Por Roger Cunha
A Universidade Estadual do Piauí (UESPI) instituiu, por meio da Portaria GR nº 761, de 28 de julho de 2025, a Comissão para Elaboração do Manual de Normalização de Trabalhos Acadêmicos. A medida estabelece diretrizes voltadas à padronização formal e técnica da produção científica nos cursos de graduação e pós-graduação.

Produção científica da UESPI terá manual próprio elaborado por comissão da Biblioteca Central
A presidência da comissão está sob responsabilidade do bibliotecário Edimar Lopes, da Biblioteca Central. Segundo ele, o manual buscará organizar as orientações já existentes e adaptá-las à realidade da UESPI. “Cada instituição desenvolve o seu próprio manual para atender também, além da questão da padronização técnico-científica, descrever as formas de elaboração dos trabalhos científicos dentro da instituição: monografia, artigos, projetos de pesquisa, resumos e outros”, explica.
Para Edimar Lopes, o manual pretende tornar mais acessível a aplicação das normas técnicas na elaboração de trabalhos acadêmicos. “A gente já tem as normas da ABNT, mas elas são meio que pulverizadas e muitas vezes não são articuladas entre si, e isso causa uma grande dificuldade no discente. Nem sempre o exemplo que é dado na norma para um aluno iniciante na pesquisa é claro”, avalia. A proposta é reunir essas normas de forma integrada, com exemplos mais próximos da realidade institucional.
A comissão já iniciou seus trabalhos, com reuniões e divisão das responsabilidades entre seus membros. “Comissão já se reuniu, já foi montada, é formada por vários membros de várias áreas do conhecimento, incluindo docentes e bibliotecários. Nós estamos na etapa de construção do conteúdo, depois vai passar pela revisão, diagramação, normalização e, em seguida, será disponibilizada a boneca para a consulta pública”, detalha.
A expectativa é de que o documento seja disponibilizado à comunidade após as etapas de finalização, que incluem a análise das sugestões da consulta pública, a publicação pela Editora da UESPI com ISBN e, por fim, a produção de templates. “Posteriormente será feito o que a gente chama de template, modelos quase prontos dos trabalhos acadêmicos. Vai ter modelo de monografia, projeto de pesquisa, projeto de intervenção, dissertação, tese, relatório técnico-científico, entre outros”, explica. Os arquivos serão disponibilizados em múltiplos formatos (.doc, .odt, .pdf, .latex), com estrutura padronizada e orientações inseridas diretamente no corpo dos arquivos.
Edimar Lopes destaca que o manual terá impacto direto na visibilidade das produções acadêmicas da UESPI. “Ajudará muito na visibilidade das produções da UESPI, no acesso, a partir do momento que as informações forem produzidas com maior qualidade. Isso permitirá que as fontes de informação possam ser verificadas, que é um dos pontos importantes do processo de construção da ciência”, afirma.
Outro aspecto importante citado por Edimar Lopes é a relação entre normalização e prevenção de plágio. “Fora também as questões que envolvem a redução do risco de plágio, já que dentro do manual traz as questões que envolvem como citar as fontes de informações que são utilizadas e como referenciar essas fontes”, diz. Ele acrescenta que a padronização facilita a atribuição correta dos créditos autorais e conecta as produções à teia da ciência, permitindo a verificação pelos pares.
Com a consolidação do Repositório Institucional e a digitalização dos TCCs, a padronização torna-se ainda mais relevante. “Com o advento do repositório institucional e a digitalização dos documentos dos TCCs, nossos trabalhos acadêmicos já estão disponíveis no nosso repositório, na internet, para pesquisa para comunidades, empresas, universidades. Inclusive o nosso repositório é indexado no Google Acadêmico, está disponível para o Brasil e para o mundo”, contextualiza. Diante disso, ele afirma que “houve a necessidade de padronizar os documentos técnico-científicos da universidade, tanto nos aspectos técnicos quanto estéticos”.
Edimar Lopes também ressalta que normalização não é apenas uma formalidade: “Sempre é um problema essa questão da normalização e tem toda uma importância. Não é um simples capricho. A padronização de documentos é uma necessidade para garantir a verificação, para que possa também haver a localização de informações dentro do próprio documento”.
O manual trará ainda seções específicas com orientações sobre glossários, sumários e estruturas que facilitam a navegação e leitura dos documentos. Além disso, abordará temas contemporâneos como o uso da inteligência artificial. “A gente vai mostrar a importância dessa temática, quais são as consequências, quais são os tipos de plágio, como evitar o plágio e também as situações que envolvem o uso de inteligência artificial. Como isso pode ajudar e quando pode ser considerado uma fraude ou plágio acadêmico”, adianta.
A comissão prevê a criação de subcomissões específicas para tratar das diferentes categorias de documentos. “São criadas subcomissões que irão trabalhar pedaços dessas normas: um vai trabalhar projeto de pesquisa, outro TCC, outro resumo, artigo, enfim. Depois será feita a juntada, diagramação e aplicação das normas da ABNT dentro do nosso manual”, explica.
Por fim, Edimar Lopes destaca que os exemplos utilizados ao longo do manual irão priorizar materiais disponíveis na Biblioteca Central e na Editora da UESPI. “Os exemplos que serão dados dentro do manual irão priorizar principalmente exemplos regionais e se utilizar principalmente de obras que a gente tem disponível na biblioteca central como também na editora da UESPI”, conclui.