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UESPI promove oficina sobre “Discursos Racializados” com o pesquisador Dr. Rogério Modesto

Por Roger Cunha 

A Universidade Estadual do Piauí (UESPI), por meio do Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL) e do Grupo de Pesquisa em Estudos da Linguagem e Discurso (GPELD), promove nos dias 3 e 4 de novembro a oficina “Discursos Racializados”, ministrada pelo professor Dr. Rogério Modesto, da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), da Bahia. A atividade integra o curso de extensão “Sentidos em Disputa: Oficinas em Análise de Discurso Materialista”, e acontece de forma presencial, das 8h às 12h, no Auditório do Palácio Pirajá, no Campus Poeta Torquato Neto, em Teresina.

Discursos racializados são tema de oficina no PPGL da UESPI

De caráter formativo e interdisciplinar, o curso de extensão “Sentidos em Disputa” vem se consolidando como um espaço permanente de debate e aprofundamento teórico em torno das vertentes da Análise de Discurso Materialista. De acordo com a professora Dr.ª Tarcilane Fernandes, coordenadora da ação, a iniciativa busca articular pesquisa, ensino e extensão por meio de discussões que aproximam a comunidade acadêmica de temas contemporâneos. “Hoje a gente realiza mais uma edição do curso de extensão Sentidos em Disputa, com a oficina Discursos Racializados. Essa é a quarta edição e faz parte de um programa permanente, com oficinas gratuitas voltadas tanto para alunos da pós-graduação quanto da graduação”, explica a docente.

A professora destaca que o projeto vem abordando diferentes eixos teóricos dentro da Análise de Discurso. “Já discutimos temas como memória, arquivo e discurso digital. Agora, o foco é refletir sobre as questões raciais e os discursos em torno do racismo. O curso segue até o próximo ano, com novas oficinas e pesquisadores convidados de diversas universidades, fortalecendo o diálogo interinstitucional e o compartilhamento de saberes”, complementa Tarcilane Fernandes.

Discursos racializados são tema de oficina no PPGL da UESPI

A proposta  tem como objetivo discutir as múltiplas formas de manifestação do racismo e das relações raciais no campo da linguagem, analisando como os discursos refletem, naturalizam ou resistem a processos de racialização. Segundo o Professor Doutor Rogério Modesto, compreender os discursos racializados é essencial para perceber como a raça opera socialmente para além das menções explícitas. “Quando falamos de discursos racializados, pensamos em como certas noções ligadas à racialidade aparecem em outros discursos, mesmo quando não se fala diretamente sobre raça ou racismo. Muitas vezes o racismo se manifesta em formas sutis, que passam despercebidas no cotidiano”, explica o pesquisador.

Ele observa que os discursos sobre raça não se restringem a momentos em que o tema é nomeado, mas se revelam nas estruturas linguísticas, nas práticas sociais e nas ideologias que sustentam o funcionamento da sociedade. “Costumamos imaginar que só falamos de racismo quando utilizamos palavras ofensivas ou quando o tema é abordado de forma explícita. Mas o racismo pode se manifestar nas entrelinhas, em gestos, expressões e comportamentos. É o chamado racismo velado, que se expressa de modos múltiplos e variados”, ressalta Rogério Modesto.

Discursos racializados são tema de oficina no PPGL da UESPI

Ao trazer o debate para o campo da Análise de Discurso Materialista, o professor destaca que o papel dessa vertente teórica é compreender como os sentidos são produzidos, circulam e se consolidam ideologicamente. “A Análise de Discurso Materialista não busca desmascarar ou revelar uma verdade oculta, mas entender como os sentidos funcionam. Cada discurso é produzido em um lugar histórico e ideológico, e isso determina a forma como as pessoas significam o mundo”, pontua.

Para Rogério Modesto, refletir sobre o discurso racializado é também um exercício de escuta crítica e de reconhecimento da presença do racismo em diferentes esferas sociais. “O racismo não aparece apenas em debates teóricos ou em datas específicas, como o mês da consciência negra. Ele está na base da nossa sociedade. Falar de raça faz sentido no Brasil porque as relações sociais estão atravessadas por ela e compreender isso é um passo importante para transformar a forma como pensamos e agimos”, afirma.

Discursos racializados são tema de oficina no PPGL da UESPI

O professor enfatiza ainda que o trabalho com a linguagem é fundamental para a construção de uma consciência crítica sobre as desigualdades raciais e sobre as possibilidades de resistência. “A ideia é que os alunos possam refinar sua escuta discursiva, compreender os mecanismos de funcionamento da racialidade e perceber como certos sentidos se reproduzem ou são questionados. É nesse espaço de análise que também se constroem os processos de resistência e de ressignificação”, complementa.

A oficina “Discursos Racializados” integra a programação do curso “Sentidos em Disputa”, que vem se consolidando no PPGL/UESPI como um importante espaço de formação, troca de saberes e aprofundamento teórico sobre a linguagem. A iniciativa reafirma o compromisso da universidade com a pesquisa crítica, a valorização da diversidade e o enfrentamento das desigualdades sociais por meio da produção acadêmica.

Para o aluno do PPGL, Tharlissonn Costa, participar de debates como o promovido pela oficina permite compreender na prática como a linguagem e o discurso se entrelaçam com questões sociais, históricas e ideológicas. “A Análise de Discurso Materialista nasce justamente nesse entremeio entre teoria e prática. Debates como este são fundamentais para a gente refletir sobre como diferentes materialidades discursivas se articulam no cotidiano e influenciam a construção de sentidos e relações de poder. É uma experiência que conecta diretamente a formação acadêmica com a realidade social em que estamos inseridos”, explica.

Discursos racializados são tema de oficina no PPGL da UESPI

A oficina integra o curso de extensão Sentidos em Disputa e oferece aos estudantes e pesquisadores a oportunidade de discutir questões de identidade, diversidade e linguagem na prática acadêmica. A iniciativa aproxima a UESPI e o GPELD de temas sociais relevantes, estimulando reflexões sobre desigualdades e promovendo a valorização da pluralidade de vozes no ambiente universitário.