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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ

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Uma Visão Panorâmica: Das Funções do Monitor (a) de Disciplinas Universitárias e sua Relevância na Aprendizagem.

Professor Robison Pereira

A crescente complexidade do ensino superior demanda a busca por estratégias pedagógicas inovadoras que promovam a aprendizagem significativa e a inclusão dos estudantes. Nesse contexto, a figura do monitor de disciplinas universitárias emerge como um recurso valioso, capaz de contribuir significativamente para a melhoria da qualidade do ensino (BRASIL, Decreto-Lei nº 5.540, de 28 de novembro de 1968). Embora não haja um consenso absoluto sobre as atribuições e o papel do monitor, a análise da literatura, considerando autores como Frisson e Batista (2009) e seus pontos de vista gerais a partir de suas contribuições para a área de ensino superior, permite identificar um conjunto de funções cruciais e sua relevância para o processo de ensino-aprendizagem.

Uma das funções primordiais do monitor é o apoio direto ao professor. Isso envolve a colaboração na preparação de aulas, na organização de materiais didáticos e na correção de atividades. Essa atuação auxilia o docente na gestão de tempo e recursos, permitindo-lhe focar em aspectos mais estratégicos do processo de ensino, como o planejamento didático e a construção de metodologias inovadoras. A concepção de Frisson (2016) enfatiza a importância dessa colaboração para a eficácia do processo de ensino, destacando o ganho de escala e a otimização dos recursos humanos disponíveis.

Além do apoio ao professor, o monitor desempenha um papel fundamental no acompanhamento e na tutoria dos estudantes. Ele atua como um elo entre o professor e a turma, respondendo dúvidas, esclarecendo conceitos e fornecendo suporte individualizado aos alunos com dificuldades. Essa função é particularmente relevante em disciplinas com grande número de estudantes ou com alta complexidade de conteúdo, garantindo um atendimento mais personalizado e contribuindo para a redução das taxas de evasão e reprovação. A abordagem de Frisson (ibid.) destaca a importância da relação professor-monitor-aluno na formação de um ambiente de aprendizagem acolhedor e estimulante.

Outra função crucial do monitor é a mediação pedagógica. Ele pode auxiliar — não significa substituir o professor ou a professora — na dinamização das aulas, propondo atividades complementares, conduzindo debates e promovendo a interação entre os alunos. Essa atuação contribui para a construção de um ambiente de aprendizagem ativo e participativo, estimulando o desenvolvimento de habilidades cognitivas e socioemocionais dos estudantes (BELTRÁN, 1996). Além disso, Frisson (ibid.) enfatiza a importância do monitor como um agente facilitador da aprendizagem colaborativa e do desenvolvimento de competências essenciais para o sucesso acadêmico e profissional.

A pesquisa e a produção de materiais didáticos também podem ser incluídas entre as funções do monitor, especialmente em contextos de pesquisa e desenvolvimento de novas metodologias. Essa participação ativa contribui para a atualização e a melhoria contínua do processo de ensino, integrando a prática pedagógica com o avanço do conhecimento na área. A contribuição de Pessôa (2007) neste aspecto se concentra na importância da formação contínua dos monitores e na sua participação em projetos de inovação pedagógica.

Finalmente, a avaliação do processo de ensino-aprendizagem (LIBÂNEO, 1994) também faz parte das funções do monitor. Através da observação das aulas, da interação com os alunos e da análise dos resultados, o monitor pode fornecer feedback valioso ao professor, contribuindo para a melhoria contínua da qualidade do ensino. Essa função destaca a importância da avaliação como um processo cíclico e iterativo, que permite a adaptação das estratégias pedagógicas às necessidades dos estudantes.

Em suma, as funções do monitor de disciplinas universitárias são múltiplas e inter-relacionadas, contribuindo significativamente para a melhoria da qualidade do ensino superior. A atuação do monitor transcende a simples assistência ao professor, envolvendo a mediação pedagógica, o acompanhamento individualizado dos alunos e a participação ativa na avaliação — não no sentido de substituir o docente na avaliação — e na melhoria do processo de ensino-aprendizagem. A valorização e a capacitação adequada dos monitores são, portanto, essenciais para garantir a eficácia dessa importante ferramenta pedagógica e promover a formação integral dos estudantes.

Para saber mais.

BATISTA, J. B.; FRISON, L. M. B. F. Monitoria e aprendizagem colaborativa e autorregulada. In: VOOS, D.; Batista, J. B. (Orgs.). Sphaera: sobre o ensino de Matemática e de Ciências. Porto Alegre: Premier, 2009.

BELTRÁN, J. Concepto, desarrollo y tendencias actuales de la Psicología de la instrucción. In: BELTRÁN, J.; GENOVARD, E. C. (Eds.). Psicología de la instrucción: variables y procesos básicos. Madrid: Síntesis/Psicología, 1996, p. 19-86.

BRASIL. Decreto-Lei nº 5.540, de 28 de novembro de 1968. Fixa normas de organização e funcionamento do ensino superior e sua articulação com a escola média.

FRISON, L. M. B. Monitoria: uma modalidade de ensino que potencializa a aprendizagem colaborativa e autorregulada. Pró-Posições, v. 27, n. 1, 2016.

LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.

PESSÔA, J. M. Programa de monitoria como prática de formação do professor-contador: percepções e identidade. In: Anais do Simpósio brasileiro de política e administração da educação, Porto Alegre: ANPAE, 2007. Disponível em: tp://www.anpae.org.br/congressos_antigos/simposio2007/188.pdf . Acesso em: 10 de janeiro de 2025.