Por João Fernandes
O processo produtivo da opala obedece às diretrizes da sustentabilidade? No mês em que refletimos sobre conservação ambiental e preservação de recursos naturais, a professora Lilane de Araújo Mendes Brandão, da Universidade Estadual do Piauí (UESPI), trouxe à tona uma análise da viabilidade econômica, social e ambiental do processo produtivo da opala no município de Pedro II. Com este levantamento a pesquisadora pretende fornecer subsídios para a melhoria contínua desse processo.
A opala é uma pedra preciosa apreciada por sua beleza e brilho único e o município de Pedro II, distante da capital cerca de 205 Km, é conhecido por abrigar jazidas consideráveis deste mineral. Nesse sentido, o processo produtivo desse mineral apresenta relevância nas esferas internacional, nacional e estadual e é ser visto como estratégia para promover o desenvolvimento social, econômico e ambiental das localidades detentoras dessa atividade.
Em seu estudo, a Professora Lilane de Araújo, do curso de Matemática do campus Torquato Neto, aponta o impacto da extração, mineração, confecção das joias e a comercialização dos produtos, considerando um conjunto de fatores que contribuem para a sustentabilidade. Para isso, ela conduziu uma pesquisa detalhada que envolveu observações, revisão de estudos já realizados, estudos de caso, pesquisas teórico-práticas e metodologias para responder a questão central da pesquisa de Doutorado no Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção da Universidade Paulista – UNIP.
Dentre suas observações, ela aponta como é fundamental que o poder público e os agentes envolvidos no processos produtivos da opala, em Pedro II, estejam atentos aos resultados deste estudo, como forma de destacar a importância da adoção de práticas responsáveis de mineração que garantam a preservação do meio ambiente e evitem danos irreversíveis à fauna e flora dos locais.
“Ao longo da pesquisa foram observados diversos fatores relevantes, tais como, o crescimento comercial provocado pela extração da pedra, como essa prática obedece as culturas regionais, como se dá a participação da comunidade nesse processo e, ainda, como este comércio é visto pela sociedade. O objetivo era compreender como a extração da pedra impacta na economia, no meio ambientais e, acima de tudo, na vida das pessoas”, explica a Professora.
Em sua tese, a Docente alerta para os prejuízos causados, muitas vezes, por práticas de atividades sem as devidas licenças ambientais e outras ações humanas que impactam no ecossistema como um todo. “Nesse contexto, surge a preocupação em avaliar a vida útil das minas, a origem das pedras, as condições de trabalhos, capacidades tecnológicas e habilidades do lapidário. Esses são fatores importantes para agregar valor às gemas e garantir a origem das pedras”.
No campo, a Professora pôde perceber que este processo acontece sem o monitoramento adequado dos agentes reguladores em relação aos índices de sustentabilidade e compensação financeira por extração deste minério. “A cadeia produtiva da opala apresenta potencialidades excepcionais em termos econômicos para a região de Pedro II, tais como, o fomento ao turismo ecológico, geração de emprego e renda para a comunidade e o surgimento de novos museus. Logo, é necessário que as riquezas produzidas sejam distribuídas de forma igualitária entre a comunidade”, comenta a professora.
A tese da Profa. Dr. Lilane de Araújo foi defendida em 2022 e, agora, ela irá receber menção honrosa na Universidade Paulista – UNIP. Este reconhecimento é atribuído as teses que são consideradas excepcionais em termos de originalidades, qualidade e contribuição para respectiva área de estudo.
“Receber essa distinção significa muito para mim. É um reconhecimento desta riqueza do nosso Estado, que será apresentada a nível estadual, nacional e internacional. Mais do que isso, mostra que a opala já ultrapassou as fronteiras e prova sua potencialidade”, afirmou ela.