Por Anny santos
A Coordenação da Especialização em Estomaterapia da Universidade Estadual do Piauí (UESPI), juntamente com o curso de Bacharelado em Enfermagem, está realizando uma capacitação de enfermeiros para atendimentos referentes a incontinência urinária, além de receber e tratar gratuitamente pacientes, previamente agendados, que possuam sintomas da doença, na Faculdade de Ciências Médicas (FACIME/UESPI).
De acordo com a professora Coordenadora da Especialização em Estomaterapia, Sandra Marina, a Estomaterapia é uma área de especialidade específica da enfermagem que trabalha e estuda sobre feridas, incontinências e estomias. Nesse momento, a Especialização encontra-se no módulo de Incontinência e o intuito é que os alunos e profissionais envolvidos possam contribuir para benefício da população, além de desenvolver as habilidades aprendidas.
“Convidamos profissionais renomadas, entre elas a enfermeira e professora Gisela Assis, do Instituto Fluir, que trabalha na prevenção e tratamento das Disfunções Pélvicas, para capacitação dos nossos profissionais, tanto do interior quanto da capital. Qual de fato é o grande problema atual, em relação a incontinência urinária? A desinformação e a falta de diálogo sobre a temática. Perder xixi não é normal e, de maneira geral, mulheres acham que sim”.
Segundo a professora, a musculatura que sustenta a bexiga é a mesma que sustenta o útero e essa musculatura fica frouxa conforme o passar dos anos, mas isso não significa que apenas mulheres mais velhas vivenciem o problema, a doença atinge diferentes faixas etárias. Além disso, ela destaca a diferença entre Incontinência urinária de esforço, caracterizada pela perda involuntária de urina durante esforço, prática de exercício, ao tossir ou espirrar e a Incontinência urinária de urgência, que é a perda de urina precedida de urgência miccional.
“O intuito é manter o acompanhamento dessas mulheres que estão sendo atendidas entre hoje e amanhã, dia 02 de setembro. Já estamos montando um ambulatório de Incontinência no Hospital Getúlio Vargas, ambulatório azul, já contamos com uma sala de estomaterapia. O atendimento dessas pessoas e a capacitação dos profissionais reitera o papel da universidade na tríade ensino, pesquisa e extensão”, finaliza Sandra Marina.
Maria Telma Lima, de 66 anos, é uma das inúmeras mulheres atendidas na ação. Para ela, que convive com o problema há cerca de 5 anos, atendimentos de qualidade e gratuitos fazem toda a diferença na melhoria da qualidade de vida. “Eu estava me arrumando hoje pela manhã e vi na TV uma entrevista da doutora sobre incontinência urinária. Tenho esse problema, mas nunca consegui tratamento. Além do constrangimento de passar por isso em situações públicas, é difícil encontrar tratamentos que não recorram a cirurgia, isso torna tudo mais complicado. Apesar de me cuidar ainda preciso de tratamento, logo que vi a matéria corri para ser atendida. Essa ação faz toda a diferença”.
Para Gisela Assis, fundadora do Instituto Fluir e parceira na ação e capacitação, é importante mostrar para a população que não é normal perder urina e que existem medidas fáceis para resolver e capacitar enfermeiros para fazer o melhor, através da primeira linha de tratamento que são as modificações comportamentais e o treinamento da musculatura.
“O sistema de saúde hoje, no Brasil, não utiliza a primeira linha de tratamento. Então, a recomendação no mundo, por todas as diretrizes, é que a pessoa que perde urina treine o assoalho pélvico, com exercício simples, além de mudar hábitos prejudiciais adquiridos ao longo da vida. A primeira linha de tratamento resolve quase que 80% dos casos e no Brasil não existe esse tratamento. Se a pessoa sofre com incontinência urinária e procura o serviço de saúde ela é encaminhada para uma cirurgia que não tem necessidade”.
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Ipec (Inteligência e Pesquisa e Consultoria), sob encomenda da Bigfral, empresa especializada em produtos para incontinência urinária, com cerca de 2.000 pessoas aponta que 30% da população brasileira sofre com incontinência urinária. As mulheres são a maioria, somando 68%.
A enfermeira e monitora da Pós-Graduação em Fisioterapia da UESPI, Edimária Carvalho, ressalta a importância da ação realizada. “A pós-graduação está trazendo essas possibilidades de darmos tratamento a essas pessoas, pacientes que perdem xixi e possuem disfunção do assoalho péssimo, não somente na incontinência urinaria, mas também nessa parte de tensão, tensão muscular, dor na relação sexual e pacientes que possuem histórico de incontinência, que podemos oferecer o tratamento adequado”.
Como agendar a consulta?
As consultas estão sendo realizadas na Faculdade de Ciências Médicas (FACIME/UESPI) localizada na R. Olavo Bilac, 2335 – Centro (Sul), Teresina – PI, 64001-280.
É necessário que os interessados procurem a disponibilidade de vagas de forma online, através do WhatsApp: (86) 9 8876-1655