ao longo do curso.

“Concluir o 4° período executando a árdua missão de produzir “O Gancho” foi, sem dúvidas, um dos trabalhos mais difíceis que fizemos até hoje. É gratificante poder contar cada história e dar voz à cada personagem. Cada decisão tomada pela equipe implica nos resultados que obtivemos, então as decisões foram, visivelmente, acertadas. O professor Orlando Berti nos ensinou, de fato, como a prática caminha junto à teoria e como o ‘fazer Jornalismo’ é uma difícil tarefa, mas que nos proporciona experiências únicas. Estou feliz por fazer parte do projeto e poder apresentar esse belíssimo resultado”.

O aluno/repórter João Fernandes ressaltou a escolha do grupo para adicionar pautas que abrangessem a perspectiva da Universidade para gerar interesse de alunos que vão consumir o jornal, por isso discentes e docentes estão presentes nas matérias. Entretanto, a edição não se limitou apenas a esse segmento, segundo ele pautas de interesse da sociedade também estão inseridas no jornal.

“Sabemos que esse jornal vai ter um alcance ainda maior, por isso trouxemos pautas que são de interesse social, como por exemplo uma matéria sobre “Economês”, que trata sobre as dificuldades de entender algumas coisas sobre Economia. Além disso fizemos uma matéria muito boa sobre as perspectivas do Mercado Central, em Teresina, enfim, buscamos despertar interesses e curiosidades dos leitores em assuntos que sim, são muito falados, entretanto muitas vezes pouco compreendidos.

EDIÇÃO COMPLETA

Edição 41

Os membros da edição 41 escolheram uma reportagem sobre as histórias envolvendo o Metrô de Teresina, além de destaques para matérias sobre educação, esporte, economia e saúde.

Capa da Edição 41

Para a Editora-chefe, Maria Clara César, participar da produção foi enriquecedor, principalmente por nunca ter tido contato com a produção de jornal e todo o processo criativo por trás dela. Segundo ela, a parte de diagramação foi diferente de tudo o que havia visto em todo o curso, tendo que criar um jornal todo do zero.

“A gente se sente muito feliz por ver todo esse projeto saindo do papel e estando completo. É uma realização muito grande, porque foram muitas horas de trabalhos envolvidas naquilo, então, foi um período inteiro voltado para aquilo e ver ele finalizado com sucesso é mais contagiante para mim, que fui editora do projeto, como para todos os repórteres que ajudaram muito na edição e realização do projeto”.

O projeto conta com matérias que envolvem temas atuais e relevantes para a sociedade em geral. Dessa forma, a aluna/repórter Giovana Andrade destaca a matéria “Suicídio: ‘se tem vida, tem jeito’, diz psicóloga”, como uma das mais importantes da edição, pois retrata a importância de se discutir sobre um tema que ainda existe muito tabu em volta  e essa matéria aborda como identificar sinais prévios de pessoas que tem tendência a se suicidar e de como ajudá-las.

“Segundo o DataSUS, no Brasil, os suicídios subiram de 7 mil para 14 mil, sem levar em conta os casos que não foram notificados, chegando a ser um número maior do que mortes por acidentes de moto no mesmo período. É muito relevante evidenciar situações como essa”.

EDIÇÃO COMPLETA

Edição 42

Na edição 42, a capa trouxe uma reportagem especial sobre a influência da cultura pop asiática em Teresina, além de destaque para matérias sobre esporte, educação, cidade e saúde.

Capa da Edição 42

A aluna/repórter Francisca Brígida comenta que o processo de diagramação do Jornal “O Gancho” foi para ela o trabalho mais estressante, dolorido, exaustivo, desafiador e angustiante que fez na vida. Um projeto que exigiu um trabalho em equipe e que todos estivessem dispostos e em sintonia.

“Foi um trabalho que precisou ser modificado e refeito uma, duas, cinco, seis, dez ou até mesmo vinte vez ou mais. O bom era que a cada modificação o jornal ganhava forma e “cara” de jornal, ficando cada vez mais perto da “perfeição” ou não. Teve um dia em que nossa equipe ficou reunida quase 12 horas em chamada pelo Meet, em uma noite de sexta-feira, virando a madrugada e finalizando na manhã de sábado. No fim das contas, ver o que foi produzido e como ficou é gratificante, pois é notório o quanto melhoramos e evoluímos. Sou grata por tudo que aprendi e espero levar tudo isso para minha vida profissional”.

Iasmin Martins, aluna/repórter da edição, ela destaca a matéria intitulada de “Autoaceitação: tenha compaixão com si mesmo”, porque ela aborda temas recorrentes na atualidade, como a autoestima, autoaceitação. Segundo ela, com o fácil acesso as redes sociais, certos conteúdos podem gerar comparações, principalmente, para os jovens e, muitas vezes, são conteúdos irreais.

