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Discentes desenvolvem pesquisas em parceria com a EMBRAPA e SAF sobre galinha canela preta

Por Giovana Andrade

Neste mês, as alunas Jamila Amarante e Jyslane Silva, do curso de Zootecnia, defenderam seus Trabalhos de Conclusão de Curso, ambos focados em pesquisas aplicadas com a raça Canela-Preta, sob a orientação da professora Débora Carvalho.

A discente Jyslane Silva, a professora Débora Carvalho e a discente Jamila Amarante.

As pesquisas foram realizadas em parceria com a Embrapa e a SAF. Segundo a professora Débora Carvalho, a Embrapa é a responsável pelas pesquisas com a raça de galinha Canela Preta, enquanto a SAF, a Secretaria da Agricultura Familiar, desempenha um papel crucial na difusão da raça entre os produtores.

“A Canela Preta é uma raça piauiense, com pelo menos quinhentos mil agricultores familiares criando galinhas caipiras tradicionais. Esta raça é bem adaptada à realidade social dos produtores. Isso significa que, para ser criada, ela não necessita de muita tecnologia nem de insumos externos, como rações à base de milho e soja. Ela pode ser alimentada com produtos que o próprio produtor cultiva na sua propriedade, como macaxeira e batata doce. Portanto, a criação dessa raça tem um impacto social significativo no estado. Ela é uma raça que se adapta bem ao calor extremo, uma característica essencial para a sustentabilidade da avicultura na nossa região”.

A discente Jyslane Silva escolheu como temática do seu TCC a “Correlação do peso do ovo com o peso do pinto ao nascer“. Ela explica que no criatório familiar caipira trabalha-se com a seleção de ovos por peso para incubação. Este experimento foi inicialmente feito pelos alunos da turma anterior de Zootecnia, que agora estão no décimo período. Na ocasião, foram incubados 179 ovos e realizados estudos sobre embriodiagnóstico e morfometria dos ovos da raça Canela-Preta, que também resultaram em trabalhos de TCC.

“Com base nesses dados de incubação já disponíveis para a raça, ao discutir com minha orientadora, decidimos explorar a correlação entre o peso do ovo e o peso do pinto. Descobrimos que, de fato, existe uma correlação entre o peso do ovo e o peso do pinto ao nascer. Foram analisadas três cores de ovos da Canela-Preta (azul-esverdeado, amarelo e marrom-avermelhado), e constatamos que os ovos mais pesados, que eram os de cor amarela, originaram os pintos mais pesados ao nascer, de acordo com a média de peso. Este fenômeno já foi observado em frangos de corte e, com base nisso, realizamos este estudo para verificar se o mesmo ocorreria em galinhas caipiras da raça Canela-Preta”.

Já Jamila Amarante escolheu para trabalhar em seu TCC ” O Padrão fenotípico de machos, fêmeas, pintos e ovos de aves caipiras da raça Canela-Preta“. Ela destaca que seu trabalho representa uma atualização da literatura sobre o padrão fenotípico de machos, fêmeas e ovos da raça canela-preta, e trouxe como novidade o padrão fenotípico de pintos da raça canela-preta . A pesquisa foi conduzida com animais provenientes do criatório familiar caipira localizado no município de Demerval Lobão e teve como conclusão que as galinhas nativas da raça Canela-preta possuem elevada diversidade genética para todos os parâmetros avaliados, que acabam refletindo nas suas características fenotípicas.

“As fêmeas possuem 4 variedades de plumagens: dourada ou jacú, prateada, preta e pescoço pelado. Os machos também possuem 4 variedades de plumagem: prateado amarelado, prateado esbranquiçado, avermelhado e pescoço pelado. E são características obrigatórias dos machos reprodutores possuírem o peitoral completamente preto, barbela e crista rudimentar, canela preta. Os pintos têm diversidades de características ao nascer, possuem pelo menos 6 tipos de variedades e os ovos possuem coloração verde-azulado, amarelo e marrom-avermelhado. Logo, essas variabilidades não foram discrepantes a ponto de desagrupar os animais, demonstrando que se trata de um único grupo genético, ou seja, de uma raça com padrões fenotípicos definidos. Portanto, isso mostra a riqueza genética que precisa ser conservada, promovida e fomentada não somente no nosso Estado, mas em todo país”.

Ambos os TCCs foram desenvolvidos em criatórios familiares caipiras, em convênio com a UESPI, e realizados na condição de pequenos produtores familiares. Esses criatórios contaram com a parceria e o suporte direto da Embrapa, que os implantou e mantiveram a colaboração. Por meio dessa parceria, os produtores foram indicados e a pesquisa foi realizada. A Embrapa fomentou o desenvolvimento da metodologia e do experimento, fornecendo assistência durante todo o processo.

“No projeto TCC, convidamos representantes dessas instituições para contribuírem na redação do manuscrito final. Realizamos os experimentos a campo e escrevemos a pesquisa, mas as contribuições da Embrapa e da SAF foram fundamentais para o documento final que será publicado na comunidade científica”, destacou a docente orientadora.

Marcos Jacob, Analista de transferência de tecnologia da EMBRAPA Meio-Norte, fez parte da banca examinadora dos TCC´s, ele pontua que a inclusão da temática sobre raças nativas na pesquisas realizadas na UESPI, aproxima ainda mais as duas instituições, possibilitando maiores contribuições para a sociedade.
A UESPI está de parabéns ao desenvolver pesquisas que geram conhecimentos de uso imediato pelos criadores, uma vez que esses conhecimentos possibilitam melhorias nos sistemas de produção”.