Por Roger Cunha
No Campus Poeta Torquato Neto, da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) foi realizada uma aula prática especial para os alunos do curso de Biologia, abordando o manejo de BOIDAE. A atividade, conduzida pelo professor Lúcio Mattos, teve como foco a preservação dessas espécies, a importância de seu papel na ecologia e o desmonte de mitos e preconceitos em torno desses animais.
As aulas práticas no curso de Biologia proporcionam aos estudantes momentos de aprendizado valiosos, fortalecendo a conexão entre teoria e prática. Para enriquecer a formação dos futuros biólogos, o curso realiza atividades como visitas ao Bioparque, parcerias com profissionais que possuem animais legalizados, e o manejo ocasional de espécies do ambiente local. Essas iniciativas são essenciais para fomentar a preservação e ampliar o conhecimento sobre a fauna.
“Esses animais são alvo de muito preconceito e má informação há muito tempo. Eu tento há 35 anos tirar da cabeça das pessoas esse tipo de pensamento. Quando conseguimos uma aula prática como essa, buscamos promover o contato dos alunos com um animal tão mal visto e formar futuros pesquisadores que possam dar continuidade ao trabalho de desmistificação e preservação,” destacou o professor Lúcio Mattos.
Ele enfatizou que o estado do Piauí ainda conta com poucos pesquisadores dedicados ao estudo de serpentes. “No Piauí, quantos pesquisadores com serpentes tem? Eu, Davi Pantoja, da Federal, essa professora aqui e a professora Simone Mouzinho, quatro pessoas que eu saiba estão preocupados em desmistificar um animal, quatro pessoas, num estado inteiro. O resto do estado, você sabe como é que vivem os animais, né? Se vê uma jiboia, mata uma jiboia, uma salamanta, animais que não têm uma gota de veneno. Por quê? Porque as pessoas são preconceituosas e desinformadas,” afirmou.
Essas atividades destacam o compromisso do curso com a formação de profissionais capacitados e engajados com a preservação e a conscientização ambiental.
Jacqueline Lustosa, ambientalista e presidente do CABAR, reforçou a importância do manejo de boídeos na formação dos futuros biólogos. “É de extrema importância que o futuro biólogo tenha esse contato com as cobras, perca o medo e aprenda como fazer uma contenção. Isso é essencial não só para proteger as pessoas, mas também para salvar esses animais, que, infelizmente, são vistos como uma ameaça e muitas vezes terminam sendo mortos. Esses animais desempenham um papel fundamental na natureza,” destacou Jacqueline Lustosa.
Para os estudantes, o contato direto com os BOIDAE representa uma oportunidade valiosa de aprendizado e conscientização. Andréa Santiago, aluna do curso de Biologia, destacou a relevância da prática para sua formação profissional. “As aulas do professor Lúcio, especialmente as de ofídios, são extremamente importantes porque nos ajudam a desmistificar preconceitos que muitas pessoas têm sobre serpentes. Elas são frequentemente mortas por acharem que possuem veneno ou que são uma ameaça, mas, na verdade, fazem muito bem para o ecossistema,” explicou a estudante.
Ela também enfatizou o caráter preventivo dessas práticas: “Vejo essa atividade como uma maneira de ajudar a mudar a mentalidade das pessoas e preservar essas espécies que são cruciais para o equilíbrio ecológico.”
A aula prática reforçou o compromisso do curso de Biologia da UESPI com a formação integral de seus alunos, promovendo não apenas o aprendizado técnico, mas também a conscientização ambiental. A atividade serviu como uma ponte entre teoria e prática, preparando os estudantes para atuar como multiplicadores do conhecimento adquirido e contribuir para a preservação da biodiversidade.