Por Clara Monte
A comunidade acadêmica do curso de Licenciatura Plena em Ciências Sociais da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) desenvolvem um projeto de pesquisa, ensino e extensão intitulado “A comida que comemos, somo os Warao: Cultura alimentar de imigrantes e refugiados em Teresina-PI”. Como parte da pesquisa, no dia 28 de outubro, as turma do primeiro e terceiro blocos do curso, juntamente com professores envolvidos, visitaram a comunidade indígena de venezuelanos Warao, na capital do Estado.
Visita na comunidade indígena de venezuelanos Warao em Teresina/ fotos por: John Lucas Pereira Cruz
A iniciativa foi introduzida nas disciplinas de Antropologia II da Lic. Plena em Ciências Sociais, do Prof. Marcelo Reges, e Iniciação à Antropologia da Lic. Plena em Ciências Sociais, do Prof. Hermes de Sousa. Durante a visita, o principal objetivo foi observar a preparação dos alimentos pela comunidade, culminando na degustação de diversos pratos elaborados de acordo com o cotidiano do povo indígena Warao no Brasil.
Além dos Prof. Marcelo Reges e do Prof. Hermes de Sousa, uma equipe de professores se uniram para a realização da atividade. Entre eles: Profª Dra. Carmem Lúcia Silva (PPGAS/UFPI), Prof. Dra. Lucineide Barros Medeiros (CECCA/UESPI), Prof. Dr. Alcebiades Costa Filho (História/UESPI); Prof. Dr. Fabio Martinez Serrano Pucci (Sociologia/IFPI) e Profª Dra. Maria Keila Jeronimo (Filosofia/IFPI).
O organizador, Prof. Marcelo Reges, destacou que povo Warao os recebeu com hospitalidade e carinho, compartilhando sua sabedoria. Ao mesmo tempo, ressaltou a responsabilidade da universidade em mediar discussões interculturais, aproximando a sociedade piauiense da diversidade cultural e estimulando o compromisso do Estado do Piauí com políticas públicas nas áreas de educação, saúde e alimentação.
Visita na comunidade indígena de venezuelanos Warao em Teresina/ fotos por: John Lucas Pereira Cruz
“Vindos da Venezuela na condição de refugiados e migrantes, em 2019, este povo tem uma cultura alimentar riquíssima. Mas, infelizmente, devido as condições como refugiados e migrantes, eles estão sofrendo com uma situação de “insegurança alimentar” no Brasil. Como professores e estudantes, temos uma responsabilidade ética em minimizar os riscos que afetam todas as populações que se deslocam de forma forçada de seus locais de origem, vivendo longe de seus parentes e tradições na situação de refugiados e migrantes.”
Visita na comunidade indígena de venezuelanos Warao em Teresina/ fotos por: John Lucas Pereira Cruz
Wellen Silva Sampaio, estudante do terceiro período de Ciências Sociais, compartilha a importância não apenas do ponto de vista acadêmico, mas também pessoal por ter participado dessa experiência. Para ela, ao observar de perto a preparação de alimentos, como pão e tapioca, conseguiu notar semelhanças com o modo de preparo tradicional. Além disso, a aluna conta que a presença de crianças e jovens participando das atividades, como meninas auxiliando suas mães e crianças brincando ao redor, também chamou sua atenção.
Visita na comunidade indígena de venezuelanos Warao em Teresina/ fotos por: John Lucas Pereira Cruz
“Foi possível ver a difícil realidade enfrentada pelo povo Warao, em Teresina, destacando os desafios de serem refugiados e as diversas formas de preconceito que enfrentam, desde a dificuldade de encontrar trabalho até o acesso à saúde. Mas, pude perceber que, apesar das adversidades, o povo Warao continua lutando pela sobrevivência e pela preservação de sua cultura. Através dessa visita, também tivemos a oportunidade de conhecer o projeto de extensão “Ciranda Latina”, realizado por alunos da UESPI, que atende crianças, jovens e adolescentes da comunidade Warao, visando a alfabetização, compreensão da língua portuguesa e estudo da cultura Warao. Acredito muito que esses tipos de projetos contribuem para nossos aprendizados como alunos e auxiliam em futuras mudanças na sociedade”.