Por: Lucas Ruthênio
A Universidade Estadual do Piauí (UESPI) tem sido palco de experiências transformadoras para os alunos de Jornalismo, que neste semestre se engajaram em dois projetos editoriais distintos, mas igualmente marcantes: o jornal O Gancho, no campus Torquato Neto (Teresina), e a revista Candieiro, no campus de Picos. Ambos os produtos são frutos do esforço coletivo, da prática intensa e da aplicação de conteúdos teóricos aprendidos em sala de aula, culminando em edições que revelam o amadurecimento acadêmico e criativo dos estudantes.
O Gancho: Imersão no Jornalismo Impresso em Teresina
No Campus Torquato Neto, os alunos do 4º período de Jornalismo enfrentaram o desafio de produzir um jornal impresso do zero. Batizado de O Gancho, o projeto integrou os aprendizados das disciplinas Comunicação e Design, ministrada por Ohana Fontenele, e Produção Textual para Mídia Impressa, sob responsabilidade da professora Samara Jericó. A proposta era clara: vivenciar o processo jornalístico de forma completa, da pauta à impressão.

Alunos do 4º período de Jornalismo da UESPI veem pela primeira vez o jornal O Gancho, produzido por eles.
Em um mundo cada vez mais digital, o trabalho com o impresso foi um reencontro com as bases clássicas da profissão. Para Maria Eduarda Marques, editora-chefe da primeira edição, a experiência exigiu outra lógica de produção: “É cansativo, mas especial. Liderar uma equipe, participar das matérias, aprender fazendo… isso muda nossa perspectiva enquanto futuros profissionais”.
A escolha das pautas foi um dos principais obstáculos enfrentados pelos alunos. “Tínhamos muitas possibilidades e pouca experiência, mas conseguimos encontrar um caminho”, relata Maria Eduarda. Uma das matérias mais impactantes foi “Envelhecer com força e voz”, que tocou a todos pela sensibilidade no tratamento do tema.
Já na segunda edição do jornal, O Gancho 2, a liderança ficou com a estudante Rayrene Braga. Segundo ela, a função de editora-chefe trouxe aprendizados inestimáveis sobre trabalho em equipe, organização editorial e revisão de conteúdo. “Mais do que ensinar, esse papel me fez observar e aprender com os outros. Cada repórter trouxe uma visão única”, afirma. Ela destaca, ainda, a matéria de Pedro Wesley sobre o apoio psicossocial da UESPI como uma das mais bem executadas da edição.

Turma do 4º período de Jornalismo da UESPI celebra a edição impressa do jornal O Gancho.
Para os docentes envolvidos, a prática editorial foi um exercício potente de formação. Ohana Fontenele observa que os alunos assumiram papéis reais em uma redação, vivenciando prazos, decisões visuais e cooperação. Já Sammara Jericó destacou a parceria interdisciplinar: “Foi uma experiência riquíssima, que uniu técnica, sensibilidade e muito profissionalismo. A diagramação ficou linda. Queremos repetir.”
Candieiro: Luz, Cultura e Design Editorial em Picos
No campus de Picos, a prática jornalística ganhou forma por meio da revista Candieiro, desenvolvida também pelos alunos do 4º período, sob orientação do professor Vinícius Coutinho, na disciplina Comunicação e Design Jornalístico. O projeto surgiu como resposta prática aos temas teóricos da disciplina, como tipografia, contraste, uso da cor, leiturabilidade e composição visual.

Estudantes de Jornalismo do campus de Picos celebram o lançamento da revista Candeeiro, produzida durante a disciplina de Design Editorial.
A temática da revista foi centrada na 7ª Semana de Comunicação da UESPI, realizada em abril de 2025. O evento serviu de base para a produção das reportagens, artigos e entrevistas presentes na publicação. Os estudantes, que também atuaram na organização da Semana, puderam experimentar um ciclo completo de cobertura editorial. “Eles estavam totalmente envolvidos com o evento. Isso fez da produção algo vivo e conectado à realidade deles”, pontua o professor Vinícius.
O nome Candieiro carrega um simbolismo regional e poético. Inspirado na oralidade nordestina e na ideia de “lançar luz” — um dos princípios do jornalismo —, o título foi escolhido democraticamente pelos estudantes. “A luz do candieiro ilumina aquilo que está invisível. É isso que a gente quer com a revista”, explica o professor.
A diagramação da revista seguiu princípios de design editorial moderno, com variações de colunas, aplicação estratégica de cores e escolha consciente das fontes. A ferramenta utilizada foi o Canva, escolhida pela acessibilidade e facilidade de uso. “Foi uma decisão acertada. A revista ficou muito boa tecnicamente e visualmente. Eles aplicaram tudo o que estudamos na prática”, celebra Vinícius.
Além dos aspectos técnicos, a produção desenvolveu habilidades humanas essenciais, como o trabalho em equipe, a tomada de decisões coletivas e a gestão de tempo. “Eles cresceram muito. Foi um processo coletivo e produtivo, do início ao fim”, acrescenta o professor, que espera tornar o projeto interdisciplinar no próximo semestre, ampliando sua dimensão formativa.
Prática, Identidade e Formação Jornalística
Ambos os projetos revelam a força do jornalismo universitário como espaço de criação, crítica e desenvolvimento profissional. São produtos distintos, com perfis editoriais e visuais diferentes, mas que compartilham uma essência comum: o compromisso com a formação ética, técnica e sensível dos futuros jornalistas da UESPI.
Enquanto O Gancho mergulha na prática jornalística cotidiana, revelando as dores e delícias de construir um jornal impresso com matérias de interesse humano e institucional, Candieiro convida à reflexão e ao cuidado visual, iluminando a produção científica e cultural dos alunos no contexto de um grande evento acadêmico.
Ambos os produtos estão em fase de finalização e revisão, com previsão de publicação nas próximas semanas. Mas já deixaram sua marca nos envolvidos. Mais do que edições impressas, representam conquistas coletivas, expressão de identidade e prova de que a universidade pública é espaço de excelência, criatividade e transformação.