Por Roger Cunha
O Laboratório de Engenharia de Software (LES) da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) é um espaço que une inovação, tecnologia e sustentabilidade, desempenhando um papel estratégico na formação prática dos alunos do curso de Bacharelado em Ciência da Computação. Localizado no Campus Prof. Antônio Giovanni Alves de Sousa, em Piripiri, o LES é reconhecido pelo Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq como um núcleo de excelência em pesquisa e extensão.
O professor José Vigno Moura, um dos colaboradores do LES, destacou a versatilidade do laboratório, cuja atuação vai além do desenvolvimento de softwares. “Apesar de ser um laboratório de engenharia de software, estamos focados em diversas áreas, como o desenvolvimento de produtos e projetos relacionados, inclusive à rádio. O LES não está limitado apenas ao software, mas sim à criação de soluções integradas e inovadoras”, explicou.
Uma das principais atividades do LES é o desenvolvimento de aplicações e sistemas que atendam a diferentes demandas tecnológicas. Para isso, a disponibilidade de dispositivos variados é essencial. Segundo o professor José Vigno, os smartphones recebidos pela UESPI em uma recente doação da Receita Federal serão fundamentais para realizar testes e experimentos necessários ao desenvolvimento de aplicativos. “Você não pode criar um aplicativo e testá-lo apenas em um único aparelho. Precisamos de uma variedade de dispositivos, de diferentes marcas, como iPhones, para garantir que o aplicativo funcione em qualquer plataforma. Essa diversidade é crucial para a qualidade dos sistemas que desenvolvemos”, ressaltou.
O professor também mencionou a conexão entre diferentes projetos em andamento no LES, como o uso de baterias reaproveitadas para energizar sistemas experimentais. “A ideia é integrar esses projetos e criar um ambiente de inovação completo, onde possamos testar e aplicar soluções tecnológicas reais”, acrescentou.
Esse trabalho inovador ganhou reforço com a recente doação de materiais apreendidos pela Receita Federal. A UESPI foi contemplada com 267 itens, incluindo baterias de cigarros eletrônicos, celulares simples e smartphones, que serão destinados a diferentes áreas da instituição.
Parte dos materiais doados será integrada às atividades do LES. As 150 baterias de cigarros eletrônicos e os 100 celulares simples (conhecidos como “lanterninhas”) serão reutilizados em projetos voltados para a sustentabilidade, como sistemas de energia solar e recuperação de equipamentos antigos. Já os smartphones doados serão alocados às pró-reitorias da UESPI, dinamizando processos administrativos, comunicação interna e atendimento ao público.
O laboratório tem inovado ao desenvolver projetos que unem tecnologia e sustentabilidade. Um exemplo é o reaproveitamento de baterias de cigarros eletrônicos para substituir baterias convencionais em sistemas de energia e equipamentos obsoletos. Segundo o professor José Vigno, essas baterias, que seriam descartadas, possuem grande potencial de reutilização devido à sua semelhança com as de smartphones e notebooks modernos. “Essas baterias de lítio são recarregáveis e não podem ser simplesmente descartadas em lixões, pois são tóxicas e perigosas. Ao analisarmos as primeiras unidades recebidas, percebemos que poderiam ser usadas em sistemas como UPS ou no-breaks”, explicou.
A ideia é criar um banco de baterias com a grande quantidade recebida. “Com essas baterias, podemos formar uma super bateria, com capacidade maior do que a atual, reativando dispositivos que estariam obsoletos. Isso evita a compra de novos equipamentos e dá uma nova vida útil a componentes que seriam descartados”, destacou o professor.
Além disso, as baterias reaproveitadas também serão integradas a sistemas de energia solar. “Recebemos pequenos painéis solares e, ao utilizá-los com essas baterias, podemos criar soluções eficientes para gerenciar energia. Embora uma única bateria gere pouca corrente, um banco de baterias permite uma carga maior, suficiente para alimentar equipamentos importantes”, explicou.
A proposta do LES não apenas contribui para a sustentabilidade, evitando o descarte inadequado de materiais tóxicos, mas também promove economia e inovação tecnológica na UESPI. “Estamos não apenas dando um destino útil a essas baterias, mas também criando possibilidades de substituir essas mesmas baterias no futuro por outras mais eficientes, mantendo um ciclo sustentável”, finalizou.
O professor destacou ainda que o projeto funciona como um guarda-chuva de iniciativas que se expandem conforme os testes e implementações avançam, permitindo o desenvolvimento de tecnologias acessíveis e inovadoras, com impactos positivos tanto para o meio ambiente quanto para a sociedade.
Ele também ressaltou o compromisso do LES com a inclusão e a disseminação do conhecimento. “Uma vez concluídos, nossos projetos serão disponibilizados publicamente, permitindo que instituições, escolas e empresas os utilizem livremente. A ideia é mostrar que materiais que seriam descartados podem ter novas funções e serem aplicados em diferentes contextos”, afirmou.
Esses projetos estão alinhados a programas como o Novo Horizonte, da Receita Federal, que incentiva a reutilização de materiais apreendidos, transformando-os em ferramentas úteis para a sociedade. “Queremos desenvolver soluções que todos possam usar e aplicar, mostrando que a reutilização de materiais eletrônicos pode gerar benefícios significativos para a sociedade”, concluiu o professor.
Para mais informações sobre o LES, acesse o site https://les.prp.uespi.br/