Por: Danilo Kelvin
“A transformação de uma pesquisa acadêmica em uma peça de teatro é um reflexo do papel da universidade em servir à sociedade de forma ampla”, comenta o professor Marcelo de Sousa Neto, autor do livro escrito em coautoria com a professora Cláudia Cristina da Silva Fontineles, que foi adaptado para uma peça teatral.
O Docente da Uespi explica que suas pesquisas e da professora Claudia Fontineles, ex-professora do curso de História do campus Clóvis Moura, deram origem ao livro intitulado “Nasce um bairro, renasce a esperança: história e memória de moradores do conjunto habitacional Dirceu Arcoverde” e este foi a inspiração para a peça de teatro apresentada no último domingo, dia 14 de abril, às 19h, no Theatro 4 de Setembro, Teresina, chamada ‘Itararé: Dos Desvalidos às Ruas Vazias’,
As duas obras recontam história do emblemático bairro Grande Dirceu. Sob a direção de Clodomir Junior, o espetáculo de teatro transportou o público para uma jornada emocionante através das vivências e transformações deste importante cenário urbano.
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Espetáculo adaptado de um trabalho acadêmico
“Em 2019, o diretor de teatro Ferreira Júnior, diretor do grupo de teatro Shangri-La, também sediado na região do Itararé, hoje Dirceu Arcoverde, nos procurou para começarmos uma discussão sobre a peça. Fizemos a leitura e discussão do trabalho e eles tomaram a iniciativa de adaptar o texto da pesquisa para uma peça de teatro. Esse trabalho espelha aquilo que a universidade precisa fazer, divulgar as pesquisas que realizamos no interior das universidades e devolvidas a sociedade de diversas maneiras. No caso específico, é uma pesquisa acadêmica influenciando o teatro, influenciando as subjetividades das pessoas da forma que só a arte pode fazer”, afirma o professor Marcelo Neto.
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Imagens da peça de teatro
“A noite de ontem foi muito emocionante para mim. Foi importante perceber como uma pesquisa acadêmica influencia e é recepcionada pelo mundo das artes. A companhia de Teatro Shangri-La conseguiu transferir os desafios enfrentados pelos moradores do Grande Dirceu em forma de arte. A pesquisa, que antes encontrava-se restrita ao público acadêmico, hoje se transforma e se propaga através de uma peça de teatro, que conta uma parte importante da história de Teresina”, fala o professor Marcelo.
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Autores, atores e atrizes da peça
“Transmitir poeticamente esses desafios, apresentando-os através de uma peça de teatro, foi uma forma poderosa de mostrar como esses moradores lidaram com as dificuldades nos primeiros anos do Dirceu e como se posicionaram politicamente na defesa de moradia de qualidade e acesso a serviços na região. Em um sentido amplo, a peça é uma grande homenagem aos homens e mulheres que, em seu trabalho diário, construíram essa importante região da cidade de Teresina, hoje conhecida como Grande Dirceu,” finaliza o pesquisador.
No Dia Mundial da Arte, a UESPI tem outro exemplo de como a cultura, o teatro especificamente, faz parte da universidade. O musical “A VIDA É O QUE É” está volta aos palcos do Laboratório de Artes, do Campus Poeta Torquato Neto, para uma curta temporada durante os meses de abril e maio. As apresentações também voltam aos dias habituais, sempre nas noites de quinta-feira, às 19h, com entrada gratuita.
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O espetáculo está em cartaz há um ano e já foi reconhecido em diferentes premiações locais.
O projeto foi idealizado pelo professor de Ciências Sociais da instituição, Luciano Melo, e o egresso do curso, João Pedro Veloso. O professor Doutor Luciano Melo, antropólogo da Universidade Estadual do Piauí, relembra a importância que a arte tem no desenvolvimento social e humano e sua contribuição para a ciência.
“Uma das grandes dificuldades que temos é tornar públicos os resultados de nossas pesquisas. Além dos periódicos e seminários científicos, é importante transpor os diversos conhecimentos em informações e saberes acessíveis ao grande público. O teatro pode e deve ser um meio de comunicação dos conhecimentos. No campo das ciências humanas, que estuda as relações humanas, o teatro pode reinventar artisticamente esses saberes em espetáculos. Essa reinvenção só enriquece o teatro e as ciências,” explica o professor antropólogo, ator e pesquisador.
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Nova temporada do musical “A VIDA É O QUE É”