Por Giovana Andrade
Neyrivania Rodrigues, Rafaela Santos e Suzany Sepúlvida, discentes do sexto bloco do curso de Letras Português, campus Possidônio Queiroz, em Oeiras, produziram um vídeo sobre a importância da literatura e da cultura indígena.
A atividade fez parte da disciplina de Metodologia do Ensino de Literatura, que foi ministrada pelo Prof° Harlon Lacerda. Segundo o docente a atividade consistia na elaboração de um material de divulgação sobre a Literatura Indígena e a importância de sua inserção no currículo a partir da lei 11645/2008.
“Os estudantes foram divididos em equipes e cada equipe decidiu como realizar a divulgação. A equipe que produziu o vídeo demonstrou um grande empenho na atividade proposta e, na minha avaliação, apresentou a necessidade que ainda temos enquanto formadores de docentes de trabalhar a Literatura Indígena e afro-brasileira de forma a cumprir a lei e possibilitar à escola visões de mundo diferentes”.
Neyrivania Rodrigues explica que o vídeo foi produzido com o propósito de fornecer conhecimento sobre a importância da temática trabalhada em sala de aula para outras pessoas. Ela ainda acrescenta que o vídeo foi gravado em dois momentos: no Campus de Oeiras e a outra parte em casa. E embora enfrentassem algumas dificuldades de recursos técnicos, elas utilizaram seus celulares, seguiram um roteiro e mantiveram seu objetivo em mente, resultando na criação do vídeo.
“O vídeo trata, exclusivamente, da importância da Literatura Indígena para a educação nacional. Nele também retrata sobre a Lei nº11.645 e da necessidade de sua implementação na prática. Ressaltamos também que não haverá uma educação de qualidade relacionada aos povos indígenas enquanto essa temática não passar a ser trabalhada também no ensino superior, pois tenho consciência de que só tivemos a oportunidade de conhecer verdadeiramente um pouco da vida desses povos porque o professor Harlon optou por trabalhá-la e, por esse motivo, agradecemos a ele pela iniciativa e também pelo cuidado em abordar o assunto”.
Rafaela Santos menciona que durante a discussão foi abordado, brevemente, o processo de colonização, que resultou em uma visão negativa da cultura dos povos indígenas devido ao desconhecimento por parte dos invasores sobre sua história. Ela ressaltou que embora a lei exija o ensino da literatura indígena no currículo escolar, ainda é observada uma abordagem inadequada desse conteúdo. Durante a oficina, foi amplamente discutida a falta de acesso aos livros de escritores indígenas, destacando que esses materiais são inacessíveis em comparação com os recursos de outros autores disponíveis gratuitamente na internet.
“No vídeo também abordamos a Constituição de 1988, especificamente o artigo 210, que reconhece o direito dos indígenas à educação em suas línguas maternas e ao uso de seus próprios métodos de aprendizagem. Os escritores indígenas escrevem sobre as tradições e histórias de seus povos para que a sociedade possa conhecer a riqueza de sua cultura e a luta diária contra os preconceitos. Ao ler textos de autores indígenas, percebemos a presença de narrativas cosmológicas e visões de mundo das diferentes etnias. Além disso, esses povos valorizam a ancestralidade e expressam seus ensinamentos de forma oral, transmitindo a identidade de seu povo. Portanto, é importante enfatizar que a Literatura Indígena não se restringe apenas a técnicas de escrita, mas é baseada em sentimentos, no senso de pertencimento, na memória, na identidade e na resistência”.
Suzany Sepúlvida, conclui que durante a produção do vídeo foi capaz de desenvolver um olhar mais crítico e inclusivo em relação aos povos originários. “Nos livros didáticos não vemos poemas, contos, ou qualquer narrativa de um autor indígena, algo que precisa ser modificado com urgência, pois quanto menos trabalhar essa temática em sala de aula, cada vez mais gerações de estudantes saem do ensino básico sem ter um conhecimento efetivo relacionado a essa temática, o que ocasiona um déficit geral a respeito desses povos que são profundamente importantes para a história de origem do nosso país”.