Por Ryan Alves
Alunos do 3º período do curso de Ciências Contábeis da Universidade Estadual do Piauí transformaram teoria em prática com sensibilidade e criatividade. Com o apoio da coordenação do curso, eles encenaram a peça “Educação Financeira para Idosos: Vozes em Cena”, voltada para o público da Universidade Aberta à Terceira Idade (UNATI). O espetáculo, baseado na metodologia do Teatro do Oprimido, foi apresentado como culminância da disciplina “Atividade Curricular de Extensão I”, ministrada pelo professor Dr. Josimar Alcântara.

Apresentação da peça “Educação financeira para idosos: vozes em cena”
A peça trouxe três histórias entrelaçadas que mostram como os idosos podem ser vítimas de manipulação, golpes financeiros e abusos emocionais, muitas vezes cometidos por pessoas próximas ou por desconhecidos que se aproveitam da sua fragilidade. O objetivo foi sensibilizar o público para a importância da educação financeira como instrumento de empoderamento e proteção.
Segundo o professor Josimar Alcântara, o objetivo da peça não era apenas promover a educação financeira dentro da universidade, mas também alcançar a comunidade de forma mais ampla e que a atividade curricular tem como objetivo principal capacitar os estudantes para compreender e aplicar conceitos fundamentais de educação financeira, com foco na gestão financeira pessoal e familiar. “O uso do teatro como ferramenta de ensino é estratégico, pois permite que o conteúdo seja transmitido de forma sensível, acessível e participativa. A técnica rompe com o teatro tradicional e transforma o espectador em ‘espect-ator’, alguém que participa ativamente da cena e propõe soluções para os conflitos apresentados. Diante de uma temática tão relevante como a educação financeira, é essencial que os idosos se vejam representados, ouvidos e motivados a agir sobre sua própria realidade. O projeto estimula os alunos a vivenciarem suas relações entre o conhecimento teórico e prático sobre os diversos temas relacionados à educação financeira e aplicá-los para o público da terceira idade, considerando seu elevado grau de vulnerabilidade social.” afirmou o docente.

Discentes da UNATI assistindo a peça
Guilherme Almeida, um dos integrantes que organizou a peça teatral, relata que a ideia da apresentação surgiu da proximidade das situações retratadas no espetáculo com o cotidiano dos alunos, além da importância de levar a educação financeira aos idosos, especialmente diante das dificuldades de acesso à informação no Piauí. “Durante a pesquisa, a gente entendeu e viu que essas situações que acontecem com os idosos é algo que já aconteceu com algum familiar, ou que a gente sabe de alguma história de vizinhança, de amigo, mas que está no nosso dia a dia. Quando a gente olha para o nosso cenário piauiense, a gente vê que os idosos são os que menos têm acesso tanto à educação quanto à informação, então é muito importante a gente abordar a educação financeira para esses idosos, porque a maioria nunca tiveram acesso a essas informações, e também a gente está num contexto mundial em que a tecnologia está evoluindo cada dia mais, então para os idosos acompanharem essa mudança é um pouco mais complicado, e às vezes é importante ter um contato mais pessoal, contato mais físico para que eles consigam compreender melhor a mensagem ou então as informações, e essa é uma forma de trazer a educação financeira através do Fórum é fundamental para que o entendimento seja mais compreensível e também que tenha uma interação mais física, mais quente, mais humana com esses idosos.” relatou o discente.

Discentes durante a apresentação da peça teatral
Segundo Ducileide Santos, aluna da Universidade Aberta à Terceira Idade (UNATI), a encenação foi mais do que uma simples apresentação cultural e se transformou em uma verdadeira aula de conscientização. Para ela, a abordagem leve e próxima da realidade dos idosos facilitou o entendimento e despertou uma atenção maior para os cuidados com a vida financeira e o cotidiano. “Eu me vi em várias situações retratadas na peça. A gente, como idoso, muitas vezes confia demais nas pessoas e acaba caindo em golpes ou sendo enganado sem perceber. A peça mostrou de um jeito claro e até divertido o que pode acontecer e, mais importante, como a gente pode se proteger. Achei maravilhoso porque foi um aprendizado leve, mas que fica na cabeça, e esse tipo de atividade deveria acontecer mais vezes, porque a gente aprende, se sente valorizado, e ainda tem a chance de conversar sobre o que viu com os colegas, trocando experiências que ajudam todo mundo.” contou a discente.