Por Roger Cunha
Profissionais da rede municipal de saúde de Teresina participam, nesta semana, de uma capacitação voltada à estratificação de risco nos pés de pessoas com diabetes. A iniciativa é fruto de uma parceria entre a Universidade Estadual do Piauí (UESPI) e a Fundação Municipal de Saúde (FMS) e acontece ao longo de dois dias, abrangendo turnos da manhã e da tarde. O treinamento tem como objetivo principal qualificar médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem para identificar sinais de risco nos pés de pacientes diabéticos, prevenir complicações graves, como úlceras e amputações, e fortalecer a atuação da atenção primária à saúde.

Profissionais da atenção primária recebem treinamento sobre cuidado com pés diabéticos em parceria UESPI e FMS
A capacitação é coordenada pela professora Sandra Marina, docente da UESPI e coordenadora da Especialização em Estomaterapia, que explica a relevância dessa iniciativa: a prevenção começa com exames regulares que todos os pacientes têm direito. Segundo ela, a estratificação de risco permite classificar o nível de vulnerabilidade de cada pessoa, possibilitando ações preventivas mais efetivas.
Sandra Marina contextualiza ainda os dados nacionais e regionais sobre complicações em diabéticos: “Hoje somos o sexto país do mundo com maior número de amputações relacionadas à diabetes e, proporcionalmente ao número de habitantes, o Piauí ocupa a terceira posição no Nordeste. O objetivo é evitar que continuemos com altos índices de amputação no país”.
A professora destaca a importância da atenção primária como porta de entrada para os cuidados de saúde, aproveitando a ampla cobertura do Programa Médico da Família, que atualmente atende 98% da população: “Essa capacitação, realizada em parceria entre a UESPI e a Fundação Municipal de Saúde, visa deixar médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem preparados para a avaliação de risco. Após isso, também faremos a passagem de conhecimento para os agentes comunitários, garantindo que toda a rede de atenção à saúde trabalhe de forma integrada na prevenção de complicações nos pés de pessoas com diabetes”.

Profissionais da atenção primária recebem treinamento sobre cuidado com pés diabéticos em parceria UESPI e FMS
Durante a capacitação sobre estratificação de risco nos pés de pessoas com diabetes, os profissionais de saúde destacaram a importância do treinamento para a atualização das práticas clínicas e a prevenção de complicações. A médica Indira Castro, participante do curso, ressaltou que a iniciativa tem impacto direto na qualidade do atendimento e na segurança dos pacientes. “Essa capacitação tem sido muito importante para evitar complicações na pessoa diabética no pé, para evitar amputação, úlceros que demoram muito o tratamento e assim tem permitido que a gente possa se atualizar e conhecer novas maneiras de avaliar esse pé diabético e prevenir essas complicações”.
Segundo Indira Castro, o curso oferece orientações práticas que ampliam a capacidade dos profissionais de identificar precocemente riscos e agir de forma preventiva, fortalecendo o cuidado na atenção primária e evitando complicações graves, como amputações.
Durante a capacitação, o Dr. Jefferson Abraão, palestrante do curso, destacou a relevância do treinamento para os profissionais de saúde que atuam na atenção primária, principal porta de entrada do paciente com diabetes no Sistema Único de Saúde (SUS). “Essa capacitação é fundamental, pois estamos formando médicos e enfermeiros da Atenção Primária à Saúde. A Atenção Primária é a porta de entrada do paciente com diabetes no SUS, e esses profissionais precisam estar capacitados para realizar a avaliação adequada”.
Ele reforçou a importância da prevenção. “Com a avaliação correta, podemos realizar intervenções precoces e reduzir a ocorrência de amputações em membros inferiores, que são as principais complicações decorrentes do diabetes. Por isso, é essencial que os profissionais saibam identificar os riscos e intervir de forma precoce, evitando agravos da doença”.
Segundo o Dr. Jefferson Abraão, a capacitação garante que médicos e enfermeiros atuem de maneira preventiva, fortalecendo o cuidado na atenção primária e contribuindo para a redução de complicações graves nos pacientes diabéticos.
A enfermeira Adriana Sava, que atua na Estratégia de Saúde da Família, destacou a relevância do treinamento diante da grande demanda de pacientes diabéticos que acompanham diariamente. “O treinamento, sem sombra de dúvida, foi excelente, né? Tem uma importância grande para nós, que somos profissionais da Estratégia de Saúde da Família, considerando que nós temos uma demanda muito grande de pacientes com diagnóstico de diabetes e pacientes que até então não eram examinados por conta da ausência realmente de conhecimento sobre o passo a passo dessa avaliação. A gente se limitava a estar avaliando a questão só através de um olhar, sem nenhum equipamento, né? Sem nenhuma precisão como no sul. Foi repassado nesse treinamento hoje.”
Ela ainda reforçou que a capacitação permitiu que os profissionais realizem avaliações mais precisas e seguras, utilizando os protocolos e equipamentos adequados. Para ela, esse aprendizado contribui para a prevenção de complicações graves, como úlceras e amputações, e fortalece a qualidade do cuidado prestado aos pacientes diabéticos na atenção primária à saúde.
A técnica de enfermagem Viviane Rocha, que atua na atenção primária, ressaltou como o treinamento aprimora a orientação aos pacientes. “O cuidado com os pés do diabético é essencial. Se não houver atenção, podem surgir úlceras, até mesmo por pequenos acidentes, como pisar em um prego. Hoje, aprendemos formas práticas de avaliar os pés e já posso orientar os pacientes antes mesmo de eles falarem com a médica, mostrando a importância de observar os pés diariamente”.
Segundo Viviane Rocha, a capacitação permite que profissionais da enfermagem atuem de forma preventiva, fortalecendo a atenção básica e contribuindo para evitar complicações graves nos pacientes diabéticos, como úlceras e amputações.
A ação demonstra como a cooperação entre universidade e serviço público fortalece a formação continuada dos profissionais de saúde, melhora a qualidade do atendimento nas unidades básicas e reforça práticas de cuidado humanizado com os pacientes. Ao capacitar os profissionais, a iniciativa busca reduzir complicações, promover prevenção efetiva e, consequentemente, aumentar a qualidade de vida de pessoas com diabetes em Teresina.