Por Roger Cunha
A Universidade Estadual do Piauí (UESPI) marca presença no V Encontro Internacional Lusófono: Todas as Artes | Todos os Nomes – Arte e Políticas para a Cultura na Era da Inteligência Artificial, que tem início nesta segunda-feira (30) e segue até quarta-feira (2), na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, em Portugal. O evento é considerado uma das mais importantes referências no campo dos estudos culturais contemporâneos no espaço lusófono e reúne pesquisadores de diversos países para debater os impactos da inteligência artificial nas práticas artísticas, educativas e socioculturais.

Pesquisadores da UESPI participam de encontro lusófono sobre cultura digital e inteligência artificial
A programação é marcada por um olhar interdisciplinar e crítico, abordando a presença da inteligência artificial como fenômeno não apenas tecnológico, mas cultural, ético e político. Nesse contexto, a participação da UESPI reforça o papel da universidade pública como espaço de produção de conhecimento atento às transformações do mundo digital e às dinâmicas que atravessam a linguagem, a subjetividade e os modos de existência mediados por algoritmos.
A instituição será representada na Sessão 18 – Mundos Digitais, Palavras, Textos e Identidades, agendada para a quarta-feira (2), das 14h às 16h (horário de Lisboa). A sessão é coordenada pela Profa. Dra. Márcia Edlene (ProfLetras/UESPI) e contará com apresentações de pesquisas desenvolvidas pelos(as) docentes Prof. Dr. Franklin Oliveira Silva, Prof. Dr. Herasmo Brito, Prof. Dr. Luciano Ferreira e Profa. Dra. Nize Martins, todos com atuação nos programas de pós-graduação da universidade.
Entre os destaques, está o trabalho do Prof. Dr. Franklin Oliveira Silva, que investiga como a inteligência artificial estrutura argumentações em textos gerados automaticamente. Em um cenário de crescente uso de ferramentas baseadas em IA em atividades acadêmicas, jornalísticas e institucionais, sua pesquisa propõe uma leitura crítica da lógica discursiva dessas produções e dos modos como elas constroem sentido. “A pesquisa que irei apresentar discute como a inteligência artificial constrói argumentos em textos, o que dialoga diretamente com o tema do evento. Trata-se de refletir criticamente sobre os impactos da IA na linguagem, na cultura e na produção de sentido, sobretudo em tempos de automação crescente do discurso”, explica o pesquisador.

Pesquisadores da UESPI participam de encontro lusófono sobre cultura digital e inteligência artificial
A relevância da pesquisa transcende a análise técnica, pois toca em uma questão central: como a linguagem mediada por IA redefine as relações humanas, a credibilidade textual e as formas de interação com o conhecimento. Nesse aspecto, a participação da UESPI representa não apenas uma inserção institucional no debate internacional, mas também a afirmação de uma abordagem crítica, enraizada no contexto educacional brasileiro. “A UESPI, por meio de seus programas de pós-graduação, tem promovido uma produção científica comprometida com questões atuais. Contribuímos com olhares críticos sobre as relações entre linguagem, tecnologia e sociedade”, pontua Franklin.
Ao integrar um evento dessa magnitude, os pesquisadores da UESPI se somam a uma rede de diálogo transnacional, valorizando o conhecimento produzido no Piauí e reafirmando a relevância das universidades do Nordeste no circuito acadêmico global. Para o professor, essa experiência fortalece a identidade científica da instituição. “É uma oportunidade de compartilhar pesquisas, dialogar com outras realidades e reafirmar que o que produzimos na UESPI também tem relevância internacional. Levo comigo o trabalho coletivo que realizamos no PPGL, especialmente nos grupos de pesquisa dos quais fazemos parte, e sei que as discussões promoverão novos aprendizados.”

Pesquisadores da UESPI participam de encontro lusófono sobre cultura digital e inteligência artificial
A pesquisa do docente também se propõe a extrapolar os limites acadêmicos, buscando provocar impactos concretos em práticas pedagógicas e culturais. Ao analisar a argumentação produzida por sistemas de IA, a proposta contribui com o desenvolvimento de um letramento digital mais consciente, capaz de instrumentalizar professores, alunos e pesquisadores para o uso ético e reflexivo dessas ferramentas. “Ela pode apoiar o desenvolvimento de práticas educativas mais críticas no uso de IA, incentivar o letramento digital e promover reflexões sobre texto, argumentação, ética e linguagem. Também pode contribuir com propostas eficientes quanto ao uso da IA em contextos educacionais”, completa.
A coordenadora da sessão, Profa. Dra. Márcia Edlene, também destaca a importância estratégica da presença da UESPI no evento. Para ela, os trabalhos apresentados refletem o compromisso da universidade com uma produção científica atualizada e conectada com os desafios da contemporaneidade. “É um protagonismo que nasce do nosso tempo e do nosso contexto, marcado pelo uso das tecnologias no ensino, tanto na educação básica quanto no Ensino Superior. A atuação integrada dos docentes do ProfLetras e do PPGL mostra o quanto a universidade está atenta aos desafios e às possibilidades do presente”, ressalta.