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Rio Vivo transforma pesquisa em ação e aproxima população da conservação ambiental

Por Roger Cunha 

Em Campo Maior, onde os rios influenciam diretamente o modo de vida das comunidades, preservar a água deixou de ser apenas uma preocupação ambiental. Tornou-se também uma necessidade de saúde pública e de desenvolvimento local. Nesse contexto foi criado o projeto “Rio Vivo: Conectando Ciência, Conservação e Comunidade”, coordenado pelo professor Lucas Ramos. A iniciativa, contemplada pelo edital UESPITech II, reúne pesquisadores da UESPI, IFMA e UFPI em um trabalho que pretende aproximar ciência e população para fortalecer a preservação dos rios.

Projeto financiado pelo UESPITech II transforma pesquisa em ação pela saúde dos rios / Imagem gerada por IA

O Rio Vivo nasceu da percepção de que boa parte do conhecimento produzido na universidade não chega às pessoas que convivem diariamente com os impactos da degradação hídrica. Lucas Ramos explica que a ideia surgiu da necessidade de aproximar pesquisa e comunidade, especialmente quando o tema envolve a água, que é um recurso determinante para a saúde, o sustento e a qualidade de vida de famílias inteiras. Segundo ele, o projeto foi idealizado para facilitar o acesso ao conhecimento científico e estimular nas comunidades a consciência sobre o papel dos rios na vida cotidiana. “O projeto surgiu da necessidade de promover a integração entre pesquisadores, alunos e a comunidade local, compartilhando nossas pesquisas e propondo ações educativas voltadas à preservação dos rios da região. Percebemos que muito do conhecimento produzido não chegava ao grande público, e o Rio Vivo passa a ser uma ponte para divulgar informações sobre a biodiversidade e reforçar a importância da conservação”, afirma.

O trabalho parte de uma abordagem ampla. A equipe busca compreender como a qualidade da água do Rio Surubim interfere no dia a dia da população, tanto no aspecto ambiental quanto na saúde. O monitoramento reúne dados físico-químicos, microbiológicos e biológicos, formando um diagnóstico completo sobre o rio. Essas informações servirão de base para que gestores públicos possam atuar com mais precisão no planejamento de ações de saneamento, na prevenção de doenças de veiculação hídrica e na conservação dos recursos naturais. Lucas reforça que a proposta envolve ciência e cidadania ao mesmo tempo. “Vamos associar o conhecimento da biodiversidade do Rio Surubim aos impactos na qualidade da água e na saúde humana, além de realizar ações educativas em diferentes segmentos da sociedade. O projeto também vai desenvolver um ambiente virtual interativo e um jogo digital educativo, integrando tecnologia, ciência e aprendizagem”, explica.

O monitoramento ambiental realizado pelo grupo amplia a rede de observação já existente ao incluir elementos que costumam passar despercebidos, como a fauna e a flora que vivem no rio. Além de analisar pH, turbidez, oxigênio dissolvido e condutividade elétrica, o projeto estuda também macroinvertebrados e organismos indicadores da saúde do ecossistema. A equipe irá organizar os dados em relatórios a serem enviados para secretarias e órgãos de vigilância e saúde pública, fortalecendo o conjunto de informações sobre as bacias piauienses. Lucas observa que o Surubim é apenas o início. “A ideia é consolidar a metodologia em Campo Maior e futuramente expandir para outros municípios por meio de ações itinerantes”, afirma.

Projeto financiado pelo UESPITech II transforma pesquisa em ação pela saúde dos rios / Imagem: Internet.

Com o investimento recebido pelo UESPITech II, o grupo adquiriu equipamentos imprescindíveis para análises ambientais, garantindo precisão e segurança nas primeiras etapas do projeto. A estrutura inclui uma autoclave para esterilização de materiais, um microscópio biológico com sistema de vídeo digital para identificação de organismos aquáticos e, em breve, uma impressora 3D para produção de modelos didáticos utilizados nas ações educativas. “Os equipamentos permitirão identificar organismos aquáticos, produzir imagens para materiais didáticos e elaborar modelos tridimensionais para ações educativas. Tudo isso ajuda a transmitir conhecimentos básicos sobre espécies de água doce e reforçar a importância da qualidade da água na prevenção de doenças”, destaca o professor.

Mesmo em fase inicial, o projeto já começa a gerar movimento nas redes sociais e despertar interesse entre estudantes e moradores de Campo Maior. A divulgação das primeiras atividades tem motivado jovens de diferentes áreas a buscar mais informações sobre o trabalho, demonstrando que a aproximação entre ciência e comunidade está surtindo efeito. “A interação nas redes está sendo muito positiva. Alunos de diferentes cursos têm mostrado interesse e curiosidade em conhecer mais sobre nossas ações”, comenta Lucas.

Os próximos passos incluem o desenvolvimento de um jogo digital educativo, a criação de um ambiente virtual interativo e a produção de modelos didáticos em 3D para compor uma exposição itinerante que será levada a escolas e espaços públicos. Também será elaborada uma cartilha informativa com dados sobre o Rio Surubim e sobre os organismos que habitam esse ecossistema. A etapa final prevê a entrega de um relatório técnico à Secretaria Municipal de Meio Ambiente com informações detalhadas sobre os parâmetros físico-químicos, microbiológicos e biológicos da água. Esse documento oferecerá subsídios para ações de restauração ecológica e para estratégias de prevenção de doenças relacionadas à falta de qualidade da água.

O projeto Rio Vivo reforça a importância da pesquisa aplicada e do envolvimento direto com as comunidades locais. Em um cenário de mudanças climáticas, poluição e pressão crescente sobre os rios, a iniciativa mostra que preservar a água é também preservar a vida e garantir um futuro mais saudável para as cidades que dependem desses recursos. A proposta une conhecimento científico, tecnologia e participação social, promovendo uma nova forma de pensar educação ambiental e gestão hídrica no Piauí.