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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ

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Parte III da série: “A Educação que transforma: Pronera a educação para as pessoas do campo

Por Giovana Andrade

Se formar professora ‘pra’ mim era um sonho distante que se concretizou através do PRONERA. É muito gratificante trabalhar na Educação, ver meu nome em lista de seleção de testes, meus colegas serem aprovados em testes seletivos e assumindo seus lugares nas salas de aula nas escolas do campo“. Essa realização pessoal  é da egressa do curso de Geografia ofertado pelo Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária da Universidade Estadual do Piauí, Maria Lucimar.

Maria Lucimar Soares, de 44 anos, é egressa do Pronera/Uespi . Graduada em Geografia, Lucimar é filha de assentados e viveu muitas dificuldades no campo. Ela encontrou na Educação um caminho para mudar o presente e o próprio futuro. Ingressou na UESPI pelo Pronera em 2015,  com a abertura do primeiro vestibular para o Programa, e diz que o impacto positivo da Educação atingiu não somente a vida dela mais também de todos e todas que são trabalhadores do campo e que nunca tiveram a oportunidade de estudar em uma universidade.

“O PRONERA é  resultado da luta dos movimentos sociais, em especial, do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra, o MST, e da luta sindical. Um programa pelo qual nós, nossos companheiros(as), que hoje são assentados (as), pelejaram para conquistar. Para mim é motivo de muito orgulho, porque é o resultado de toda a nossa batalha. Poder adquirir o conhecimento por meio do PRONERA nos permite fortalecer as nossas práticas produtivas nos assentamentos e acampamentos, além de nos permite conhecer e defender nossos territórios de vida e nossa cultura”, destaca.

Maria Lucimar, egressa de Geografia.

O Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA) foi criado em 1998, porém, somente em 2001, foi incorporado ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e, em 2015, foi aderido pela UESPI. O programa propõe e apoia projetos de educação voltados para o desenvolvimento das áreas de reforma agrária garantindo o acesso à educação para milhares de jovens e adultos que vivem em assentamentos/localidades visando o desenvolvimento do campo científico e tecnológico.

O acesso ao programa acontece via vestibular voltado para a população especificada pelo Art. 13 do decreto nº 7.352/10. O corpo docente conta com professores efetivos do quadro da nossa Universidade, que são convidados para ministrar diferentes disciplinas. Pode haver ainda seleção e convite a profissionais de outras IES. A previsão é que esse ano saia um novo edital para os cursos de História, Ciências Sociais e Agronomia. Atualmente, um curso está em fase de conclusão: Geografia, em São Raimundo Nonato.

Os cursos funcionam através de convênios e possuem formatação específica. Eles estão classificados dentro da modalidade presencial-especial, tornando-se presencial porque o educando tem que cumprir pelo menos 75% da carga horária do curso, e especial pela dinâmica do processo formativo de forma itinerante. Tal dinâmica está pautada na metodologia da Pedagogia da Alternância. Dessa forma, os cursos articulam dois momentos que, juntos compõem uma etapa de execução: tempo escola e tempo comunidade.

O tempo escola corresponde ao período em que as aulas acontecem presencialmente, onde os educandos e toda a equipe de coordenação e supervisão permanecem no mesmo espaço e, para isso, o alojamento e a alimentação dos envolvidos são custeados pelo Programa. Esse tempo tem duração de 30 a 45 dias de acordo com a concepção de cada projeto. Quando ele termina inicia-se o tempo comunidade, que corresponde ao período de férias letivas regulares, porém os estudantes não ficam de férias. Eles vão para casa com atividades que foram propostas a eles durante o tempo escola representando a continuidade do processo de formação.

Para a Coordenadora do Pronera/Uespi, Profa. Waldirene Lopes, esse é um programa emblemático para a Uespi , pois tem como função assegurar a chegada e permanência das pessoas do campo na Universidade, compondo a capilaridade da Uespi em atingir todo o estado do Piauí. “Dentro do Pronera tem um período que chamamos de tempo comunidade, que é quando eles retornam para suas comunidades/assentamentos e vão aplicar tudo aquilo que aprenderam. Então isso é revolucionário, porque o tempo todo eles estão fazendo essa conexão do teórico com o empírico. E isso é extremamente importante, porque a comunidade vê a devolutiva daquele período que os estudantes ficaram em formação e agrega um valor para a comunidade, para o estudante e toda a região” , finaliza.

Coordenadora do Pronera/Uespi, Waldirene Lopes.