Por Davi Petrola
A Universidade Estadual do Piauí (UESPI) realizou, na quarta-feira, 11 de setembro, no auditório do campus de Picos Prof. Barros Araújo, o evento “UESPI Sem Assédio”, voltado à conscientização sobre assédio e violência de gênero no ambiente universitário. Organizado pelo Núcleo de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher (Nevim), em parceria com a Secretaria de Segurança Pública (SSP), o encontro teve como objetivo ampliar o diálogo sobre a prevenção dessas questões, oferecendo orientações sobre suporte às vítimas e formas de denúncia.
Especialistas como Mariana Sousa, assistente social, Vitória Sousa, psicóloga, Malena Alves, coordenadora do Nevim, e Yamona Gaspar, defensora popular, trouxeram à tona discussões sobre os diferentes tipos de assédio, destacando a necessidade de ações educativas que envolvam toda a comunidade acadêmica. A iniciativa também abordou as dificuldades enfrentadas pelas vítimas para identificar e denunciar abusos.
Conscientização nos campi da UESPI
O projeto “UESPI Sem Assédio” já percorreu outros campi da universidade, como Campo Maior e Torquato Neto, sempre com o intuito de discutir temas como feminismo, igualdade de gênero e prevenção ao assédio. Segundo Mariana Sousa, esta etapa em Picos marca o encerramento de um ciclo importante, mas o trabalho de conscientização precisa continuar. “Já passamos por diversos campi onde esses temas são menos debatidos, e agora finalizamos o projeto em Picos. No entanto, o debate deve seguir ativo em todo o estado”, afirmou.
A psicóloga Vitória Sousa ressaltou a importância de capacitar os alunos para reconhecer situações de assédio e saber como reagir. “Queremos educar sobre a prevenção e também mostrar onde as vítimas podem buscar ajuda. As pessoas precisam saber a quem recorrer”, explicou.
Ruth Vânia, acadêmica de Jornalismo e participante do evento, reforçou o impacto da iniciativa: “Eu acredito que a importância desse evento está em abordar um tema essencial, especialmente nos dias de hoje. Mesmo com tanta informação disponível, muitas pessoas ainda não sabem identificar o que é assédio. Acho que o poder dessa palestra está justamente em ampliar nosso conhecimento, ajudar a abrir nossas mentes e nos ensinar a entender melhor sobre o assunto”, comentou.
Ações preventivas e suporte
Malena Alves, coordenadora do Nevim, explicou que o núcleo atua em dois eixos principais: o enfrentamento, que envolve atendimentos psicossociais e jurídicos às vítimas, e a prevenção, com ações educativas. “Nosso trabalho é conscientizar a comunidade universitária sobre o que caracteriza o assédio e como evitá-lo. Muitas mulheres não identificam comportamentos abusivos, o que faz com que não denunciem, seja por medo ou desconhecimento”, disse Malena.
Ela também enfatizou a importância de um núcleo especializado como o Nevim para oferecer apoio psicológico e jurídico às vítimas. “Estamos aqui para garantir que as vítimas não se sintam desamparadas. É fundamental que elas saibam que não estão sozinhas nessa luta”, acrescentou.
Beel da Silva, professora mestranda em sociologia e secretária do conselho da mulher de Picos, também participou do evento, trazendo uma perspectiva sobre as dinâmicas de poder e desigualdade que permeiam o assédio no ambiente acadêmico. “Precisamos entender o assédio como uma questão estrutural, enraizada nas relações de poder que se manifestam tanto dentro quanto fora da universidade. Promover debates como este é crucial para transformar a cultura institucional”, ressaltou Beel.
Desafios e impactos do assédio
Yamona Gaspar, defensora popular, reforçou a necessidade de reconhecer diferentes formas de assédio, como moral, sexual, psicológico e virtual, e alertou para os impactos na vida acadêmica das vítimas. “Muitas vezes, a pressão psicológica e os danos à imagem fazem com que as pessoas se afastem do ambiente universitário. É crucial que o assédio seja identificado o quanto antes, para que a vítima possa buscar o suporte necessário”, afirmou Yamona.
O evento em Picos encerra a primeira fase do projeto “UESPI Sem Assédio”, que percorreu diferentes campi da UESPI. Entretanto, as organizadoras deixaram claro que o trabalho de conscientização e enfrentamento ao assédio continuará sendo uma prioridade dentro da universidade, visando garantir que mais estudantes e profissionais estejam preparados para lidar com essas situações. “Nosso compromisso é que esse debate siga vivo, e que todos sintam que têm o apoio necessário para denunciar e enfrentar o assédio”, concluiu Malena Alves.