Por Adão Francisco, Adriana Reis e João Gabriel Chaves
Revisão: Professora Ruthy Costa
Seguindo a programação da VII Semana de Comunicação, na UESPI de Picos, as atividades da manhã de terça-feira (08) foram dedicadas à finalização das apresentações dos Grupos de Trabalho (GTs), proporcionando um espaço de troca de conhecimento e valorização acadêmica.
Victória Souza Nascimento, estudante do 4° período de Jornalismo destacou a importância da apresentação dos trabalhos para sua formação acadêmica. “Para mim, é muito importante, porque além de me dar uma oportunidade melhor de abranger os meus conhecimentos e pesquisas, a academia também me dá a oportunidade de ter meus trabalhos reconhecidos, valorizados e corrigidos, recebendo dicas dos professores para continuar as pesquisas e também dar andamento ao meu curso e ao meu currículo”, ressaltou a estudante.
O professor doutor Marco Antônio de Oliveira Tessarotto destaca que considera importante e oportuno a riqueza dos trabalhos dos estudantes. Ele afirma que os alunos trazem para o debate uma preocupação muito grande com o que a mídia local anda produzindo jornalisticamente sobre a cidade. “O que foi impactante foi esse olhar para dentro, não aquela visão de olhar apenas aquilo que a grande mídia está falando, mas aquilo que em Picos está se trabalhando, se produzindo sobre o que é que está se falando sobre comunicação”, explicou.
O professor Marco Antônio enfatiza que os GTs são espaços de colaboração, que o objetivo principal, enquanto educador e formador, é ouvir os estudantes e apontar caminhos. “A nossa função dos GTs é fazer com que vocês aprofundem sobre aquilo que vocês estão pesquisando, aquilo que vocês acreditam e ao mesmo tempo como isso pode se encaminhar para artigos futuros, para outros espaços, quem sabe o Intercom, quem sabe você está representando a universidade e ao mesmo tempo apresentando o que acontece aqui na macrorregião do Vale do Rio Guaribas. E principalmente aquilo que vocês trazem quanto a objetos, dúvidas, inquietações, isso é muito importante”, declara.
Para dar continuidade ao segundo dia do evento, na parte da tarde, a partir das 14:30h, houve o momento da Láurea Acadêmica onde a egressa do curso de jornalismo, a jornalista Milene Silva, foi homenageada. A Láurea Acadêmica é um título honorífico, sob a forma de certificado, concedido a aluno de turma concluinte de cada curso de Graduação que apresentar melhor desempenho nas atividades acadêmicas. A jornalista Milene Silva explica que já esperava o resultado por ter se dedicado aos estudos e ter aproveitado todas as chances que surgiram, só não imaginava que seria tão rápido. “Isso me deixa muito feliz porque demonstra todo o meu esforço. Durante o curso, são quatro anos que a gente sabe que o curso de jornalismo, de certa forma, ele ainda requer muita luta de alunos, professores, profissionais da área. Então, demonstra todo o meu esforço e dedicação que eu tive. Não foi uma jornada fácil, mas saber que eu consegui é gratificante”, comenta.
Milene ainda deixa conselhos para os acadêmicos de jornalismo. “O conselho que eu dou, é o mesmo que alguns profissionais da área e também professores do curso já davam, que era justamente vir para cá e não ter só mais um dia de aula. Aprender de fato é tirar o máximo que a gente poderia tirar de todos os nossos trabalhos e de todos os professores e não deixar que a universidade passasse por nós alunos. Mas sim que nós podemos passar por ela, aproveitar tudo aquilo que tinha à nossa disposição. E assim eu fiz”, afirmou.
Na sequência da programação, foi realizado o lançamento do livro “Jornalismo entre Picos – Diário de memórias da UESPI”, uma obra coletiva da Liga Joeme – Jornalismo, Educação e Memória. A publicação é resultado do esforço conjunto da professora doutora, Mayara Sousa Ferreira, a professora mestra, Thamyres Sousa de Oliveira, do professor mestre, Vinícius da Silva Coutinho, a estudante do 8° período de Jornalismo, Thaila Vitória Santos Vieira e a egressa do curso, Gessyka Feitosa, dentre outros colaboradores.
A professora mestra Thamyres Sousa de Oliveira destaca a importância do livro para a construção da memória das pessoas que contribuíram e contribuem para a continuidade do curso de jornalismo. “Eu acho que o livro nos faz ver o curso de jornalismo como um curso de resistência, mas também um curso de sonhos. Eu percebi naqueles depoimentos de professores, de egressos, de alunos que ainda estavam vivenciando esse ambiente acadêmico aqui, que o curso é um lugar de resistência, mas também é um lugar de sonhos, de pessoas que vêm pra cá, muitas vezes, deixando as suas cidades na ideia de construir uma vida melhor, não só para eles e para os seus, mas também pensando numa coletividade, que eu acho que essa deve ser a missão do jornalismo”, ressaltou Thamyres. O livro foi publicado pela Editora da Uespi (EdUespi) e está disponível para download gratuito.
Fechando o segundo dia da programação, foi realizada a palestra com o tema “Jornalismo em Transformação: Independência, Curadoria e Checagem na Era da Desinformação”, conduzido pelo jornalista mestre Luan Matheus Santana e pela jornalista mestra Marta Alencar, para mediar as discussões, a mesa contou com a mediação do jornalista e professor mestre Jailson Dias de Oliveira.
Em sua fala, a jornalista mestra Marta Alencar discutiu a desinformação local e os desertos de notícias, destacando a importância do jornalismo local na promoção da informação de qualidade e na luta contra a desinformação. “O jornalismo local é tão importante que ele aproxima as pessoas das suas identidades e também contribui nesse jornalismo de proximidade para combater essa desinformação de forma mais efetiva. O jornalismo local, cobre melhor as faltas de interesse das comunidades, da ideia de pertencimento sobre determinado espaço ou rede. Além disso, o jornalismo para a cidade é mais eficaz no combate à desinformação e vazios informacionais, vazios noticiosos na defesa da democracia. Isso é um ponto-chave”, ressaltou Marta.
O jornalista Luan Matheus Santana, também participou da mesa trazendo uma reflexão crítica sobre o jornalismo independente na atualidade. Em sua fala, ele destacou que o jornalismo, historicamente, sempre esteve em crise — mas crises que apontam transformações. Luan abordou o papel das mídias alternativas e periféricas na construção de novas narrativas e enfatizou que o jornalismo independente é, sobretudo, um exercício de autonomia editorial, desvinculado de interesses econômicos ou políticos. Ele defendeu a pluralidade de vozes e modelos como elementos centrais para um jornalismo mais democrático, com ênfase na informação contra-hegemônica, na valorização das experiências locais e na liberdade editorial como ferramenta de resistência e renovação do campo jornalístico.
O último dia do evento acontece nesta quarta-feira, dia 9, com minicursos, resultados dos concursos especiais e a palestra de encerramento, com o tema “De olho nas representações: ódio e racismo contra nordestinos nas redes sociais” ministrada pelo professor mestre, Vinícius da Silva Coutinho.