Por Clara Monte
O curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Piauí (UESPI), campus Clóvis Moura, promove o Projeto de Extensão “Oficinas de Brincadeiras Tradicionais” na comunidade São Raimundo Nonato, localizada na região sudeste de Teresina.
De acordo com a coordenadora do projeto, Rosa Maria Borges, a iniciativa surgiu devido à carência de espaços de lazer para as crianças da comunidade e à falta de conhecimento e prática das brincadeiras e brinquedos tradicionais.
“O resgate das brincadeiras tradicionais dentro da comunidade ajuda a lembrar do passado no presente, permitindo que as crianças construam suas identidades ao relacionarem experiências prazerosas entre as brincadeiras antigas e novas, entre objetos velhos e novos, entre brinquedos comprados e os construídos com sucata. No processo de manipulação ou criação do brinquedo/brincadeira, a criança pode atribuir um novo significado às coisas e aos conhecimentos adquiridos. Com o aprendizado de brincadeiras, as crianças da comunidade podem preencher seu tempo com atividades que favoreçam seu desenvolvimento, afastando-as de práticas não saudáveis para o crescimento físico e psicológico”.
Ainda segundo a coordenadora, os momentos de lazer através das brincadeiras e jogos favorecem a educação psicomotora da criança, desenvolvendo a atenção, concentração, esquema corporal, lateralidade, estruturação espacial, orientação temporal, afetividade, comunicação e expressão. Além disso, promovem a interação social durante as brincadeiras com outras crianças.
“Sobre as habilidades psicomotoras, lembro bem do dia da primeira oficina (23/03/24), quando um menino de 6 anos ficou animado para pular corda. No início, ele não conseguia pular no momento em que a corda passava perto de seus pés, mas as voluntárias tiveram paciência e ensinaram o momento certo do pulo. O resultado foi surpreendente: o menino aprendeu a pular direitinho e participou até o fim da brincadeira”.
Para a professora organizadora, Thaís Maria de Araújo Pessoa, resgatar o conhecimento e o gosto por brincadeiras tradicionais, longe dos celulares, é fundamental para o desenvolvimento psicomotor e socioafetivo das crianças.
“Diversos estudos demonstram os aspectos negativos e o impacto na aprendizagem e desenvolvimento infantil decorrentes do esquecimento dessas brincadeiras. Projetos que promovam o brincar infantil, são essenciais para a aprendizagem, oferecem uma oportunidade de reintroduzir esse brincar orientado, tradicional e inclusivo nas escolas e na comunidade”.
Além do pula-corda, as atividades do projeto incluíram: amarelinha, passa o anel, peteca, trava-língua, adedonha, bate-palmas, telefone sem fio, cantigas de roda, mímica, corrida do saco, bambolê, corrida do limão, jogo da velha, tangram, bingo dos numerais, jogo das argolas e confecção de brinquedos de sucata (vai e vem, bilboquê, pega bolinhas).
A aluna do IV bloco de Pedagogia da UESPI, Francisca Rejane Monteiro Soares, explica que esta é a primeira vez que se envolve em atividades de extensão na comunidade, e que a experiência está trazendo novos conhecimentos e enriquecendo seu currículo. Ela atua como monitora, ajudando na confecção dos brinquedos e orientando as brincadeiras.
“A experiência tem sido de grande aprendizado, tanto na vida acadêmica quanto na profissional. Estamos aprendendo novas brincadeiras para utilizar em sala de aula e relembrando minha própria infância. Além disso, é importante ensinar às crianças o verdadeiro significado de brincar, incentivando-as a deixar um pouco as telas e desenvolver melhores relações sociais, aprendendo a dividir, colaborar e sentir a emoção de confeccionar seus próprios brinquedos”.