“A matéria faz refletir sobre a autoaceitação, mostrando relatos de algumas meninas sobre como venceram obstáculos. Trouxemos  também profissionais para aprofundar mais o assunto. A matéria não é minha, mas tenho muito orgulho de ter diagramado, pois ela pode ajudar os leitores que procuram alcançar a autoaceitação e não sabem os caminhos. Os relatos até mesmo me fizeram refletir no momento da diagramação”.

EDIÇÃO COMPLETA

Edição 43

A edição 43 trouxe na capa uma reportagem especial sobre os desafios dos jornalistas policiais em Teresina. Ademais, a edição ficou marcada como o jornal mais imagético entre os quatro e o que reuniu mais matérias sobre economia.

Capa da Edição 43

 

Para o Editor-Chefe, Vitor Gaspar, o processo de diagramação foi trabalhoso, envolveu dias e horas de trabalho, mas que ao final deu tudo certo. “Ficava durante horas no Google Meet falando com as meninas, orientando, “apanhando” do aplicativo, pois muitas vezes uma coisa desalinhava e a gente precisava ir lá concertar, no entanto, o mais importante foi que o trabalho ficou excelente e podemos nos orgulhar do serviço.

Para Gabriela Sousa, Editora adjunta, a construção do material foi muito desafiadora, pois era tudo muito novo para os alunos e que no começo teve um certo temor e insegurança, mas havia de encarar o desafio entregue pelo professor. “Foram várias noites sem dormir, muitas vezes indo até os locais, porque a construção do jornal iniciou ainda no começo do período quando todo o material foi escrito. Na nossa reportagem de capa, sobre os desafios dos jornalistas policiais, nós vivenciamos todo o processo de um seguimento que é muito consumido pela população. Foi trabalhoso, mas valeu a pena e agradeço a UESPI pela oportunidade de produzir um material como esse.

A aluna/repórter Vanussa Soares brinca que todos os amigos e familiares precisam ler e passar o feedback da leitura, pois deu muito trabalho para produzir. “Foi desafiador fazê-lo, desde fotos e entrevistas até a diagramação, pois sim, cada letrinha precisa estar milimetricamente no lugar certo. Todos que irão ler apreciem o conteúdo e a entrevista exclusiva, pois todos foram feitos com esmero e carinho”.

EDIÇÃO COMPLETA

História do Jornal O Gancho

O jornal “O Gancho” foi o segundo jornal laboratório criado no curso de Comunicação Social, Habilitação em Jornalismo e Relações Públicas da UESPI. O curso foi criado em março de 2001, quando ingressou a primeira turma, na ocasião, a Coordenadora era a jornalista Cíntia Lages com uma turma formada por quarenta pessoas. Inicialmente, a duração era de cinco anos, pois correspondia a formação de quatro anos em jornalismo e mais um ano de relações públicas.

Durante esse primeiro momento, o jornal era nomeado como “Jornal da UESPI”. No ano de 2006, o coordenador do curso e também professor, Roberto Denis, quarto coordenador que passava pela diretoria, trouxe algumas alterações e mudanças no nome, formato e estrutura do Gancho. O jornal foi criado para somar ainda mais o curso de Comunicação Social e contou com a participação de diversos mestres da área.

O objetivo da criação do jornal estava ligado as questões práticas do curso. A Universidade Federal do Piauí (UFPI), fundou o jornal Calandragem, diante disso, surgiu a necessidade de existir um projeto na Universidade Estadual do Piauí. Além disso, todos os cursos de jornalismo necessitam dessa dinâmica prática de laboratórios.

Naquele período, o jornalismo impresso era muito forte e era utilizado como um objeto de estudo de todos os alunos de jornalismo. No projeto pedagógico do curso era uma obrigação existir um jornal laboratório, além disso o conteúdo era abordado de forma geral e levava informações sobre diversos assuntos, apresentava um estilo voltado ao perfil de uma revista, com a presença de matérias frias. Com o passar dos anos, sofreu algumas mudanças de acordo com o estilo de cada professor que estava no comando da disciplina.

Os professores que fizeram parte desse grupo do jornal “O Gancho” foram Orlando Berti, Mário Davi, José Américo, Daniel Solón, e mais alguns que fizeram parte desse processo.

Em relação ao formato, algumas mudanças foram feitas com decisão do grupo de professores e ele passou a ter uma característica berlinense. Berlinense, também conhecido como Berliner, Berlinês ou midi, é um formato de jornal com páginas que, normalmente, medem 470 × 315 milímetros, ou seja, ligeiramente maior do que o formato tabloide/compacto e mais estreito e mais curto do que o formato broadsheet. Esse formato foi escolhido para manter uma valorização na estrutura. Por fim, o jornal é utilizado como ferramenta pedagógica, traz uma visão aberta e atualizada, um espaço de divulgação de ideias, de comunicação de opinião e interesses e tem contorno multidisciplinar e interdisciplinar.