Por Roger Cunha
A Universidade Estadual do Piauí, campus de Floriano, está lançando o curso de extensão “Práticas de Letramentos para o Ensino de Libras como L1 para Surdos“. Com início programado para 14 de setembro de 2024, o curso será oferecido em modalidade híbrida, disponibilizando 40 vagas e certificação de 60 horas. O objetivo é capacitar profissionais da área da educação, membros da comunidade e familiares de pessoas surdas, preparando-os para o ensino de Libras como primeira língua (L1) para surdos.
A iniciativa é coordenada pelas professoras Sheila Borges e Ceiça Ferreira, ambas docentes da UESPI, que unem suas experiências e conhecimentos para oferecer uma formação robusta e prática. Segundo a professora Sheila Borges, a motivação para a criação do curso surge da necessidade de formar e informar sobre a educação de surdos. “A principal motivação para a gente ofertar esse curso de extensão é a necessidade de formar e informar pessoas da comunidade, profissionais da área da educação e pessoas da família que têm alguém surdo próximo”, explica Sheila.
O curso, que combina teoria e prática, será conduzido por profissionais experientes e contará com a participação de convidados surdos. Essa abordagem visa proporcionar um contato direto entre os participantes e a comunidade surda, promovendo uma compreensão mais profunda das necessidades e realidades dos surdos. “Nós vamos trabalhar, explicar a parte teórica, sempre com práticas. Teremos convidados surdos para que as pessoas tenham esse contato inicial com o surdo, ver de perto, ouvir de perto, conhecer os surdos e, por meio desse contato, entender o que realmente, pelo próprio surdo, o que é ser surdo, o que ele precisa, como é melhor para ele.”
No contexto educacional brasileiro, a adaptação das práticas de letramento em Libras é um desafio constante, especialmente em estados como o Piauí, que ainda carecem de políticas públicas e recursos específicos para a educação de surdos. “Nós não temos grupos de pesquisas voltados para Libras, para o estudo da educação de surdo, para a educação bilingue. Nós não temos no Piauí nem a escola bilingue ainda. Nós temos essa preocupação em começar a despertar na pessoa a importância que é o surdo para o sistema educacional”, aponta a professora.
Apesar dessas dificuldades, o curso visa contribuir significativamente para o desenvolvimento acadêmico dos alunos surdos, oferecendo aos participantes ferramentas e metodologias para melhorar o ensino de Libras. “Esse curso de Libras, a gente entende que ele pode ser um diferencial para os próximos concursos. As pessoas se prepararam melhor para lidar com esses alunos”, afirma Sheila, enfatizando o impacto positivo que o curso pode ter na preparação dos profissionais.
A participação ativa da comunidade surda também é um aspecto central do curso, proporcionando uma troca enriquecedora de experiências. “Nós vamos ter, sim, esse contato dos ouvintes que participam, que vão participar do curso com pessoas surdas… E isso é muito importante para nós.”
Com a grande demanda por vagas, as coordenadoras já estão planejando ampliar a oferta do curso para outras modalidades e localidades, como Teresina e ensino remoto. “Já estamos pensando em aumentar a equipe para fazer remoto e para fazer também de Teresina, melhorando um pouquinho do que a gente foi pegando agora desse semestre”, conclui Sheila, destacando o sucesso e o potencial de expansão do curso.
As inscrições estão abertas e podem ser realizadas através do formulário online.