Por Roger Cunha
A Universidade Estadual do Piauí (UESPI) promoveu o 1º Simpósio dos Programas de Residências Multiprofissionais, no auditório do NEAD. O evento reuniu residentes, preceptores, docentes e gestores da saúde para debater práticas interdisciplinares e os desafios da formação multiprofissional .

UESPI realiza 1º Simpósio de Residências Multiprofissionais com foco em integração e prática
O simpósio teve como foco a integração entre diferentes áreas da saúde, como enfermagem, fisioterapia e nutrição, reforçando a importância da atuação conjunta e da formação prática. Ao longo do encontro, os residentes apresentaram trabalhos, pesquisas e projetos desenvolvidos durante a residência, promovendo a troca de experiências entre teoria e prática.
Entre os programas apresentados, destaque para a Residência Multiprofissional em Saúde Mental e Atenção Psicossocial, liderada pelo Prof. Dr. Emanoel Lima. Segundo ele, o programa é fundamental para especializar profissionais em saúde mental, frente aos números alarmantes de sofrimento mental no Piauí e no Brasil. “Nos últimos anos, o afastamento do trabalho via INSS por questões de saúde mental tem sido a segunda maior causa de afastamento”, explicou o professor.

UESPI realiza 1º Simpósio de Residências Multiprofissionais com foco em integração e prática
O Prof. Dr. Emanoel Lima destacou que o programa é ancorado na reforma psiquiátrica e na luta antimanicomial, priorizando o cuidado em liberdade, a inserção social e a desconstrução de estigmas relacionados a pessoas com transtornos mentais severos e persistentes. Além disso, o programa sensibiliza os residentes para acolher diferentes populações vulneráveis, incluindo a população negra, as classes populares e pessoas afetadas por questões de gênero.
Os residentes atuam diretamente em Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), unidades básicas de saúde, serviços residenciais terapêuticos e na gestão dos serviços, fortalecendo a formação prática e a integração entre teoria e serviço. Conforme o professor, a residência “produz mão de obra para o nosso estado mais ancorada no que o SUS precisa e naquilo que a saúde mental, ancorada na luta antimanicomial, necessita”.
O programa também orienta os residentes a considerar fatores sociais e interseccionais, como raça, gênero e condição socioeconômica, na atenção aos pacientes. Conforme o professor, a residência busca “produzir mão de obra para o estado mais ancorada no que o SUS precisa e naquilo que a saúde mental, ancorada na luta antimanicomial, necessita”.

UESPI realiza 1º Simpósio de Residências Multiprofissionais com foco em integração e prática
Os residentes compartilharam suas experiências durante o simpósio, destacando o impacto da formação multiprofissional e interdisciplinar em sua prática profissional.
Flávia Alessandra, residente em Saúde Mental, ressaltou a importância da capacitação e da aplicação prática do aprendizado: “É algo que faz a gente crescer profissionalmente, tanto para melhorar nossa prática dentro do serviço, como também nos outros campos de residência. É importante conseguir colocar tudo o que a gente aprende em prática, e aplicar a teoria que estudamos”.
Jadison Serra, do Programa de Saúde da Família, destacou a integração promovida pelo evento. “A principal importância é justamente a integração. A gente está junto com todas as outras residências da UESPI, tendo acesso a conteúdo importante para todas as áreas da saúde”.
Ícaro Carvalho, da Residência em Saúde Mental, evidenciou o impacto da prática no cotidiano dos serviços. “Tem sido muito enriquecedor conhecer a realidade dos Centros de Atenção Psicossocial. A nossa residência é pautada na luta antimanicomial, trazendo mudança e atualização para os serviços de saúde”.

UESPI realiza 1º Simpósio de Residências Multiprofissionais com foco em integração e prática
Iago Herbert falou sobre a intensidade da rotina e o aprendizado diário. “A residência é muito enriquecedora. São 12 horas diárias, então aprendemos muito nos serviços de saúde do estado, tanto para a nossa formação profissional quanto para a vida pessoal.”
Ingrid Martins destacou a interdisciplinaridade e a troca de conhecimentos entre os diferentes programas. “A experiência é ótima. A residência multiprofissional permite dividir opiniões, aprender, ensinar e vivenciar a interdisciplinaridade entre as diferentes áreas. Esses eventos são importantes para unir ainda mais nossos programas de residência”.
Ao reunir residentes, preceptores e docentes de diferentes programas, o 1º Simpósio dos Programas de Residências Multiprofissionais da UESPI se consolidou como um espaço de diálogo, aprendizado e integração prática, permitindo que os profissionais em formação compartilhem experiências, aprimorem habilidades técnicas e desenvolvam uma compreensão mais ampla das necessidades da população. O evento reforça o papel da universidade não apenas como espaço de ensino, mas também como agente ativo na fortalecimento do SUS, promovendo práticas de cuidado humanizado, atenção interdisciplinar e responsabilidade social, essenciais para enfrentar os desafios da saúde pública no Piauí.