Por Anny Santos
A Universidade Estadual do Piauí (UESPI), através do projeto de extensão “Multiculturalismos e Direitos Humanos: fatos, fotos e versões“, realizou uma ação nos dias 09 e 10 de abril, que buscou promover o diálogo entre as comunidades quilombolas, a sociedade civil e a Universidade, na comunidade quilombola Custaneira no município de Paquetá, semiárido piauiense.
O projeto tem como coordenador o prof. Dr. Luciano Figueirêdo, que já trabalha a alguns anos em conjunto com comunidades quilombolas e indígenas. Ele, juntamente com a profa. Dra. Janaína Aragão, são os organizadores e coordenadores do Grupo de Pesquisa Dinâmicas Socioambientais, Cultura e Desenvolvimento Semiárido, vinculado a UESPI.
Segundo o prof. Dr. Evandro Alberto, reitor da UESPI, o projeto possui grande envergadura e a UESPI se mantém presente, desenvolvendo ações que são benéficas para a comunidade quilombola e para a comunidade acadêmica. “Esse projeto empondera a comunidade Custaneira, que tem o Naldinho como líder comunitário, para poder conduzir dinâmicas internas e externas assegurando os seus direitos. Trabalhamos com a linha de direitos humanos, de forma que estivemos presentes falando a respeito do enfrentamento da violência contra mulher com dinâmicas e palestras. Além disso, houve debates sobre temas como territórios, terras, direitos e garantias”, ressalta.
A ação realizada contou com a presença de alunos e professores colaboradores, onde o apoio mútuo e o vínculo, entre as comunidades quilombolas e a Universidade, foram aspectos basilares para se compreender como as comunidades quilombolas vivenciam os Direitos Humanos diariamente em suas múltiplas expressões, e dessa maneira, auxilia-los com trocas, através de palestras, minicursos e até mesmo com a confecção de cartas políticas.
De acordo com a profa. Dra. Juliana Maia, colaboradora do projeto, os debates são resultados de diálogos que já aconteciam de forma remota, em aulas, e os alunos colaboradores do projeto, puderam expor e exercer as atividades na comunidade. “O que discutimos aqui é de suma importância, pois promove a integração entre universidade e comunidade”, ressalta.
A pauta das garantias básicas relaciona-se ao gradativo reconhecimento dos direitos humanos como balizador de programas, ações de governos e de comportamentos da sociedade, tendo como desdobramentos a colocação do tema em diferentes arenas de discussões multidisciplinares de governos e da sociedade civil.
Elinalva Sousa, estudante do curso de Jornalismo e jovem quilombola da comunidade de Canabrava, destaca que participar do projeto proporciona a possibilidade de representar a sua comunidade com sentimento de gratificação. “Sempre sonhei em ser jornalista. É gratificante poder levar minha comunidade comigo, em todos os aspectos, e representa-la. Tenho orgulho de estar na universidade e poder dizer que sou quilombola”, pontua.
O Objetivo é discutir os Direitos Humanos na perspectiva do multiculturalismo na comunidade quilombola e identificar práticas e situações cotidianas aos Direitos Humanos vividas na comunidade e divulgar as demandas da comunidade na esfera da multiculturalidade e diversidade, fortalecendo uma cultura plural que contemple e respeite o multiculturalismo e a diversidade.
Para Antonia Marina Oliveira, estudante do curso de Direito, campus de Picos, a experiência foi marcante e proporcionou novos aprendizados. “Ter visitado, conhecido pessoas e uma cultura tão rica, foi primordial para o meu desenvolvimento como ser humano. Foi um aprendizado que em milhares de leituras eu não poderia captar. Acredito que todos deveriam conhecer as comunidades, as pessoas e participar dos momentos culturais. Inclusive, esperamos voltar em breve e agora com o VI Encontro de Casas de Terreiro Quilombolas do Piauí, que acontecerá nos dias 10, 11 e 12 de junho, e convidados a todos a irem e participarem do evento”, finaliza.