Por: Lucas Ruthênio
A Universidade Estadual do Piauí (UESPI), realizou a aula inaugural do curso Técnicas de Transmissão e Narração de Futebol para Mulheres Empoderadas, projeto aprovado no Programa Institucional de Bolsas em Extensão Universitária (PIBEU), conforme o edital nº 026/2025.
Com início no dia 9 de setembro, a iniciativa busca capacitar mulheres para atuarem no jornalismo esportivo, especialmente nas áreas de narração e transmissão de partidas de futebol, espaços ainda marcados pela predominância masculina. O curso é gratuito, acontece de forma remota pela plataforma Google Meet, às terças-feiras, das 19h às 21h, e terá duas turmas: a primeira de setembro a janeiro e a segunda de fevereiro a maio.

Um espaço de formação e empoderamento
Ao apresentar o projeto, o professor Josinaldo Oliveira ressaltou que a proposta nasceu da percepção da necessidade de abrir portas para a atuação feminina no jornalismo esportivo. Ele explicou que o curso não se limita à figura da narradora, mas contempla também funções como comentarista, repórter e plantonista esportiva. Para ele, a formação técnica é indispensável para que as participantes possam avançar com segurança em um mercado que exige preparo e agilidade.
“Queremos que as alunas aprendam tanto a teoria quanto a prática e entendam que cada detalhe de uma transmissão esportiva tem um papel fundamental. A ideia é que este curso não apenas ensine, mas também inspire e dê oportunidade para que mulheres conquistem esse espaço com qualidade e profissionalismo.”
A professora Sammara Jericó, que divide a coordenação do curso, destacou que a proposta vai além da capacitação técnica. Segundo ela, trata-se de um movimento de transformação cultural e política, que busca reposicionar as mulheres dentro de um campo historicamente dominado por vozes masculinas.
“O curso abre uma porta para a entrada e permanência da mulher no mundo do esporte. Essa é uma oportunidade que não se resume a transmitir jogos, mas a ocupar um lugar de destaque, de voz e de território. É também uma afirmação de empoderamento cultural, que mira novas trajetórias dentro da comunicação esportiva.”

Aula inaugural com experiências e expectativas
A abertura contou com a participação de professoras, monitores e alunas de diferentes regiões do país. A discente de Jornalismo Rayrene Braga, que atua como monitora do projeto, destacou a importância de ter uma equipe de suporte para auxiliar as participantes ao longo da jornada. Ela ressaltou que a experiência será um momento de aprendizado coletivo, no qual as mulheres terão apoio constante para desenvolver suas habilidades.
A narradora esportiva Gil Costa, auxiliar de coordenação, chamou atenção para a importância da técnica no processo de profissionalização. Ela comparou cada exercício do curso a uma final de Copa do Mundo, destacando que é a prática diária, aliada ao aprendizado, que diferencia uma narradora preparada. Segundo ela, experiências como esta são fundamentais para que novas vozes femininas ganhem projeção tanto no Piauí quanto em outros estados.

Entre as alunas, a diversidade de perfis chamou atenção. A gaúcha Alice, de Porto Alegre, relatou que chegou ao curso motivada pela paixão pelo futebol e pela inspiração materna, já que sua mãe foi jornalista. Mesmo não tendo experiência prévia como narradora, ela viu na formação uma oportunidade de explorar novas possibilidades na comunicação esportiva.
Já a radialista baiana Emanuelle, com 25 anos de atuação no rádio, compartilhou que a vivência profissional não foi suficiente para superar os desafios técnicos da narração. Ela explicou que, em um ambiente ainda marcado pela misoginia, qualquer falha cometida por mulheres é duramente criticada, o que torna a segurança técnica uma ferramenta essencial para resistir e se consolidar no meio. Para ela, o curso representa não apenas um espaço de aprendizado, mas também de acolhimento e fortalecimento coletivo.
Reconhecimento institucional
O reitor da UESPI, professor Evandro Alberto, participou da abertura e parabenizou a iniciativa, ressaltando o caráter pioneiro da proposta dentro da universidade. Para ele, a ação demonstra o compromisso da instituição em promover inclusão e ampliar a visibilidade das mulheres em espaços de comunicação esportiva. Ele destacou que, atualmente, já existem narradoras de destaque no país que não deixam nada a desejar em relação aos homens, e que iniciativas como esta ampliam ainda mais as possibilidades de inserção.
Com atividades previstas até janeiro de 2026, o curso se consolida como um espaço de formação, acolhimento e transformação social, reafirmando o compromisso da UESPI em unir extensão universitária, capacitação técnica e empoderamento feminino.
