Por: Lucas Ruthênio
No mês de junho, em celebração ao orgulho LGBTQIAP+, a Universidade Estadual do Piauí (UESPI), por meio do projeto CINEPSI, promoveu a exibição do filme nacional “Sem Coração”, no Auditório do NEAD, Campus Poeta Torquato Neto, em Teresina. A ação integrou a programação da universidade voltada à valorização da diversidade, da inclusão e dos direitos humanos, pilares fundamentais para a construção de um ambiente acadêmico plural e acolhedor.
O CINEPSI é uma iniciativa do curso de Psicologia que busca estimular o pensamento crítico e o debate entre os estudantes por meio da exibição de obras cinematográficas que dialogam com a realidade contemporânea. No contexto do mês do orgulho, a escolha do filme “Sem Coração” foi cuidadosamente pensada para sensibilizar a comunidade acadêmica a respeito das vivências de pessoas LGBTQIAP+, principalmente na juventude e em regiões periféricas ou interioranas.
Segundo Mariane Siqueira, integrante da organização do CINEPSI, a proposta de exibir “Sem Coração” parte do reconhecimento da potência que o cinema tem em provocar empatia e identificação. “Escolhemos o filme por ser uma produção nacional que aborda várias descobertas típicas da juventude, sendo uma delas a sexualidade. A obra traz de forma sensível e crítica a realidade vivida por muitos jovens LGBTQIAP+, especialmente em contextos de cidades pequenas, onde os dilemas e conflitos se tornam ainda mais complexos”, explicou.
A história do filme acompanha a trajetória de uma adolescente conhecida como “Sem Coração”, apelido que carrega um estigma e reflete o preconceito enfrentado por ela. Em meio às paisagens litorâneas do Nordeste brasileiro, o enredo se desenrola em torno das relações de amizade, descobertas afetivas e os desafios de assumir a própria identidade em um ambiente hostil e conservador.
Para Mariane, a escolha de filmes que tratam sobre a diversidade sexual e de gênero também é uma estratégia de psicoeducação, contribuindo para a prevenção da LGBTfobia dentro da universidade. “Ao propor especificamente esse filme, imaginamos que seria uma forma de representar e tocar pessoas que viveram e vivem situações parecidas. E, para além disso, fomentar o respeito e o reconhecimento das diversas vivências que compõem a realidade universitária”, pontuou.
A atividade também reafirma o compromisso institucional da UESPI com a defesa dos direitos humanos e da inclusão, como destacou a organização. “Essa discussão não se limita ao mês de junho. A representatividade e o debate sobre diversidade são ferramentas contínuas no processo de inclusão. E isso é algo que buscamos em todos os filmes apresentados no CINEPSI”, enfatizou Mariane.
Mais do que entretenimento, o CINEPSI busca promover espaços de diálogo e escuta. A cada sessão, estudantes são convidados a refletir sobre os temas propostos a partir de suas próprias vivências, criando um ambiente propício para trocas afetivas e intelectuais.
“O CINEPSI tem como objetivo trazer à discussão temas pertinentes para o contexto universitário por meio da exibição de filmes diversos. A escolha das obras leva em consideração a realidade dos estudantes da UESPI, que são múltiplos e plurais. Queremos que se sintam representados nas histórias e, principalmente, acolhidos para compartilharem suas próprias narrativas”, explicou Mariane.
Após a exibição do filme, foi realizado um momento de diálogo coletivo, em que os participantes puderam compartilhar suas impressões, emoções e interpretações. Essa roda de conversa é uma etapa essencial da proposta do CINEPSI. “A conversa pós-filme costuma ser um dos momentos mais enriquecedores. Mesmo que cheguemos com temas planejados para debater, os estudantes sempre trazem novas perspectivas e experiências pessoais que ampliam a análise do filme. Isso fortalece o processo de conscientização e de empatia”, afirmou Mariane.