Por Vitor Gaspar
Os professores Jorge Paula e Maria Luzineide, junto com o estudante Phillipe Freitas, do curso de Licenciatura Plena em Geografia da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) participam de um projeto de consciência cidadã, que trabalha com o monitoramento da linha de costa em praias do Nordeste, incluindo duas em Parnaíba (Pedra do Sal e Praia do Coqueiro).
O CoastSnapNE atua com base no monitoramento comunitário e participativo de mudanças na praia. Ele foi criado em 2017, na Water Research Laboratory, da Universidade de Nova Gales do Sul, em Sydney, Austrália. Esse é um método de baixo custo que está se expandindo, tendo, hoje em dia, cerca de 200 estações distribuídas em 21 países e que possibilita a participação da comunidade na produção da ciência, fazendo com que as pessoas possam se ver como pesquisadores (pesquisador-cidadão). Além disso, permite a integração de projetos de Iniciação Científica e/ou de Extensão que gerem debates relacionados a preocupação com o ambiente através de palestras e/ou oficinas.
Nesse sentido, dois professores do curso de Geografia da UESPI se integraram ao projeto através de convite do Laboratório de Geologia e Geomorfologia Costeira, Oceânica e Ambiental (LGCO) da Universidade Estadual do Ceará (UECE) que está conduzindo o monitoramento no nordeste, sob coordenação do Prof. Dr. Davis Paula. Esse trabalho reúne pesquisadores de várias universidades e consiste na instalação de uma estação, contendo uma estrutura que permite a instalação de smartphones por parte da população e a partir disso, fazem fotografias que são compartilhadas através das redes sociais (Facebook, Instagram e Twitter) por moradores e turistas que visitam as estações do projeto. Desse modo, de acordo com posição e o ângulo da câmera, é possível estabelecer as características da praia e fornecer um registro preciso da posição do litoral no momento da captura da fotografia possibilitando a análise por parte dos pesquisadores.
O Professor Jorge Paula explica que o equipamento consta de uma estaca e um suporte metálico posicionado de forma estratégica para o registro de imagens que são analisadas a partir de um decodificador, além da produção de como trabalhar com o uso dessas imagens para tirar a linha de corte e todas as informações importantes, como a erosão, que é comum em alguns pontos do litoral piauiense. Segundo ele, a instalação dessas estações facilitam os estudos, pois permite que a qualquer momento os pesquisadores possam receber essas informações, não precisando do deslocamento físico até o litoral. O docente também ressaltou a importância desse trabalho para os empreendimentos que estão posicionados nas praias.
“O monitoramento é muito importante para a gestão costeira, pois ele permite que os gestores tenham uma ideia de como funciona o litoral e pensar ações relacionadas a isso. Se estiver havendo um recuo em um determinado espaço de tempo sem recuperação dessas praias naturais, ele pode pensar onde alocar e determinar alguns empreendimentos urbanos. Será que seria importante, por exemplo, apenas recuperar as praias que caíram na Pedra do Sal? Não. É melhor considerar esses estudos para que seja feito um trabalho de prevenção e ordenamento”, explica.
Além disso, os estudos podem auxiliar na prevenção ao risco do banho de mar, pois o litoral piauiense possui uma frequência de visitação esporádica (feriados, férias), diferente de outros estados, onde existem capitais litorâneas com uma maior circulação de pessoas. Dessa forma, isso provoca um desconhecimento por parte das pessoas com relação a área submersa que apresenta riscos as pessoas durante um banho de mar, portanto, esses estudos também ajudam nesse sentido, com informações úteis nesse trabalho de prevenção de acidentes que possam vir a acontecer.
A Professora Maria Luzineide acrescenta que as ações do projeto CoastSnap devem dar abertura para agregar outros projetos, que visem por exemplo a sensibilização ambiental, o destaque para que crianças e jovens das comunidades próximas da estação, tanto possam contribuir com o envio de imagens como também possam se sensibilizar com ações outras que possam trazer a ideia de uma participação social na área.
“Assim, no plano do projeto CoastSnap está prevista a realização de uma aproximação com escolas da região para se promover ações como oficinas e palestras. Lembrando que estamos na década do Oceano, onde o mundo todo deve se preocupar com ações com a sustentabilidade do litoral e do oceano”, encerra a professora.
A proposta permite o implemento de projetos de pesquisa dentro do trabalho para que estudantes também possam participar. Assim sendo, os professores da UESPI levaram a ideia que chegou até Phillipe Freitas, aluno do 3º bloco de Geografia. O discente comenta que foi muito gratificante ter sido convidado para participar do projeto, que marca o seu ingresso na produção de pesquisa científica e destacou mais detalhes sobre os procedimentos realizados.
“Com o levantamento das fotos, nós produzimos perfis, nos quais observamos as oscilações na costa, as diferenças, as razões intempéries, de erosão e outros pontos que marcam a função do nosso projeto, que é a analisar a modificação existente lá. Com o levantamento podemos ver os riscos de erosão para fazer o trabalho de prevenção e de estar conscientizando sobre os riscos para que todos possam estar cientes”, afirma.
Atualmente o projeto está sendo desenvolvidos nos estados do Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte, com a intenção de ampliação para outros estados futuramente. Acesse o SITE do CoastSnapNE e confira mais detalhes.